Nomeado para o International Man Booker Prize 2016 e agora vencedor do International Dublin Literary Award recordo que quando comecei a ler as primeiras páginas deste livro de José Eduardo Agualusa, publicado pela Dom Quixote, de repente fiquei agarrado. Ludovica sofre de agorafobia e vive fechada no seu mundo de sobrevivência, o que de alguma forma espelha a realidade do que se passou durante o caos pós independência em Angola e reflecte a luta de cada um para sobreviver. Contudo, apesar de isolada no seu apartamento, chegam-lhe ecos do que se passa em Angola e vai conhecer alguém de forma inesperada… Ver artigo
A Quetzal publicou O espírito da ficção científica, um livro inédito de Roberto Bolaño, preparando ainda para este ano uma edição especial de 2666, uma nova tradução de Detectives Selvagens, Pátria, um volume que reúne três novelas e outra obra inédita.
Tenho lido várias obras do autor – mais recentemente li o 2666 que não é uma obra fácil embora a tenha começado de forma compulsiva – e estava expectante com este livro de dimensão pequena mas importante para a compreensão do conjunto da obra do autor. Esta é uma narrativa aparentemente desconexa tanto que o próprio autor apela a um «paciente leitor» (p. 100), pois está construída de forma tripartida, alternando entre uma entrevista «absurda», de uma entrevistadora a um autor, a narração da vida dos jovens Jan e Remo durante a sua travessia pela descoberta da vida e da literatura e do mistério das revistas literárias em franca expansão e da sexualidade na Cidade do México dos anos 70, e cartas de Jan a autores de ficção científica, pode-se dizer que recuamos até à adolescência das personagens presentes nas obras de Bolaño: «eu era um mirone na Cidade do México, um recém-chegado bastante pretensioso e um poeta desajeitado de vinte e um anos. Quero dizer que nem a cidade me passava cartão nem os meus sonhos conseguiam ultrapassar os limites do pedantismo e do péssimo artifício» (p. 123).
Existem frases de grande beleza lírica, mesmo quando se incorre na descrição de imagens que noutros autores podiam soar batidas, a que Bolaño confere sempre um sabor novo, como a Lua como um lençol batido pelo vento, ou as nuvens a chupar a chuva, mesmo quando as comparações são pouco convencionais: «Todos os sorrisos cabiam num. E o olho do enamorado é como o olho da mosca, de tal maneira que é possível que tenha incluído nos lábios e nos dentes de Laura sorrisos alheios.».
Nunca acho os livros de Bolaño fáceis de decifrar, mas como se pode ler no próprio texto: «Desenganem-se, não há textos estranhos; miseráveis e luminosos, alguns, mas não estranhos.» (p. 131). Ver artigo
Escreve Anabela Mendes no posfácio que a escrita de Steiner «não é intrincada nem obscura» mas diz também mais perto do fim que para «ler Steiner como ele merece, temos de tirar férias da vida» (p. 136). Steiner não é, efectivamente, leitura a tentar no meio de uma praia familiar onde as pessoas têm tendência para deitar a toalha mesmo ao nosso lado. É preciso silêncio e recolhimento, pois nestes 6 ensaios (de datas tão díspares como 1981 ou 2004) do autor recolhidos nesta edição de Fevereiro de 2017 da Relógio d’Água, graças à iniciativa de Ricardo Gil Soeiro, organizador e tradutor, a quem Steiner cedeu prontamente autorização dos direitos de reprodução dos seus ensaios, a linguagem pode tornar-se complexa, dada a profusão de referências nomeadamente nos dois primeiros ensaios, que se debruçam sobre os estudos literários. Ricardo Gil Soeiro, um estudioso do autor (quero ler a obra, penso que organizada por si, O pensamento tornado dança) oferece-nos ainda um prefácio bastante esclarecedor, feito ensaio a ensaio, que nos preparam para as próximas cerca de 130 páginas: «Narciso e Eco», sendo aqui a crítica esse eco em torno da narrativa narcísica que vive por si e para si, e o eco a vida que o leitor lhe dá a cada nova leitura; «Uma leitura bem feita» sobre o que deve ser uma boa leitura; um estudo sobre a tragédia; uma análise do Holocausto, que o autor prefere designar por Shoah, e de como a linguagem se tornou insuficiente para descrever ou narrar o mundo uma vez ultrapassado o limite do inimaginável na história humana; «O Crepúsculo das Humanidades?» onde o autor começa por definir o conceito de crise para depois pôr em causa até que ponto as Humanidades estarão realmente em declínio. Steiner reconhece que o «académico e o professor das Letras foram economicamente marginalizados», numa era em que a imagem impera sobre a palavra e o pensamento, mas também parece considerar como motivo para o declínio das Humanidades a polémica noção de que a arte afinal contribuiu pouco para elevar o homem e os valores humanos: «Hoje sabemos – e depois de um tal conhecimento, qual o perdão? – que este postulado, na sua roupagem milenar e clássica, está errado. Sabemos que as conquistas proeminentes da educação, os elevados níveis de uma literacia pública não inibiram a tortura, os assassínios em massa e os massacres colectivos», pois pode-se «tocar Schubert ou ler Virgílio no seu lar e depois continuar o seu trabalho diário nas câmaras de tortura e nos campos de extermínio» (p. 116). Por fim, o autor deixa-nos uma fantástica elegia à singularidade de Fernando Pessoa no panorama da literatura mundial: «É raro um país e uma língua ganharem num só dia quatro poetas maiores» (p. 125), onde não faltam considerações sobre a melancolia e espiritualidade lisboeta, várias citações e uma análise sucinta mas brilhante de como Pessoa se estilhaçou para se tornar mais inteiro, aconselhando ainda, no final, a leitura de «um dos maiores romances da literatura europeia recente»: O ano da morte de Ricardo Reis. Ver artigo
Neste breve ensaio, publicado pela Gradiva, George Steiner, professor de Literatura Comparada na Universidade de Genebra e depois em Oxford, começa por discutir a importância da literatura face à oralidade, numa sociedade cujos textos fundacionais são, como se sabe, obras que nasceram justamente da lírica, como a Odisseia ou a Ilíada. Daí parte para a falta de tempo para a leitura como uma das principais ameaças à sobrevivência das letras mas, ainda mais do que isso, a importância do silêncio, como um bem tão difícil de se obter nos tempos modernos (é inevitável lembrar-me de Proust fechado no seu quarto forrado a corticite a escrever Em busca do tempo perdido na cama) e que é fundamental à leitura, como já acontecia nos mosteiros da Idade Média, onde os monges se recolhiam nas suas bibliotecas e, apesar da questão da autoria na altura não se colocar como hoje, muitas vezes criavam um segundo texto a partir dos seus comentários ao texto original. Pondera depois sobre o desinteresse das crianças e jovens pelos livros, a partir do exemplo da personagem-criança alter ego de Proust que deveria ser visto como a anormalidade, apesar de ele na altura conseguir escapar às convenções sociais refugiando-se na leitura sem risco de ser repreendido – isto lembra-me também a estranheza com que muitas vezes as pessoas me olhavam por me verem sempre agarrado a um livro sempre que chego a algum lado (como hoje se agarra um telefone), ou o eco das palavras da minha avó que me anunciava cegueira ou loucura como resultado de tanto ler. Até considerar, em jeito de conclusão, a possibilidade de se estar a aproximar a era do fim da literatura, ao jeito de Umberto Eco em Não contem com o fim dos livros, na sua recentíssima conversa com Jean-Claude Carrière, livro também publicado pela Gradiva. No final do livro, inclui-se ainda outro breve texto, intitulado «Esse vício ainda impune», que constitui a resposta de Michel Crépu a George Steiner. Ver artigo
É o mais recente livro do autor. Foi originalmente lançado em 2008 e publicado pela Relógio d’Água em Janeiro de 2017, no mesmo mês em que este grande pensador polaco faleceu. Num registo claramente contemporâneo, o autor traça um mapa actual de como encontrar a felicidade partindo dos antigos (e regressando aos antigos), passando pelos filósofos alemãos do século XX, nomeadamente Nietzsche, e muitos outros, no nosso «mundo líquido-moderno», numa sociedade capitalista, egotista e individualista. Começando de rompante com a pergunta «O que há de errado com a felicidade?», de modo a desconcertar o leitor, este pode ainda sentir-se perdido ao longo da obra, dividida em três capítulos, com introdução e posfácio, enquanto Zygmunt Bauman disserta entre o consumismo e a publicidade, os dilemas do homem moderno em como gastar o dinheiro, quais os bens necessários à felicidade, a normalidade e a anormalidade, a aleatoriedade da Natureza (como se verificou na catástrofe do Grande Terramoto de 1755), a ordem construída pelos humanos com recurso à ciência e à tecnologia (e que descambou na catástrofe da Grande Guerra e da Segunda Guerra Mundial), os reality show e a sua regra de exclusão semanal como uma lei que faz parte da natureza das coisas, uma juventude apostada em ser catapultada para a fama por algum golpe do destino, a existência de um destino, a profusão de blogues da rede global (em 2006 eram 50 milhões) onde há quem descreve ao pormenor o seu pequeno-almoço diariamente e incorre em actos confessionais despudorados, o livre-arbítrio, a «destruição criativa» que importámos da arte e praticamos diariamente, a construção de uma identidade que raie a Perfeição Absoluta, a pertença a comunidades exclusivas, o discurso de Sarkozy que incita o povo francês a trabalhar mais e ganhar mais, o reconhecimento social vs. fracasso e humilhação, as utopias e as distopias (do agora novamente tão falado 1984 a A possibilidade de uma ilha de Michel Houellebecq), a bulimia e a anorexia de que sofremos entre os produtos com que somos bombardeados e as dietas que se impõem como revolucionárias apenas para na semana seguinte surgir outra nova e melhorada, e das pessoas que arriscaram a sua vida para ajudar as vítimas do nazismo não porque esperavam uma recompensa mas porque não conseguiriam viver com a sua consciência. No fim, entre a lógica organizacional das novas empresas e o compromisso em que assenta o casamento, tudo se entrelaça para justificar o que o autor nos diz desde o princípio deste tratado sobre a busca da felicidade, ao mesmo tempo que nos alerta para os perigos com que somos bombardeados numa sociedade de excesso de informação e sem filtros: «Praticar a arte da vida, fazer da sua existência uma “obra de arte”, significa, no nosso mundo líquido-moderno, viver num estado de transformação permanente, autorredefinir-se perpetuamente» (p. 102). Ver artigo
Este mês de Junho pode ser assinalado por dois grandes romances. O regresso de Arundhati Roy com O Ministério da Felicidade Suprema, vinte anos depois de O Deus das pequenas coisas (obra por que me encantei logo quando saiu tinha eu uns 18 anos, nomeadamente pela forma como brincava com a linguagem enquanto me enfeitiçava numa travessia por um dos países que mais me fascina até hoje e ainda não pude conhecer). E também a tão aguardada tradução de Swing Time, a última obra de Zadie Smith, autora de Dentes Brancos (para quando uma reedição?) e Uma questão de beleza. Deixo para já apenas a sensação de me estar a perder numa míriade de histórias dentro de histórias, em rocambolescas espirais tergiversais à história de Anjum, um homem-mulher que para dormir estende um tapete persa entre duas campas do cemitério. Ver artigo
Documentar
Svetlana Alexievich nasceu em 1948 na Ucrânia, e cresceu em Minsk, capital da Bielorrúsia, onde vive actualmente. Jornalista e escritora, autora de vinte guiões de documentários e cinco livros, tem várias obras adaptadas ao cinema e ao teatro. Foi distinguida com mais de uma dezena de prémios internacionais, do Médicis Essai 2013 ao Books Critics Circle Award 2006, e consagrada com o Prémio Nobel de Literatura em 2015, pela qualidade da sua «obra polifónica» como «um memorial ao sofrimento e à coragem na nossa época». Das cinco obras em prosa, quatro foram publicadas pela Elsinore, sendo as mais recentes, publicadas este ano, Rapazes de Zinco e As Últimas Testemunhas.
Rapazes de Zinco é, à semelhança das outras obras da autora, um livro de não-ficção, onde se entretecem as vozes de centenas de entrevistados numa polifonia que a autora registou e que tenta reunir em coro como testemunho da verdade da guerra soviética no Afeganistão. Estes rapazes são os quinze mil mortos devolvido em caixas de zinco às mães, mesmo quando dentro dos caixões apenas seguia um uniforme de gala e a terra alheia onde combateram «para que o peso seja adequado» (p. 45), e cerca de quatrocentos e cinquenta mil feridos e doentes que combateram o Afeganistão no exército soviético entre 1979 e 1989, isto é, uma geração que viveu numa década de guerra. Ver artigo
A desconstrução do silêncio Ver artigo
Gabo, um dos autores favoritos de muitos leitores, tem agora mais uma obra publicada pela Dom Quixote, originalmente lançada em fascículos na mesma altura e à semelhança de Relato de um Náufrago. O autor então um jovem jornalista viaja por vários países da Europa de Leste, passando por cidades como Berlim, Praga, Varsóvia, Moscovo, Kiev ou Budapeste, e apesar de esta viagem ocorrer durante os anos 50 é um relato inestimável de como mesmo depois da queda da Cortina de Ferro estes países e povos continuam a viver num ambiente triste e fechado, de grande repressão, onde os convidados estrangeiros são raros e se vêem a ser permanentemente acompanhados por intérpretes que não dominam outra língua que não a sua e que, no fundo, têm apenas a função de vigiar e acompanhar. É curioso como o autor não deixa ainda assim de reconhecer a cordialidade e a generosidade das pessoas que vivem sob a sombra do regime soviético, e vai estabelecendo apesar das devidas diferenças comparações pontuais com a vida na América Latina: «A ordem pública na Alemanha Oriental parece-se muito com a da Colômbia dos tempos da perseguição política.» (p. 44).
Fica um testemunho pertinente da passagem deste autor colombiano pelos países socialistas, com laivos do seu humor, ironia e perspicácia. Só tenho pena de não ter podido ler as impressões que o autor aqui nos deixa na altura em que vivi em Varsóvia, cidade completamente arrasada durante a guerra e reconstruída a partir de fotografias (leia-se História natural da destruição, W. G. Sebald), e do seu povo: «É difícil saber o que os polacos querem. São complicados, difíceis de lidar, de uma suscetibilidade quase feminina e com tendência para o intelectualismo» (p. 96). Ver artigo
«Augusto Cury, com mais de 30 milhões de livros vendidos em todo o mundo, marca presença na Feira do Livro de Lisboa hoje, dia 4 de junho, às 15:30. Esta será a estreia no maior evento cultural do país deste reconhecido psiquiatra, psicoterapeuta e cientista, na qual os seus leitores o poderão conhecer na sessão de autógrafos, que decorrerá no primeiro domingo da Feira.
O seu mais recente livro chegou às livrarias portuguesas em abril (publicado pela Pergaminho). O Homem Mais Inteligente da História, uma obra de ficção, conta a jornada épica de Marco Polo, um cientista ateu, que é desafiado a estudar a inteligência do homem mais fascinante da história – Jesus – à luz das ciências humanas. Este livro é o resultado de um processo de escrita de 15 anos e de 20 anos de pesquisas e estudos por parte do autor, que quando iniciou este trabalho era ateu.» Ver artigo
Pesquisar:
Subscrição
Artigos recentes
Categorias
- Álbum fotográfico
- Álbum ilustrado
- Banda Desenhada
- Biografia
- Ciência
- Cinema
- Contos
- Crítica
- Desenvolvimento Pessoal
- Ensaio
- Espiritualidade
- Fantasia
- História
- Leitura
- Literatura de Viagens
- Literatura Estrangeira
- Literatura Infantil
- Literatura Juvenil
- Literatura Lusófona
- Literatura Portuguesa
- Música
- Não ficção
- Nobel
- Policial
- Pulitzer
- Queer
- Revista
- Romance histórico
- Sem categoria
- Séries
- Thriller
Arquivo
- Novembro 2024
- Outubro 2024
- Setembro 2024
- Agosto 2024
- Julho 2024
- Junho 2024
- Maio 2024
- Abril 2024
- Março 2024
- Fevereiro 2024
- Janeiro 2024
- Dezembro 2023
- Novembro 2023
- Outubro 2023
- Setembro 2023
- Agosto 2023
- Julho 2023
- Junho 2023
- Maio 2023
- Abril 2023
- Março 2023
- Fevereiro 2023
- Janeiro 2023
- Dezembro 2022
- Novembro 2022
- Outubro 2022
- Setembro 2022
- Agosto 2022
- Julho 2022
- Junho 2022
- Maio 2022
- Abril 2022
- Março 2022
- Fevereiro 2022
- Janeiro 2022
- Dezembro 2021
- Novembro 2021
- Outubro 2021
- Setembro 2021
- Agosto 2021
- Julho 2021
- Junho 2021
- Maio 2021
- Abril 2021
- Março 2021
- Fevereiro 2021
- Janeiro 2021
- Dezembro 2020
- Novembro 2020
- Outubro 2020
- Setembro 2020
- Agosto 2020
- Julho 2020
- Junho 2020
- Maio 2020
- Abril 2020
- Março 2020
- Fevereiro 2020
- Janeiro 2020
- Dezembro 2019
- Novembro 2019
- Outubro 2019
- Setembro 2019
- Agosto 2019
- Julho 2019
- Junho 2019
- Maio 2019
- Abril 2019
- Março 2019
- Fevereiro 2019
- Janeiro 2019
- Dezembro 2018
- Novembro 2018
- Outubro 2018
- Setembro 2018
- Agosto 2018
- Julho 2018
- Junho 2018
- Maio 2018
- Abril 2018
- Março 2018
- Fevereiro 2018
- Janeiro 2018
- Dezembro 2017
- Novembro 2017
- Outubro 2017
- Setembro 2017
- Agosto 2017
- Julho 2017
- Junho 2017
- Maio 2017
- Abril 2017
- Março 2017
- Fevereiro 2017
- Janeiro 2017
- Dezembro 2016
- Novembro 2016
- Outubro 2016
Etiquetas
Akiara
Alfaguara
Annie Ernaux
Antígona
ASA
Bertrand
Bertrand Editora
Booker Prize
Caminho
casa das Letras
Cavalo de Ferro
Companhia das Letras
Dom Quixote
Editorial Presença
Edições Tinta-da-china
Elena Ferrante
Elsinore
Fábula
Gradiva
Hélia Correia
Isabel Allende
Juliet Marillier
Leya
Lilliput
Livros do Brasil
Lídia Jorge
Margaret Atwood
Minotauro
New York Times
Nobel da Literatura
Nuvem de Letras
Pergaminho
Planeta
Porto Editora
Prémio Renaudot
Quetzal
Relógio d'Água
Relógio d’Água
Série
Temas e Debates
Teorema
The New York Times
Trilogia
Tânia Ganho
Um Lugar ao Sol