A Canção de Regresso a Casa, da neozelandesa Juliet Marillier, publicado pela Editorial Planeta, com tradução de Inês Castro, é o terceiro e último livro da saga Bardos Guerreiros desta autora best-seller de fantasia. Embora qualquer livro possa ser lido separadamente, sem grande prejuízo, este romance encerra a trilogia iniciada com A Harpa dos Reis e continuada em Dança com o Destino.
Liobhan, jovem guerreira com o dom da música, é agora companheira do seu colega guerreiro Dau, embora na Ilha dos Cisnes não beneficiem de muita privacidade. Brocc, meio-irmão bardo de Liobhan, vive no Outro Mundo e é agora pai babado de uma menina. Galen, outro irmão (que não figura como protagonista dos livros anteriores), é o devotado amigo e guarda-costas do príncipe. Os três, cada uma à sua maneira, enfrentam novos desafios, quando chegam notícias do rapto de Aolu, príncipe de Dalriada, e se dá um violento encontro entre homens mascarados e o Povo Corvo.
Depois dos livros anteriores, em que essas estranhas criaturas apareciam já, chega o momento de compreender verdadeiramente a sua natureza e se estes estranhos seres, semelhantes a corvos, mas maiores, são efetivamente malignos ou estão apenas perdidos e desorientados – arriscando-se a ser usados, nas mãos erradas, como uma arma de guerra. O irmão mais novo de Liobhan, o bardo Brocc, meio-humano meio feérico, já antes tinha tentado comunicar pela música com o Povo Corvo. Ao estabelecer uma relação especial com um desses seres, quando Brocc tenta explorar um pouco mais essa ligação, o que vai levar à sua expulsão do Outro Mundo, determinada pela sua companheira e rainha. Entretanto Dau parte da Ilha dos Cisnes numa nova missão, em busca do desaparecido príncipe Aolu. Isso leva-o a encontrar-se com Blackthorn, a curandeira e mulher sábia (protagonista da trilogia anterior da autora, Blackthorn & Grim), que está a cuidar de Galen, depois de este ter sido atacado durante o rapto de Aolu.
À medida que Liobban e os seus companheiros da Ilha dos Cisnes tentam encontrar respostas para o desaparecimento do príncipe, assim como para os estranhos eventos provocados pelo Povo Corvo, que aterroriza mais territórios, é cada vez mais evidente que as duas missões estão ligadas.
Como era claro nos livros anteriores, toda a narrativa gira em torno da música e da sua importância na vida das pessoas, especialmente da capacidade da música, tocada ou cantada, nos fazer tocar o sobrenatural. Liobhan perde bastante protagonismo nesta história, embora, como é usual, a narrativa alterne entre as perspetivas das várias personagens (Liobhan, Brocc, Aolu, Dau). A presença de Blackthorn, personagem bastante forte da trilogia anterior, mantém-se bastante secundária e a sua indómita natureza efetivamente amenizou-se com a maternidade. Uma nota especial para a relação entre Aolu e Galen, cuja natureza se evidenciará gradualmente – sendo este um tema novo na obra da autora, em que não surgem personagens homossexuais. Ao longo das mais de 400 páginas, a história envolve mas, francamente, não tem propriamente um crescendo. Na verdade, ao longo do livro, acontece muito pouco, até se chegar ao desenlace final que, como sempre, é digno de uma história de encantar ou mesmo da mitologia.
Mundialmente conhecida na área da fantasia histórica celta, Juliet Marillier nasceu em Dunedin, Nova Zelândia, a cidade mais escocesa fora da Escócia. Licenciou-se com distinção em Linguística e Música, na Universidade de Otago, e tem tido uma carreira variada, que inclui o ensino, a interpretação musical e o trabalho em agências governamentais. Os seus livros combinam romance e história, drama e fantasia, folclore e mitologia, no contexto do universo celta. Já venceu 15 prémios literários, como o prestigiado Aurealis Award. Atualmente, Juliet vive numa casa de campo centenária, perto do rio, em Perth, na Austrália, onde escreve a tempo inteiro. É membro da ordem druídica OBOD e cuidadora de um grupo de resgate de animais.
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