
Encontrei finalmente coragem e tempo para me aventurar nesta viagem no tempo, um livro que vai já na sua 17.ª edição, com mais de 46 000 exemplares vendidos em Portugal, apenas para descobrir que esta leitura é verdadeiramente viciante e aprazível. Além da erudição do autor, estas páginas estão repletas de uma fina ironia e um saudável humor sobre o percurso da Humanidade. Yuval Noah Harari não tem pejo em contestar conhecimentos e ideias que se possam ter instituído como verdades científicas sobre a vida, o homem, e o seu papel no mundo. Historiador, investigador e professor de História do Mundo na Universidade Hebraica de Jerusalém, uma das melhores no mundo, Yuval Noah Harari (com 3 obras publicadas pela Elsinore) leva-nos a pensar como aquilo que se entende como evolução pode ter sido uma regressão, e não se coíbe de julgar o homem como um macaco cujos saltos evolutivos que nos transformaram em deuses foram também letais para o mundo e para as outras espécies com que o partilhamos, extinguindo desde o início dos tempos centenas de espécies, até porque a história da humanidade é ainda bastante recente e os poucos milénios que distam entre a Revolução Agrícola – que serviu sobretudo para nos prender e escravizar sob o jugo da roda do tempo – e os impérios e cidades que se foram alastrando não foram suficientes para permitir a «evolução de um instinto de cooperação em massa» (p. 128), pelo que ainda hoje pode parecer contraprodutivo vivermos num pequeno espaço enquanto não aprendermos verdadeiramente a viver em sociedade e quando o fazemos é porque seguimos mitos, como a igreja ou o Estado, que têm muito pouco de credíveis.
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