Este mês de Junho pode ser assinalado por dois grandes romances. O regresso de Arundhati Roy com O Ministério da Felicidade Suprema, vinte anos depois de O Deus das pequenas coisas (obra por que me encantei logo quando saiu tinha eu uns 18 anos, nomeadamente pela forma como brincava com a linguagem enquanto me enfeitiçava numa travessia por um dos países que mais me fascina até hoje e ainda não pude conhecer). E também a tão aguardada tradução de Swing Time, a última obra de Zadie Smith, autora de Dentes Brancos (para quando uma reedição?) e Uma questão de beleza. Deixo para já apenas a sensação de me estar a perder numa míriade de histórias dentro de histórias, em rocambolescas espirais tergiversais à história de Anjum, um homem-mulher que para dormir estende um tapete persa entre duas campas do cemitério.

Abaixo fica o texto da nota de imprensa da editora para divulgação da obra:

«Vinte anos após o enorme sucesso de O Deus das Pequenas Coisas, vencedor do Booker Prize, surge o tão aguardado segundo romance de Arundhati Roy. O Ministério da Felicidade Suprema publicado pela ASA/LeYa a 6 de junho, em lançamento mundial simultâneo com as edições de língua inglesa.

O regresso de Arundhati Roy à ficção, após duas décadas de interregno, tem sido destacado pela imprensa internacional como o acontecimento literário do ano. O Ministério da Felicidade Suprema é um dos mais aguardados romances da história recente da literatura, estando já a ser traduzido para 29 línguas.

O Ministério da Felicidade Suprema é uma viagem íntima pelo subcontinente indiano, desde os bairros superlotados da Velha Deli e os centros comerciais reluzentes da nova metrópole às montanhas e os vales de Caxemira, com um elenco glorioso de personagens inesquecíveis, apanhadas pela maré da História, todas elas em busca de um porto seguro. Contada num sussurro, num grito, com lágrimas e gargalhadas, é uma história de amor e ao mesmo tempo uma provocação. Os seus heróis, presentes e defuntos, humanos e animais, são almas que o mundo quebrou e que o amor curou.

Os primeiros ecos da crítica internacional ao novo romance de Arundhati Roy têm sido unânimes ao elogiarem a escrita profundamente literária da autora, o que já lhe valeu comparações com Gabriel García Márquez e Salman Rushdie.

Para a Booklist, “O segundo romance de Arundhati Roy é a sua segunda obra-prima. A escritora junta-se a Charles Dickens, Gabriel García Márquez e Salman Rushdie ao contar histórias com tanta magia e humanidade.” E segundo a Kirkus Review “O novo romance de Arundhati Roy lembra Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez, uma história que, como esta, começa e acaba com a morte. Mas há outros ecos, que incluem uma subtil piscadela de olho a Salman Rushdie, na medida em que ambos constroem universos em que os personagens atravessam barreiras étnicas, religiosas e de género, em busca da felicidade suprema mencionada no título.”

Nascida em 1959, na Índia, Arundhati Roy escreveu o seu primeiro romance em 1997. O Deus das Pequenas Coisas fez dela a primeira escritora de nacionalidade indiana a receber o Booker Prize e transformou-se num clássico da literatura moderna, num dos livros mais amados e aclamados da atualidade e num dos mais mediáticos de sempre. O romance foi traduzido para 42 línguas e vendeu mais de oito milhões de exemplares em todo o mundo. Só em Portugal, vendeu oitenta mil exemplares.

Seguiu-se um interregno durante o qual a escritora escreveu várias obras de não ficção, incluindo os ensaios O Fim da Imaginação e Pelo Bem Comum, e dedicou-se ao ativismo contra a globalização, a proliferação de armas nucleares e a industrialização, tendo sido distinguida com diversos galardões, com destaque para o Woman of Peace, nos Global Exchange Human Rights Awards em 2003, e o Sydney Peace Prize em 2004. Atualmente vive em Deli.»

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Paulo Nóbrega Serra
Written by Paulo Nóbrega Serra
Sou doutorado em Literatura com a tese «O realismo mágico na obra de Lídia Jorge, João de Melo e Hélia Correia», defendida em Junho de 2013. Mestre em Literatura Comparada e Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas, autor da obra O Realismo Mágico na Literatura Portuguesa: O Dia dos Prodígios, de Lídia Jorge e O Meu Mundo Não É Deste Reino, de João de Melo, fruto da minha tese de mestrado. Tenho ainda três pequenas biografias publicadas na colecção Chamo-me: Agostinho da Silva, Eugénio de Andrade e D. Dinis. Colaboro com o suplemento Cultura.Sul e com o Postal do Algarve (distribuídos com o Expresso no Algarve e disponíveis online), e tenho publicado vários artigos e capítulos na área dos estudos literários. Trabalhei como professor do ensino público de 2003 a 2013 e ministrei formações. De Agosto de 2014 a Setembro de 2017, fui Docente do Instituto Camões em Gaborone na Universidade do Botsuana e na SADC, sendo o responsável pelo Departamento de Português da Universidade e ministrei cursos livres de língua portuguesa a adultos. Realizei um Mestrado em Ensino do Português e das Línguas Clássicas e uma pós-graduação em Ensino Especial. Vivi entre 2017 e Janeiro de 2020 na cidade da Beira, Moçambique, onde coordenei o Centro Cultural Português, do Camões, dois Centros de Língua Portuguesa, nas Universidades da Beira e de Quelimane. Fui docente na Universidade Pedagógica da Beira, onde leccionava Didáctica do Português a futuros professores. Resido agora em Díli, onde trabalho como Agente de Cooperação e lecciono na UNTL disciplinas como Leitura Orientada e Didáctica da Literatura. Ler é a minha vida e espero continuar a espalhar as chamas desta paixão entre os leitores amigos que por aqui passam.