A gripe espanhola matou dezenas de milhões em 1918, possivelmente até cem milhões.
A turberculose, doença que hoje quase esquecemos (se bem que eu e toda a minha família tivemos de fazer um rastreio, quando um familiar foi identificado com tuberculose) mata 1,5 a 2 milhões de pessoas por ano.
Existem actualmente 7000 doenças genéticas. Há 20 anos conheciam-se 5000.
Uma pessoa, em cada 17 pessoas, pode ser portadora de uma das 7000 doenças raras que existem hoje.
A gripe mata, num ano bom, 30.000 a 40.000 pessoas por ano. Em 2017-2018 matou 80.000 pessoas. E isto é porque se fala apenas de um país: os Estados Unidos da América.
Com o que agora se vive, com pessoas e países em quarentena, senti-me impelido a abrir O Corpo – Um guia para ocupantes, de Bill Bryson, publicado pela Bertrand, em alguns capítulos essenciais.
Na linha de êxitos anteriores, como o aclamado Breve História de Quase Tudo, Bill Bryson volta-se para o corpo humano, numa brilhante investigação, em que debita informação científica, dados, estatísticas, e aproveita para contar histórias curiosas, sempre num tom ligeiro, e mantendo o bom humor, conforme explica aos mais leigos como funciona o corpo humano, como se chegou ao conhecimento que hoje se tem sobre o corpo, aquilo que ainda aguarda resposta, como cresce, como se cura e regenera, como se reproduz noutro corpo humano. Contudo, apesar de tudo o que se sabe, «os detalhes são, muitas vezes, surpreendentemente inconstantes» (p. 14).
São precisos 59 elementos para fazer um corpo humano. E apesar de a Humanidade partilhar 99,9 % do mesmo ADN, não há dois seres humanos iguais. Somos o resultado de 3 mil milhões de anos de evolução. E há mais de 8000 coisas que nos podem matar.
Bill Bryson escreve ainda sobre o vírus: «Um vírus bem-sucedido é aquele que não mata demasiado bem e consegue circular com um grande raio de alcance. É isso que torna a gripe uma ameaça constante. Uma gripe típica deixa as pessoas contagiosas cerca de um dia antes de começarem a ter sintomas e durante uma semana ainda depois de recuperarem, o que transforma cada vítima num vetor de contágio.» (p. 397)
E cita um especialista que refere que «não estamos mais bem preparados hoje para um surto grave» (p. 410) do que estávamos há 100 anos com a gripe espanhola. Apenas temos tido sorte.
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