John Maxwell Coetzee nasceu na Cidade do Cabo, estudou em África do Sul e nos Estados Unidos, e vive actualmente na Austrália. Foi o primeiro escritor a vencer por duas vezes o Prémio Booker, com A Vida e o Tempo de Michael K e Desgraça, e em 2003 foi galardoado com o Prémio Nobel de Literatura.
Este romance saído em Maio de 2017 constitui a sequela de A Infância de Jesus, publicado em 2013 também pela Dom Quixote, obra em que o autor se demarca do seu estilo habitual e entra no domínio da distopia. No romance anterior, o leitor ficou a saber como este trio improvável de um homem, uma mulher e uma criança, sem qualquer ligação prévia entre si, passou a constituir uma família, pois Simón e Inés reclamam para si a protecção e educação de Jesus, vendo-se inclusivamente a procurar refúgio numa outra colónia, Estrella. Tem-se falado muito em linguagem alegórica ou metafórica a propósito destes dois romances, mas a escrita é aqui essencialmente cerebral, concisa, limpa de qualquer excess. Se David parece ter muito pouco de Jesus – é emblemático o episódio em que ele aliás se recusa a perdoar Dmitri – já Simón é uma personagem muito curiosa e sensata, com os seus diálogos algo socráticos, especialmente na forma como ele, Simón, responde às inúmeras questões de David, rapazinho vivaço e precoce, que recusa por norma as convenções que a sociedade possa impôr. Talvez por isso David se adapte tão bem à escola da Academia de Dança onde vai aprender a dançar para chamar os números. Como profere Simón: «-Não nos opomos a este recentíssimo desejo pela simples razão de que não temos força para isso – diz ele. – Connosco o David leva sempre a sua avante. É o tipo de família que nós somos: um amo e dois servos.» (p. 96). Simón, dotado de uma suma paciência, parece sim simbolizar toda uma geração de pais da actualidade que se vêem impotentes face à vontade dos filhos: «Eu não lhe oriento a vida, já nem sequer finjo aconselhá-lo. A verdade é que estamos fartos da sua obstinação, a mãe e eu. É como um buldózer. Espalmou-nos. Fomos espalmados. Já não temos resistência.» (p. 48). Apesar da escrita enganadoramente simples e despretensiosa, entre a questão de encontrar uma escola adequada para David e um crime passional, este livro levanta questões bem complexas e prementes. Ver artigo
A vida política Ver artigo
O Deus das Pequenas Coisas Ver artigo
Comecei ontem o último livro deste autor nascido em Newark em 1947, que nos encanta há 30 anos e depois de um interregno de 7 anos lança-nos agora esta obra magna. Esta obra, publicada pela ASA, é ambiciosa não só pelo tamanho, pois é constituída por 870 páginas de letrinha miudinha e sem bonecos, mas igualmente pela complexidade, ao narrar em 7 partes 4 caminhos alternativos para a vida de Archibald Isaac Ferguson, e pelo cuidado em narrar em simultâneo com os passos da personagem a História da América. Com o mote na contracapa «O que nos motiva verdadeiramente? O que nos leva a optar por um caminho em detrimento de outro? De que futuros abdicamos pelo simples facto de termos apenas uma vida para viver?», esta obra lembra Vida após Vida, de Kate Atkinson, que segue uma premissa idêntica, ou talvez tenham visto o filme Instantes Decisivos, com Gwyneth Paltrow, onde tudo se resumia a ela ter ou não conseguido apanhar o metro, momento em que a sua vida se bifurcou.
Cada parte do livro, depois do primeiro capítulo, 1.0, é constituída por 4 capítulos alternativos, até que já perto do final temos capítulos em branco, isto é, não-capítulos, como o 7.2 ou o 7.3… Paul Auster vai mais longe nesta obra e mostra como a cada caminho de vida tomado pelo jovem Ferguson corresponde também uma natureza e relações distintas. O título 4321 soa a contagem decrescente, talvez para dar ênfase a que, afinal, apesar de aspirarmos a várias vidas (e a ficção dá-nos tantas mais) temos apenas uma vida…
É curioso que Ferguson tenha nascido no mesmo ano que o autor, o que reforça, na minha leitura, aspectos que me parecem autobiográficos, como por exemplo o cuidado em enumerar todas as leituras feitas e os álbuns ouvidos pelo jovem Archie. Todas as 4 vidas de Ferguson giram em torno de um eixo comum, o amor pela mesma mulher, Amy Schneiderman (a obra é dedicada a Siri Hustvedt, a esposa do autor, também escritora).
Apesar do tamanho da obra a verdade é que há muito tempo não mergulhava tão facilmente num livro ou me sentia tão próximo de um protagonista, pelo que estas 870 páginas devoram-se rapidamente. Paul Auster revela-se um exímio contador de histórias, mesmo quando não se narra mais que o quotidiano banal de uma vida comum. Ver artigo
Não, hoje não li o Harry Potter pela vigésima vez mas assinalam-se 20 anos que nasceu (para o mundo) esse rapaz com a cicatriz de um raio na testa e destinado a acabar com o mal personificado na figura de Voldemort ou Salazar para os amigos (inspirado justamente no nome do nosso ditador). Considerando que há crianças que não gostam de ler, embora sejam viciadas em jogos de computador, lembro-me bem de como depois de muito insistir o meu irmão lá pegou no primeiro livro da saga e a verdade é que desde então não parou. Leu todos os 7 livros 3 vezes. E depois nunca mais leu outro livro. Eu tinha cerca de 20 anos, estava já na universidade, a braços com leituras bem mais pesadas e obrigatórias quando um amigo (Vasco) me passou para a mão Harry Potter e a Pedra Filosofal, naquele formato mais pequeno e com capa infantil da fabulosa colecção Via Láctea da Editorial Presença (que também inclui o Ciclo Terramar de Ursula K. Le Guin ou As crónicas de Nárnia. E também Engenhos Mortíferos, agora a ser adaptado ao grande ecrã pelo Peter Jackson de O Senhor dos Anéis). Sempre com uma certa suspeição comecei a ler e a partir do momento em que fico a conhecer o rapaz que dorme por baixo de um vão de escadas e descobre depois que é um feiticeiro fui para sempre absorvido para dentro daquele mundo encantado. Sobre a escrita ou técnica da autora devo dizer que gostei sobretudo da forma como se iam deixando pontas soltas aqui e ali para depois serem retomadas, e como muitas vezes conseguia uma interessante reviravolta no final dos livros, além da forma como bebe da mitologia. Faz-me sempre confusão aquela viagem ao passado em Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban mas a verdade é que quem não leu, quem nunca pensou em dar a ler, tem mesmo de mergulhar e dar a conhecer esta saga que marcou muito mais do que uma só geração pois os pais (e os irmãos mais velhos) também não ficaram indiferentes a estes livros. Ver artigo
Musicofilia, Oliver Sacks
Começa com o estranho caso de um homem que é atingido por um raio numa cabine telefónica e que desde então começa a adorar música clássica e reaprende a tocar piano (depois de ter tido apenas umas aulas em criança). A partir daí, Oliver Sacks, neurologista e professor na Universidade de Columbia, vai narrar uma série de casos de pessoas que sofrem de ataques provocados pela música ou, paradoxalmente, ganham um interesse novo pela música após uma crise.
Acho extremamente curioso como o autor não receia considerar, no caso com que abre o livro, uma experiência quase-morte que é descrita com toda a seriedade. Curiosa também a leveza com que o autor nos conduz por estas páginas que são, afinal, vários casos médicos, descritos com toda a parafernália técnica, mas que nem por isso dificultam a leitura. No prefácio, o autor começa por evocar uma situação descrita num livro de Arthur C. Clarke em que uns extraterrestres descem à Terra apenas para ouvir a música produzida pelos humanos, mesmo que enquanto espécie a música lhes seja algo estranho e não lhes diz nada, além de ser perfeitamente inútil… Contudo, ocorre-me ainda, a propósito de tudo isto, o facto de andarmos a enviar música para o espaço… O autor considera ainda como a música é tão inerente à condição humana como a linguagem, pois da mesma forma que temos necessidade de verbalizar e comunicar o mundo também temos ritmos inerentes e dificilmente somos indiferentes, quer gostemos quer não gostemos, à música, mesmo quando se trata da não-música que invade o mundo hoje. A nossa reacção à música é uma experiência auditiva, emocional e motora, e nalguns casos ganha contornos de transcendência, como se pode ver nalguns casos aqui descritos, em que a música nos pode transportar para um lugar seguro ou uma memória da nossa juventude. Ver artigo
Para alguns fãs este pode ser dos melhores livros do autor, cuja obra tem vindo a ser toda publicada pela Quetzal, mas não é certamente o mais fácil.
Começando como o que parece ser um diário de uma viagem a pé pelo condado de Suffolk este livro, com o justo subtítulo de «Uma romagem inglesa», confirma uma natureza difícil de classificar que assiste à ficção de Sebald. Entre o diário de viagem e a ficção, passando pela autobiografia e por vezes ingressando em notas que mais parecem entradas enciclopédicas, o autor não gosta de chamar aos seus livros romances, preferindo apelidá-los de «prosa narrativa». É aliás curioso que o próprio autor refira a certa altura que uma das suas leituras preferidas é o décimo sexto livro de uma série de memórias de Maximilien de Béthune, duque de Sully, além de referir muitas outras narrativas memorialísticas. O deambular alia-se facilmente ao devanear para o autor, retirando impressões e memórias, lidas ou vividas, das paisagens por onde passa, se bem que nem sempre seja claro para o leitor o que pode ligar histórias e notas tão distintas como a história do arenque, a vida e obra de Joseph Conrad, o imperador Xian Feng, ou o bicho da seda e o desenvolvimento da sericicultura. Existem, sim, algumas pontas soltas que por vezes se unem ao longo da narrativa, da mesma forma que perpassa a obra todo um tom melancólico, onde a guerra quase não é mencionada (menciona-se, sim, por exemplo, um fascínio pela guerra aérea como depois se verificou com História Natural da Destruição) mas nas constantes alusões aos séculos XVIII e XIX invoca-se um tempo anterior à Guerra mas onde se sente já o declinar de toda uma época. O livro acaba aliás com a imagem do luto, como um denso véu de seda preta a descer a cortina sobre estas memórias. Talvez por isso se invoque no título a figura sorumbática e opressiva de Saturno? Ver artigo
Nomeado para o International Man Booker Prize 2016 e agora vencedor do International Dublin Literary Award recordo que quando comecei a ler as primeiras páginas deste livro de José Eduardo Agualusa, publicado pela Dom Quixote, de repente fiquei agarrado. Ludovica sofre de agorafobia e vive fechada no seu mundo de sobrevivência, o que de alguma forma espelha a realidade do que se passou durante o caos pós independência em Angola e reflecte a luta de cada um para sobreviver. Contudo, apesar de isolada no seu apartamento, chegam-lhe ecos do que se passa em Angola e vai conhecer alguém de forma inesperada… Ver artigo
A Quetzal publicou O espírito da ficção científica, um livro inédito de Roberto Bolaño, preparando ainda para este ano uma edição especial de 2666, uma nova tradução de Detectives Selvagens, Pátria, um volume que reúne três novelas e outra obra inédita.
Tenho lido várias obras do autor – mais recentemente li o 2666 que não é uma obra fácil embora a tenha começado de forma compulsiva – e estava expectante com este livro de dimensão pequena mas importante para a compreensão do conjunto da obra do autor. Esta é uma narrativa aparentemente desconexa tanto que o próprio autor apela a um «paciente leitor» (p. 100), pois está construída de forma tripartida, alternando entre uma entrevista «absurda», de uma entrevistadora a um autor, a narração da vida dos jovens Jan e Remo durante a sua travessia pela descoberta da vida e da literatura e do mistério das revistas literárias em franca expansão e da sexualidade na Cidade do México dos anos 70, e cartas de Jan a autores de ficção científica, pode-se dizer que recuamos até à adolescência das personagens presentes nas obras de Bolaño: «eu era um mirone na Cidade do México, um recém-chegado bastante pretensioso e um poeta desajeitado de vinte e um anos. Quero dizer que nem a cidade me passava cartão nem os meus sonhos conseguiam ultrapassar os limites do pedantismo e do péssimo artifício» (p. 123).
Existem frases de grande beleza lírica, mesmo quando se incorre na descrição de imagens que noutros autores podiam soar batidas, a que Bolaño confere sempre um sabor novo, como a Lua como um lençol batido pelo vento, ou as nuvens a chupar a chuva, mesmo quando as comparações são pouco convencionais: «Todos os sorrisos cabiam num. E o olho do enamorado é como o olho da mosca, de tal maneira que é possível que tenha incluído nos lábios e nos dentes de Laura sorrisos alheios.».
Nunca acho os livros de Bolaño fáceis de decifrar, mas como se pode ler no próprio texto: «Desenganem-se, não há textos estranhos; miseráveis e luminosos, alguns, mas não estranhos.» (p. 131). Ver artigo
Escreve Anabela Mendes no posfácio que a escrita de Steiner «não é intrincada nem obscura» mas diz também mais perto do fim que para «ler Steiner como ele merece, temos de tirar férias da vida» (p. 136). Steiner não é, efectivamente, leitura a tentar no meio de uma praia familiar onde as pessoas têm tendência para deitar a toalha mesmo ao nosso lado. É preciso silêncio e recolhimento, pois nestes 6 ensaios (de datas tão díspares como 1981 ou 2004) do autor recolhidos nesta edição de Fevereiro de 2017 da Relógio d’Água, graças à iniciativa de Ricardo Gil Soeiro, organizador e tradutor, a quem Steiner cedeu prontamente autorização dos direitos de reprodução dos seus ensaios, a linguagem pode tornar-se complexa, dada a profusão de referências nomeadamente nos dois primeiros ensaios, que se debruçam sobre os estudos literários. Ricardo Gil Soeiro, um estudioso do autor (quero ler a obra, penso que organizada por si, O pensamento tornado dança) oferece-nos ainda um prefácio bastante esclarecedor, feito ensaio a ensaio, que nos preparam para as próximas cerca de 130 páginas: «Narciso e Eco», sendo aqui a crítica esse eco em torno da narrativa narcísica que vive por si e para si, e o eco a vida que o leitor lhe dá a cada nova leitura; «Uma leitura bem feita» sobre o que deve ser uma boa leitura; um estudo sobre a tragédia; uma análise do Holocausto, que o autor prefere designar por Shoah, e de como a linguagem se tornou insuficiente para descrever ou narrar o mundo uma vez ultrapassado o limite do inimaginável na história humana; «O Crepúsculo das Humanidades?» onde o autor começa por definir o conceito de crise para depois pôr em causa até que ponto as Humanidades estarão realmente em declínio. Steiner reconhece que o «académico e o professor das Letras foram economicamente marginalizados», numa era em que a imagem impera sobre a palavra e o pensamento, mas também parece considerar como motivo para o declínio das Humanidades a polémica noção de que a arte afinal contribuiu pouco para elevar o homem e os valores humanos: «Hoje sabemos – e depois de um tal conhecimento, qual o perdão? – que este postulado, na sua roupagem milenar e clássica, está errado. Sabemos que as conquistas proeminentes da educação, os elevados níveis de uma literacia pública não inibiram a tortura, os assassínios em massa e os massacres colectivos», pois pode-se «tocar Schubert ou ler Virgílio no seu lar e depois continuar o seu trabalho diário nas câmaras de tortura e nos campos de extermínio» (p. 116). Por fim, o autor deixa-nos uma fantástica elegia à singularidade de Fernando Pessoa no panorama da literatura mundial: «É raro um país e uma língua ganharem num só dia quatro poetas maiores» (p. 125), onde não faltam considerações sobre a melancolia e espiritualidade lisboeta, várias citações e uma análise sucinta mas brilhante de como Pessoa se estilhaçou para se tornar mais inteiro, aconselhando ainda, no final, a leitura de «um dos maiores romances da literatura europeia recente»: O ano da morte de Ricardo Reis. Ver artigo
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