Continuo a achar que Homeland (Segurança Nacional) é uma das melhores séries que tenho visto. E tem tido uns volte-faces bastante surpreendentes, como quando matou um dos principais actores.
Nas primeiras temporadas aquilo que nos assombrava era a brilhante interpretação de Claire Danes (muito longe da Julieta de outros tempos), especialmente quando emergia o comportamento da “Crazy Carrie”. Carrie largava por vezes a medicação da sua bipolaridade pois acreditava que era quando começava a perder ligeiramente o juízo que a sua mente até trabalhava melhor, conseguindo juntar mais eficazmente as peças do puzzle (lembram-se de Uma mente brilhante com o Russel Crowe? Pois, aqui não é assim tão acentuado). Mas nestas últimas temporadas a série tornou-se ainda mais brilhante, muito colada à realidade, afastando-se um pouco da turbulência do Médio Oriente pós-11 de Setembro, para passar a Berlim e depois aos E.U.A., para uma mulher-presidente que impõe um regime de terror e medo, prendendo aqueles que ameaçam o seu poder.
Homeland chegou mesmo a antecipar a realidade – penso que foi na temporada 5 -, implicando que a transmissão de um episódio fosse adiada porque aquilo que ia ser mostrado, nesse episódio, aconteceu mesmo na vida real… Dias antes do episódio ir para o ar, ocorreu um ataque bombista em Berlim.
Ontem foi exibido o penúltimo episódio da temporada 8, aquela que se prevê ser também a última temporada desta série. Carrie mantém-se firme como um rochedo no meio das crises que gere – mesmo quando é perseguida e acusada de ser uma agente dupla. Considerando aquilo que Carrie já viveu – perder o amante, acusado de ser um espião; abdicar da custódia da filha; lidar com a sua própria doença; perder um dos seus amigos mais chegados – é até impressionante que ela se mantenha mais lúcida e calma do que nunca. E o final do episódio é de uma ironia poética tão avassaladora que fiquei mesmo arrepiado, com pele de galinha, quando a escolha que se coloca é: salvar o mundo ou o seu mentor e protector? Ver artigo
Começou de forma muito suave e com qualquer coisa de Hillary Clinton, quando o adultério do marido, figura pública, é notícia. Desde então ao longo de 7 temporadas, e numa luta constante de avanços e retrocessos, onde também perdeu muito, Alicia Florrick torna-se numa excelente advogada, quando antes era uma dona de casa que abdicou do seu trabalho e dos seus sonhos logo no início em nome da carreira ascendente do marido e dos dois filhos. No último episódio transmitido a série está de regresso em força, depois de claramente se ter arrastado num passo mais lento e sem tantos cliffhangers como nas temporadas anteriores. Apesar de constantes jogos verbais e diálogos e discussões que mais parecem o Falstaff com várias vozes em ponto e contraponto, uma das coisas mais fascinantes em The Good Wife é a forma como a essência reside no não dito. Como acontece em especial com Alicia. Muitas vezes sentimo-la como um autómato, uma mulher a lutar pela vida e por uma carreira e por uma família – pois nunca abandona o emplastro do marido que depois irá concorrer às presidenciais -, mas imbuída de um forte código de moral que não a torna disposta a tudo para ser bem sucedida. E é tão simplesmente pelo olhar que tentamos perceber o que se passa realmente naquela cabeça. Neste último episódio, onde o passado regressa em força de várias formas, a personagem finalmente rebenta em lágrimas – penso que pela primeira vez, depois de tudo o que lhe tem acontecido, nomeadamente a reputação do marido e a sua vida como tema de telejornal até ter perdido o amante numa das mortes mais inesperadas dos últimos anos de séries televisivas – pois isto não é propriamente o Game of Thrones onde morre sempre alguém a cada final de temporada. Aqui o jogo de cadeiras é outro e sempre bem conseguido com casos jurídicos que retratam bem os dilemas da América e que perspectivam claramente opiniões em conflito mas que são muitas vezes igualmente válidas. Finalmente também sentimos como Alicia Florrick se volta a aproximar de Agos e Lockhart, pois até agora o malabarismo para tentar conseguir juntar estas duas histórias paralelas tem sido cada vez menos bem sucedido. E depois de nos últimos episódios se ter comportado como uma adolescente amuada, com o facto de a perda que sofreu se ter agravado por uma revelação inesperada e que coloca tudo em causa, há um segundo beijo (e um terceiro), porque afinal Alicia também é uma mulher, não tão autómata ou perfeita como as Stepford Wives, ou a Bree de Desperate Housewives, que continua a procurar uma segunda oportunidade no amor. Esta será pelos vistos a última temporada de uma série que sabe não arrastar – ainda que ultimamente tenha andado a pé coxinho – mas parece que se avizinha um final em grande onde tudo encaixará no seu devido lugar. Ver artigo
Fecha-se hoje para mim o círculo iniciado em 2014 com a estreia da série The Affair.
Cheio de pistas sobre a sua própria trama, como o facto de o seu romance de maior sucesso se designar The Descent, esta série narra a história da ruína de um homem, um escritor já aclamado que se debate com o seu próximo romance, quando se envolve com uma empregada de mesa. Esse caso adúltero porá fim ao seu casamento do qual resultaram 4 filhos. No início da série, esta demarcou-se pela forma como explorava a mesma situação vista por perspectivas diferentes, a dele e a dela, mas depressa começou a evoluír para muito mais do que isso, explorando como dois casais diferentes, agora divididos em 4 individualidades, refazem as suas vidas: a emocional e as outras. A última temporada incorre mesmo num ousado salto – depois da morte de uma das protagonistas no final da temporada anterior – e aborda como a vivência de um trauma pode sobreviver nas gerações seguintes, e retratando, subtilmente, um mundo ele próprio em ruína, assim como uma história de amor que sobrevive às mais variadas peripécias, desde o affair à prisão de uma das personagens, num derradeiro sacrifício de amor, ao querer proteger a ex-mulher.
Este final de uma das minhas séries favoritas – e um dos finais mais bem conseguidos de sempre – consegue, num episódio tão extenso e completo quanto um filme, a proeza de juntar todas as pontas soltas, sem deixar nada por fechar. Maura Tierney tem uma interpretação fabulosa, assim como Ruth Wilson. A série venceu 3 Globos de Ouro, de Melhor Série e Melhores Interpretações. Ver artigo
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