Um escritor norte-americano bem conhecido do público, com mais de 300 milhões de livros vendidos em todo o mundo, e obras adaptadas ao cinema como A Firma, com Tom Cruise. A trama do seu mais recente livro apela a qualquer leitor inveterado, ao juntar três histórias e três personagens, aparentemente desirmanadas e sem nada em comum. Um gangue de ladrões de alto nível, um jovem ambicioso que quando se depara com uma herança roubada de primeiras edições assinadas se torna um livreiro de sucesso, e uma escritora com um bloqueio criativo.
Os primeiros capítulos da obra dão conta da descrição de um fabuloso roubo dos manuscritos originais de Fitzgerald. Mas aquele que parecia o golpe perfeito acaba por correr mal e a arrogância dos ladrões não joga a seu favor. Em seguida, ficamos a conhecer Bruce Cable e a história de como se tornou dono de uma livraria muito popular na pequena povoação turística de Santa Rosa, Florida, que acolhe e suporta uma multitude de escritores, ainda que a sua verdadeira actividade seja como negociante de livros raros. E por último, mas na verdade, sendo ela o centro da trama a partir de certa altura, deparamo-nos com Mercer Mann, uma jovem escritora à deriva, que escreveu um primeiro livro aclamado pela crítica e que desde então se depara com um bloqueio criativo, além de que foi despedida da escola onde leccionava e se encontra há oito anos com uma dívida preocupante resultante dos seus juros de empréstimos de estudante. Até que Mercer Mann é abordada por uma mulher misteriosa, que sabe tudo sobre ela, e lhe oferece uma saída, ainda que isso implique mentira e duplicidade, recrutando-a como espia ao serviço de uma agência paralela ao FBI.
John Grisham é, em suma, um autor que sabe escrever uma boa história com qualidade literária que não se assemelha simplesmente a um guião cinematográfico, constrói personagens com densidade, e oferece-nos um livro de leitura compulsiva sobre leitores, editores, escritores, livreiros, colecionadores; sobre aqueles que são capazes de tudo, inclusive roubar ou matar, apenas para se poderem apoderar de um objecto que para muitos outros provavelmente não teria qualquer valor, como uma primeira edição autografada pelo autor ou um manuscrito original de um clássico como O Grande Gatsby.

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Paulo Nóbrega Serra
Written by Paulo Nóbrega Serra
Sou doutorado em Literatura com a tese «O realismo mágico na obra de Lídia Jorge, João de Melo e Hélia Correia», defendida em Junho de 2013. Mestre em Literatura Comparada e Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas, autor da obra O Realismo Mágico na Literatura Portuguesa: O Dia dos Prodígios, de Lídia Jorge e O Meu Mundo Não É Deste Reino, de João de Melo, fruto da minha tese de mestrado. Tenho ainda três pequenas biografias publicadas na colecção Chamo-me: Agostinho da Silva, Eugénio de Andrade e D. Dinis. Colaboro com o suplemento Cultura.Sul e com o Postal do Algarve (distribuídos com o Expresso no Algarve e disponíveis online), e tenho publicado vários artigos e capítulos na área dos estudos literários. Trabalhei como professor do ensino público de 2003 a 2013 e ministrei formações. De Agosto de 2014 a Setembro de 2017, fui Docente do Instituto Camões em Gaborone na Universidade do Botsuana e na SADC, sendo o responsável pelo Departamento de Português da Universidade e ministrei cursos livres de língua portuguesa a adultos. Realizei um Mestrado em Ensino do Português e das Línguas Clássicas e uma pós-graduação em Ensino Especial. Vivi entre 2017 e Janeiro de 2020 na cidade da Beira, Moçambique, onde coordenei o Centro Cultural Português, do Camões, dois Centros de Língua Portuguesa, nas Universidades da Beira e de Quelimane. Fui docente na Universidade Pedagógica da Beira, onde leccionava Didáctica do Português a futuros professores. Resido agora em Díli, onde trabalho como Agente de Cooperação e lecciono na UNTL disciplinas como Leitura Orientada e Didáctica da Literatura. Ler é a minha vida e espero continuar a espalhar as chamas desta paixão entre os leitores amigos que por aqui passam.