Fecha-se um ciclo na minha vida com o final desta leitura. Não me marcou tanto como uma certa obra, mas é um romance mágico. Romance de formação, de aprendizagem da vida, pois acredito que os 7 anos que Hans vive no sanatório condensam também a história do mundo, nessa montanha mágica que tem tanto de Olimpo como de descida ao Inferno, onde Settembrini faz de Virgílio, o seu guia e mentor, que o leva a descobrir um pouco da história da humanidade e do conhecimento, num período de tensão como se adivinha já nas discussões com Nafta, prenunciando o estalar da guerra e do confronto extremo de ideologias, que rasgam definitivamente o véu da ilusão e provocam o bruto despertar para a realidade de que Hans fugia, vivendo no sanatório como quem vive um sonho, e à qual por fim regressa de forma corajosa, já não como sonhador ou diletante, mas como guerreiro de sentido estóico perante a vida, perante a morte, enfrentando a morte e o caos com uma canção nos lábios. Da astrologia, astronomia, a dois ou três temas que me são caros, como a literatura, a música e o espiritismo, tudo é coberto pela sede de conhecimento e pelas experiências que Hans bebe de forma voluntariosa. Um livro que demorou 12 anos a escrever, dividido em 7 capítulos que curiosamente narram 7 anos (baseados em parte na permanência de Mann num sanatório por 3 semanas, tal como Hans pensava ir por 3 meses), se bem que não há qualquer correspondência entre capítulos e anos, ou entre o devir temporal da vida e a narrativa, pois se o primeiro capítulo cobre basicamente a chegada do jovem à montanha, outros capítulos condensam anos inteiros. pois o tempo parece uma espiral, dilema que Hans resolve abandonando relógios e calendários, pois querer medir o tempo afigura-se tão impossível como encontrar o caminho de regresso no meio da tempestade de neve em que anda em círculos. Acho que ninguém sai incólume deste romance, tal como Hans quando regressa transformado à planície… mas certamente que para melhor.
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