Fundação, de Isaac Asimov, é o primeiro livro da trilogia Fundação, relançado pela Saída de Emergência, que em boa hora retomou aquela que foi em tempos eleita a melhor série de ficção científica de todos os tempos, de um dos maiores autores do género. Publicados entre 2019 e 2020, esta trilogia merece ser agora revisitada a propósito da transmissão da série Fundação dentro de semanas, pela Apple Tv, no que aparenta ser uma megaprodução; a par de outras grandes séries que se aproximam e de que falarei a seu tempo.

Hari Seldon, um filósofo e matemático, é um psico-historiador, o criador de um novo ramo da ciência ou da teoria capaz de prever o futuro, permitindo assim prover a Humanidade no futuro das ferramentas necessárias. Antecipando a ruína do Império, Hari Seldon cria uma espécie de arca (na verdade cria duas…), onde reúne as mentes mais brilhantes do seu tempo, enviados para um outro planeta. É nesse novo mundo, designado Fundação, que esse grupo de pessoas se reúne com a missão de guardar a memória colectiva em torno de uma Enciclopédia Galáctica. Até que descubram qual é verdadeiramente o propósito da Fundação.

Este primeiro livro da trilogia tem Hari Seldon como figura central mas não se trata de um livro em torno de um protagonista. Antes constituído por uma série de capítulos, vamos conhecendo a Fundação ao longo do tempo, com saltos de 30 ou de 50 anos, testemunhando momentos-chave da vida da Fundação que procura restaurar a antiga glória do Império. No entanto, há que continuar a fazer face à ganância.

«A guerra toda é uma luta entre estes dois sistemas, entre o Império e a Fundação, entre o grande e o pequeno. (…)

Ao longo da história, os déspotas no poder trocaram o bem-estar dos seus súbditos pelo que eles consideram ser honra, glória e conquista. Mas ainda são as pequenas coisas da vida que contam…» (p. 281)

Isaac Asimov nasceu na Rússia em 1920 . Foi para os Estados Unidos aos três anos. Doutorado em Bioquímica, é um dos autores mais influentes e reconhecidos na área da ficção científica e da divulgação científica no século XX. Começou a escrever a série Fundação com 21 anos e ao longo da sua carreira escreveu mais de 470 livros sobre vários temas.

print
Paulo Nóbrega Serra
Written by Paulo Nóbrega Serra
Sou doutorado em Literatura com a tese «O realismo mágico na obra de Lídia Jorge, João de Melo e Hélia Correia», defendida em Junho de 2013. Mestre em Literatura Comparada e Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas, autor da obra O Realismo Mágico na Literatura Portuguesa: O Dia dos Prodígios, de Lídia Jorge e O Meu Mundo Não É Deste Reino, de João de Melo, fruto da minha tese de mestrado. Tenho ainda três pequenas biografias publicadas na colecção Chamo-me: Agostinho da Silva, Eugénio de Andrade e D. Dinis. Colaboro com o suplemento Cultura.Sul e com o Postal do Algarve (distribuídos com o Expresso no Algarve e disponíveis online), e tenho publicado vários artigos e capítulos na área dos estudos literários. Trabalhei como professor do ensino público de 2003 a 2013 e ministrei formações. De Agosto de 2014 a Setembro de 2017, fui Docente do Instituto Camões em Gaborone na Universidade do Botsuana e na SADC, sendo o responsável pelo Departamento de Português da Universidade e ministrei cursos livres de língua portuguesa a adultos. Realizei um Mestrado em Ensino do Português e das Línguas Clássicas e uma pós-graduação em Ensino Especial. Vivi entre 2017 e Janeiro de 2020 na cidade da Beira, Moçambique, onde coordenei o Centro Cultural Português, do Camões, dois Centros de Língua Portuguesa, nas Universidades da Beira e de Quelimane. Fui docente na Universidade Pedagógica da Beira, onde leccionava Didáctica do Português a futuros professores. Resido agora em Díli, onde trabalho como Agente de Cooperação e lecciono na UNTL disciplinas como Leitura Orientada e Didáctica da Literatura. Ler é a minha vida e espero continuar a espalhar as chamas desta paixão entre os leitores amigos que por aqui passam.