Este romance publicado pela Gradiva de Ayelet Gundar-Goshen, autora israelita nascida em 1982 – psicóloga, docente universitária, argumentista, e que já trabalhou como jornalista e editora – corre o risco de passar despercebido. Talvez porque não cheira a laranjas ou a pêssegos, como as suas personagens. Mas exalam destas páginas uma exuberância e um encanto, inclusivamente na criatividade e na poesia da linguagem, que lembram a pujança do realismo mágico.
Nas vésperas da Segunda Guerra, Markovitch e o seu amigo Feinberg partem de Israel num barco com 20 homens, rumo à Europa, onde casarão 20 jovens mulheres judias, de forma a lhes conseguir um salvo-conduto e emigrar para Israel.
É um romance fundamentado na História com a força mítica da alegoria, onde se narra a história de Israel através do seu povo, com personagens quase sempre isoladas na sua diferença e no seu amor assolapado por alguma causa ou por alguém. Realismo mágico? Nem por isso. Mas disso falarei depois melhor. Ver artigo
Será finalmente publicada em Portugal no próximo dia 22 de Setembro a obra autobiográfica de Maya Angelou, com tradução de Tânia Ganho e posfácio de Diana V. Almeida Ver artigo
Um retrato cruel da fundação da América, nos anos 50 do século XIX, que recebeu o Prémio Costa para Melhor Livro do Ano (sendo a segunda vez que o autor vence este prémio). Publicado pela Bertrand.
A linguagem é singular, num registo muito próximo da oralidade e de um certo falar da época, com um humor bem doseado, conforme Thomas McNulty recorda na primeira pessoa, por volta dos seus cinquenta anos, os acontecimentos que viveu enquanto soldado, depois de ter começado como dançarina (sim, dançarina) por volta dos seus quinze anos de idade, sempre na companhia do seu amante e depois companheiro de armas John Cole.
«Não pensávamos no tempo como algo que pudesse ter um fim, era como se fosse continuar para sempre, tudo repousava e se interrompia naquele momento. É difícil explicar o que quero dizer com isto. Olhamos para trás, para todos os anos intermináveis em que nunca tivemos essa ideia. É o que faço agora, ao escrever estas palavras no Tennessee. Penso nos dias sem fim da minha vida. E agora não é assim. Pergunto-me que palavras dissemos tão descuidadamente naquela noite, que tolices vigorosas proferimos, que gritos bêbedos soltámos, que estúpida alegria havia em tudo aquilo. E o John Cole, como era jovem e mais bonito do que qualquer pessoa que alguma vez pisou a Terra. Jovem, e isso nunca mudaria. O coração cheio, a alma a cantar. Plenamente vivo na vida e feliz como as andorinhas sob os beirais da casa.» (p. 43)
Os autores irlandeses estão efectivamente na moda, e os livros de Sebastian Barry (nascido em Dublin em 1955) estão invariavelmente nas listas de prémios anglófonos como vencedor ou finalista.
Não li outros livros do autor (ainda) mas a linguagem, bela sem ser pretensiosa, alia-se a uma magnífica história. Ver artigo
O céu que nos protege, Paul Bowles
Paul Bowles nasceu em Nova Iorque em 1910 mas viveu grande parte da sua vida em Tânger, local que visitou pela primeira vez em 1931. Conheceu a escritora Jane Auer em 1937, com quem teve um casamento aberto (eram ambos bissexuais). Foi compositor, tradutor, professor de literatura, e escritor: contos, romances, viagens. A sua casa em Tânger, onde viveu durante 52 anos, e que apenas deixava quando ía até ao Sri Lanka, onde possuía outra casa, foi frequentada por figuras proeminentes da literatura como Gore Vidal (que aliás escreveu um romance protagonizado por ele) e Truman Capote.
O céu que nos protege é o quarto livro de Paul Bowles publicado na série «Viagens» da Quetzal, especialmente dedicada a este autor, e é o seu primeiro e grande romance, escrito em grande parte no deserto. Fortemente autobiográfico, pelo cenário do deserto, pela relação aberta do casal aqui retratado, Port e a mulher Kit, pela forte relação que o leitor pode estabelecer entre autor e personagem.
Aquilo que pode parecer a história de um casal à deriva no deserto do Sahara (onde o céu parece por vezes ser tudo o que existe e se pode tornar opressivo), por caminhos estranhos a um turismo mais convencional, e onde os outros poucos turistas que Port e Kit encontram são sempre descritos de forma extremamente caricata, subtil e gradualmente converte-se numa narrativa onde, mesmo quando tudo corre mal, a sobrevivência nunca é o instinto básico das personagens mas sim a fuga como escape. Se por um lado Port quer viajar como alguém que vive sem ter onde regressar, ao contrário de um turista ocasional, por outro nunca encontra paz no destino a que chega: «A felicidade, se é que ainda havia alguma, existia noutro lugar» (p. 59). E mesmo quando velada, é perceptível uma crítica à cultura e ao outro.
As relações entre este romance e a literatura de viagens são portanto bastante enganosas pois o passeio do turista que quer conhecer a alteridade para rapidamente desejar voltar ao conforto do familiar, converte-se aqui em desejo de fuga levado ao limite, numa viagem sem regresso. As premonições de Kit são aliás um presságio de que este livro, apesar do título, tem que ser sempre lido como um manto negro de noite que protege uma verdade inquietante: «Havia dias em que ao acordar, sentia o destino pairando sobre a cabeça como uma nuvem baixa, carregada de chuva.» (p. 45).
O livro foi adaptado ao cinema por Bernardo Bertolucci e interpretado por John Malkovich e Debra Winger, com música de Ryuichi Sakamoto. Ver artigo
Ungulani Ba Ka Khosa, muito pouco falado em Portugal, onde apenas existem duas obras publicadas (uma delas esgotada) é dos escritores moçambicanos mais reconhecidos da sua geração. Francisco Esaú Cossa nasceu a 1 de Agosto de 1957 em Inhaminga, na província de Sofala, membro da tribo étnica Tsonga e falante da língua Tsonga, e adoptou como “pseudónimo” o seu nome Tsonga. Formado em Direito e em Ensino de História e Geografia, exerce actualmente as funções de director do Instituto Nacional do Livro e do Disco. É membro e secretário-geral da Associação dos Escritores Moçambicanos.
A sua primeira obra, Ualalapi (1987), obteve o Grande Prémio de Ficção Moçambicana em 1990 e foi considerada uma das 100 melhores obras africanas de ficção do século XX.
Os sobreviventes da Noite (2005) foi vencedor do prémio José Craveirinha de Literatura em 2007 e trata a história mais recente após a independência declarada em 25 de Junho de 1975, durante o período da guerra civil moçambicana.
O autor explora uma realidade histórica mais recente, mas nem por isso menos problemática, que é a da guerra civil moçambicana pós-independência, abordando particularmente o recrutamento de crianças-soldado e de concubinas-criança.
Numa narrativa aparentemente desconexa, onde o presente da enunciação, de um tempo morto em que nada parece acontecer, é constantemente interrompido por recuos a propósito da entrada em cena de alguma personagem, o que logo cria uma justificativa para se introduzir a sua história. Além disso, há extensas falas de personagens completamente inseridas no discurso do narrador, em que os seus testemunhos em discurso directo são apropriados no seio do discurso indirecto do narrador.
Este tempo de angústia corresponde ao que muitas vezes se vivia em espaços como estes acampamentos de guerra, onde muito do tempo que aí se passava era de espera e de desespero, mesmo que se cumprisse uma rotina.
A narrativa consiste em 6 capítulos não identificados e centra-se em quatro jovens soldados: Severino, Penete, António Boca e José Sabonete, os «sujeitos encarregues de mudar a História» (p. 27).
A guerra é sempre considerada como «sem sentido», «sem razão, e «sem lógica». Todavia, isso não impede que esta guerra se tenha tornado orgânica: «a guerra tornara-se já, no espírito de Severino, António, Penete, João, Francisco e outros, algo de orgânico. Ela circulava no corpo com a mesma naturalidade com que o sangue percorre as veias. E ela tinha que ser alimentada, nutrida.» (p. 32). Ver artigo
Comunicado da Editorial Presença:
«PUBLICADO A 12 DE SETEMBRO DE 2017
Novo romance de Ken Follett num regresso ao universo de Os Pilares da Terra e de Um Mundo Sem Fim Ver artigo
Bruno Vieira Amaral estudou História Contemporânea, é crítico literário, ensaísta, vencedor do Prémio José Saramago, entre outros, com o seu primeiro romance, As Primeiras Coisas (2013), e foi nomeado em 2016 como Uma das Dez Novas Vozes da Europa.
Embora o mote do romance seja apurar a verdade por trás do assassínio do primo João Jorge, morto no bairro em que ambos viviam na década de 80, essa sua investigação rapidamente se impõe como «estratégia de recuperação e construção da sua própria memória». Alerta o narrador logo na primeira frase do romance, «Para mim, João Jorge nasceu na noite em que o mataram», para a génese de uma personagem e de uma obra criadas em torno do que sobeja do real.
Ao jeito de O Delfim, em parte romance policial, com recurso às mais diversas fontes – testemunhos, arquivos judiciais, notícias da época –, em parte teoria da escrita do próprio romance, com constantes citações e referências literárias – o próprio título da obra é uma citação bíblica –, Hoje estarás comigo no Paraíso é um magnífico exercício de reescrita do passado, onde o autor põe a nu (ou assim o faz entender) o seu método de pesquisa ou a forma como conduziu a investigação, se convoca para o texto, pois o narrador é claramente associado ao próprio autor, e conforme nos narra episódios da sua infância e juventude, evocados por associação directa no decurso da sua procura pela verdade, traça ainda uma história da sua família, da vida num bairro da margem sul, e da Angola antes da independência, sem qualquer pudor em apresentar um mundo inteiramente marginal, logo ali ao lado da metrópole, como alguns autores brasileiros tantas vezes procuram fazer, de modo a retratar uma realidade crua, violenta, visceral, que está para além da fantasia telenovelística. Ver artigo
Depois de um ano de 2016 particularmente generoso para Amos Oz, o escritor israelita mais lido no mundo, com a estreia no cinema da adaptação de Uma História de Amor e Trevas e com os prémios com que Judas foi distinguido, a Dom Quixote lança este conjunto de oito narrativas breves mas interligadas onde as personagens principais de uma história podem depois aparecer breve e indirectamente retratadas noutra.
O autor regressa ao espaço onde começou a escrever, fazendo de um kibutz (uma comunidade em Israel baseada no trabalho colectivo e na assistência mútua) durante os anos 50 a verdadeira personagem principal deste livro. As narrativas entretecem-se de modo a retratar a realidade múltipla e complexa de um espaço que se quer uno e uniforme onde, apesar de se viver numa comunidade fechada e essencialmente colaborativa, a solidão é ainda assim uma constante aparente no seio das várias personagens que deambulam nestas páginas.
Apesar de o livro tomar o título a partir de uma das histórias do livro, é na narrativa seguinte, sobre o jovem Moshe e o seu trabalho num galinheiro, que melhor se pressente alguma intenção crítica do autor em relação à descrição da vida no kibutz, onde se parece estabelecer uma comparação indirecta entre as galinhas presas nas gaiolas e os habitantes de um espaço fechado como o kibutz: «nunca houve nem haverá entre as galinhas duas exactamente iguais. A nós pareciam-nos todas iguais, mas elas diferem umas das outras tal e qual os seres humanos pois, desde a criação do mundo, ainda não nasceram duas criaturas perfeitamente iguais. No seu íntimo, Moshe já decidira que um dia seria vegetariano e talvez até vegan, mas resolvera adiar a concretização da decisão, porwque não é fácil ser vegetariano na companhia dos jovens do kibutz» (p. 66). As experiências pessoais parecem assim anular-se à sombra de um sonho colectivo, onde é inevitável abdicar da liberdade, pois querer vincar a nossa vontade só pode ser um acto egoísta.
A própria diversidade de pontos de vista, de uma narrativa e de uma personagem para outra, permite complexificar a problemática do kibutz e da ideologia que representa, sendo que o seu futuro parece aliás ameaçado: «Daqui a vinte ou trinta anos os kibutzes não serão mais que bairros ajardinados e os seus habitantes proprietários de casas satisfeitos.» (p. 161). Ver artigo
O que ao início pode lembrar a atmosfera mágica sul-americana, com visitas a videntes e a cartomantes, rapidamente se impõe como uma narrativa brutal e fria, hiper-realista, mais próxima do 2666 de Roberto Bolaño e do seu quarto livro relativo ao femícidio. Selva Almada rejeita as premonições de um García Márquez em Crónica de uma Morte Anunciada, pois estas jovens são sempre colhidas na flor da vida num dia perfeitamente banal, em que nada fazia prever a tragédia que lhes sucede, e lança-se num inquérito em torno de três assassínios, de entre centenas que nem chegam a ser noticiados, de três raparigas, ainda quase meninas, no interior da Argentina na década de 80. Sente-se ainda como esta obra evidencia uma transição de um país onde se podia ter uma infância relativamente segura e inocente para uma nação que apesar de ter assistido a um regresso da democracia se torna cada vez menos segura, pelo menos para as mulheres.
«Estamos no verão e está calor, quase como naquela manhã de 16 de novembro de 1986 quando, de certo modo, este livro começou a ser escrito, quando a rapariga morta se atravessou no meu caminho. Agora tenho quarenta anos e, ao contrário dela e de milhares de mulheres assassinadas no nosso país desde então, continuo viva. É só uma questão de sorte.» (p. 184)
Obra singular que se inscreve no género de romance de não-ficção, ao estilo de Truman Capote, a autora narra a partir de um tempo presente os trilhos que percorre durante a sua investigação, movendo-se por uma sociedade pobre, onde é mais fácil a justiça se mostrar esquecida. A sua voz perde-se quase sempre entre a dos testemunhos recolhidos, apresentados sem qualquer distinção gráfica, e das histórias lembradas. Reina por vezes a hipótese mais do que a certeza, pois Selva Almada enquanto reúne depoimentos e descreve o seu percurso ao longo da sua investigação não resiste, enquanto romancista, a tecer caminhos fictícios para o que poderá ter acontecido.
Uma especial nota para a fantástica capa, nomeadamente pelo pormenor da horizontalidade da jovem retratada a partir de costas, dando conta do anonimato da grande maioria destes homícidios de jovens raparigas. Ver artigo
Cora é uma jovem escrava que nasceu numa plantação de algodão e apesar de nunca o ter ponderado é confrontada com a possibilidade de escolha quando Caesar lhe propõe fugir. Cora diz que não à primeira, sendo essa recusa automática a voz da avó dela, Ajarry, a falar em si. Lemos depois como Ajarry viu o mar pela primeira vez, quando é levada para as masmorras onde mulheres e crianças raptadas nas aldeias de África esperavam pelos barcos que as levariam para as Américas. Durante o seu percurso Ajarry será vendida por várias vezes, passando de uns negreiros para outros; tenta matar-se por duas vezes, na travessia do Atlântico; é marcada por várias vezes, como uma peça de gado; e o seu preço vai flutuando ao sabor do mercado, até porque há excesso de raparigas na altura, até ser vendida por duzentos e noventa e dois dólares.
Três semanas mais tarde, quando Caesar lhe volta a falar num caminho de fuga Cora acaba por dizer que sim, e dessa vez sente que é a voz da mãe, Mabel, a falar por ela, a única escrava que terá conseguido fugir da plantação.
Cora é uma personagem intrigante. Se ao início julgamos que é louca, como os restantes escravos a consideram, assistimos depois a um crescendo da personagem. Cora aliás percebe claramente a verdadeira razão por trás do convite de Caesar para o acompanhar na sua fuga: «- Achas que sou uma sortuda encantadora porque a Mabel fugiu. Mas não sou. Já me viste. Já viste aquilo que nos acontece quando temos ideias na cabeça.» (p. 64).
Cora guarda rancor à mãe que para poder fugir a terá abandonado aos dez ou onze anos (pois todos sabem que os pretos não faziam anos, simplesmente escolhiam um dia para celebrar o seu aniversário) e procura agarrar-se à única coisa que tem: um pedaço de terra de três metros quadrados onde a avó cultivava nabos e inhames. Ver artigo
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