Depois de ter lido Siddartha e Narciso e Goldmundo chega a vez da obra publicada em 1943 que terá valido em definitivo o Nobel a este autor em 1946 e que Thomas Mann descreveu como sendo um livro sublime.
Depois de uma introdução um pouco mais densa sobre em que consiste o jogo das contas de vidro – como que uma ordem de aprendizes que procuram aliar a música a outras disciplinas, como a matemática em exercícios de perícia e abstração mental, o livro acompanha a vida escolar de Joseph Knecht – José Servo -, um jovem órfão adoptado pela administração do ensino e de quem pouco se sabe, a quem é dada uma oportunidade concedida apenas a alguns eleitos: dada a destreza musical que exibe e que chama a atenção – sem que ele o perceba – do seu professor e depois de um Mestre de Música que o visita intencionalmente para averiguar se é merecedor de continuar os estudos numa escola de elite. Mas mais tarde, nos seus dezassete anos, sente-se seduzido por um colega que pertence à “ordem secular”, um jovem laico que apenas estuda naquele local por ser de famílias importantes e que contesta abertamente em prelecções espontâneas os mais “escolásticos”, os que irão permanecer fechados na sua ordem intelectual, que tem algo aliás de ordem espiritual – sendo a meditação uma das disciplinas – a prosseguir estudos, por vezes em exercícios intelectuais estéreis e que não interessam a ninguém. Joseph dedicar-se-á como outros eleitos à procura do saber e do conhecimento absoluto, chegando a tornar-se chefe supremo da comunidade, o Mestre do Jogo de Contas, Ludi Magister Josephus III, mas a certa altura acabará por perceber que é insustentável a contradição e tensão entre o mundo exterior, sempre imóvel, e o mundo fechado em que ele e os seus irmãos se escudam.
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