
Se o leitor não atender ao título, pode surpreendê-lo que os 16 ensaios e discursos de Jonathan Franzen, reunidos neste volume, publicado no final do ano passado pela D. Quixote, se debrucem não sobre literatura ou escrita, mas essencialmente sobre o meio ambiente; detentor de uma voz pessimista, ou cruamente realista, de que as medidas que sejam tomadas simplesmente já não podem evitar o pior, pois mesmo que tudo se mude, como se defendia há mais de 20 anos, a ideia de que a aceitação universal dos factos e uma acção colectiva à escala mundial pode travar o pior é, afinal, uma ficção (p. 27). Note-se como Moçambique, no espaço de um mês, foi assolado primeiro pelo ciclone Idai (que eu vivi, aqui na Beira) e depois pelo Kenneth, provocando centenas de mortos e dezenas de milhares de desalojados, naquele que já é considerado o pior cenário de catástrofe ambiental do Hemisfério Sul.
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