Olive Kitteridge, a série de 4 episódios, exibida entre 2016 e 2017 no outrora TvSéries, demarca-se por uma interpretação fantástica de Frances McDormand. Olive Kitteridge mostra-nos como se pode viver com a depressão mesmo quando o passado nos persegue ou quando o nosso cérebro nos faz ver monstros. Na verdade, Olive não parece assombrada pelo demónio da depressão, antes surge como uma mulher de um sentido prático a toda a prova e capaz de um imenso desapego, como quem não permite espaço ao supérfluo da vida, capaz de um humor cáustico que nos arranca gargalhadas em vários momentos, enquanto o marido contrabalança a sua aparente frieza com a sua candura. É também uma exemplar demonstração de como as relações entre mães e filhos podem ser difíceis, como quando Olive e o filho se reúnem após uma ausência mais prolongada e o seu diálogo soa a duelo de esgrima.
O livro de Elizabeth Strout, vencedor do Pulitzer, chega agora pela Alfaguara, que já traduziu e publicou outros livros da autora entre nós, também aqui apresentados, como O meu nome é Lucy Barton e Tudo é possível.