Escrito em 1961, este é um romance belo, melancólico, perturbante, em que se realiza uma meditação sobre a sexualidade e a morte.
Eguchi é um senhor que ouve falar numa casa de prazer para «clientes no inativo», o que não é de todo o seu caso, como a personagem constantemente lembra o leitor, apesar de a narração ser feita na terceira pessoa, mas realizada a partir da corrente de consciência e da focalização do próprio Eguchi.
«O velho Eguchi, ao longo dos seus sessenta e sete anos de vida, tinha conhecido, evidentemente, noites bastante desagradáveis com mulheres. (…) Eguchi não sentia nenhuma vontade, com a idade que tinha, de experimentar uma nova sensação desagradável com uma mulher.» (p. 19)
Mas apesar de haver memórias indeléveis, Eguchi apenas parece lembrar boas recordações das mulheres que passaram pela sua vida, enquanto dá por si a entrar naquela casa, primeiro por curiosidade, depois por uma ânsia cada vez maior que não chega nunca a ser sexual.
As belas adormecidas são como «bonecas vivas»: «tinham feito dela um brinquedo vivo a fim de evitar qualquer sentimento de vergonha a velhotes que já nada tinham de homens.» (p. 25)
Durante o seu sono profundo, Eguchi pode observar estas jovens virgens, que serão quatro, uma por capítulo, ao longo das suas quatro espaçadas visitas a essa Casa, belas inconscientes que cheiram ainda literalmente a leite, pois são postas a dormir durante toda a noite, sem haver o risco de acordarem e testemunharem a companhia dos velhos que as procuram para as mirar ou dormir a seu lado.
A Casa das Belas Adormecidas inspirou Gabriel García Márquez, com o seu Memória das Minhas Putas Tristes.
Nascido em Osaka, em 1899, ficou órfão aos dois anos de idade. Formou-se em Letras pela Universidade Imperial de Tóquio, em 1924, e publicou o seu primeiro livro em 1927.
Yasunari Kawabata foi Prémio Nobel da Literatura em 1968. Suicidou-se em 1972, com 72 anos.
As suas obras mais populares estão publicadas pela Dom Quixote.
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