Um retrato cruel da fundação da América, nos anos 50 do século XIX, que recebeu o Prémio Costa para Melhor Livro do Ano (sendo a segunda vez que o autor vence este prémio). Publicado pela Bertrand.
A linguagem é singular, num registo muito próximo da oralidade e de um certo falar da época, com um humor bem doseado, conforme Thomas McNulty recorda na primeira pessoa, por volta dos seus cinquenta anos, os acontecimentos que viveu enquanto soldado, depois de ter começado como dançarina (sim, dançarina) por volta dos seus quinze anos de idade, sempre na companhia do seu amante e depois companheiro de armas John Cole.
«Não pensávamos no tempo como algo que pudesse ter um fim, era como se fosse continuar para sempre, tudo repousava e se interrompia naquele momento. É difícil explicar o que quero dizer com isto. Olhamos para trás, para todos os anos intermináveis em que nunca tivemos essa ideia. É o que faço agora, ao escrever estas palavras no Tennessee. Penso nos dias sem fim da minha vida. E agora não é assim. Pergunto-me que palavras dissemos tão descuidadamente naquela noite, que tolices vigorosas proferimos, que gritos bêbedos soltámos, que estúpida alegria havia em tudo aquilo. E o John Cole, como era jovem e mais bonito do que qualquer pessoa que alguma vez pisou a Terra. Jovem, e isso nunca mudaria. O coração cheio, a alma a cantar. Plenamente vivo na vida e feliz como as andorinhas sob os beirais da casa.» (p. 43)
Os autores irlandeses estão efectivamente na moda, e os livros de Sebastian Barry (nascido em Dublin em 1955) estão invariavelmente nas listas de prémios anglófonos como vencedor ou finalista.
Não li outros livros do autor (ainda) mas a linguagem, bela sem ser pretensiosa, alia-se a uma magnífica história.
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