William Faulkner, um dos maiores e mais inovadores romancistas norte-americanos do século XX, terá escrito este livro pouco depois da publicação do seu primeiro romance, A Recompensa do Soldado (1926).
A 5 de fevereiro de 1927, Faulkner ofereceu um exemplar de A Árvore dos Desejos, dactilografado e encadernado por si, à pequena Victoria Franklin, no seu oitavo aniversário, onde narra as aventuras de Dulcie no dia em que também acorda para o seu aniversário. Victoria era filha de Estelle Oldham, uma antiga namorada de adolescência e sempiterna paixão do escritor que não desistiu enquanto não conseguiu casar-se com ela em 1929. A história nunca foi publicada senão dois anos depois da morte do autor, em 1964, com ilustrações de Don Bolognese, tal como se reproduz nesta bonita edição de capa dura da Ponto de Fuga.
William Faulkner nasceu no Mississípi, no Sul dos Estados Unidos, a 25 de setembro de 1897, e foi-lhe atribuído o Prémio Nobel da Literatura em 1949.
O único livro infantil do autor cruza o imaginário de Alice no País das Maravilhas, com pessoas e animais que encolhem e aumentam de tamanho, com o da sua ficção adulta, situando a história de forma vaga no contexto norte-americano dos tempos da guerra e da escravatura, através das personagens de Alice e do marido, soldado morto ou desaparecido que magicamente regressa, e antecipa recursos narrativos e estilísticos do seu romance mais célebre, O Som e a Fúria (1929). Aquilo que pode parecer do reino do sonho ou do absurdo revela-se afinal como uma preciosa lição de vida, onde as personagens muitas vezes desperdiçam desejos em coisas inúteis, sem sequer se aperceber que afinal já encontraram a Árvore dos Desejos que buscavam, essa entidade mítica que continuam a procurar numa saga quixotesca cheia de peripécias e mal-entendidos.
A editora Ponto de Fuga inaugurou com este título uma colecção infanto-juvenil composta por escritores que não são usualmente autores de livros infantis, como Gertrude Stein, Ted Hughes ou E.E. Cummings. No Plano Nacional de Leitura para 2017 este livro surge como recomendação para o 9.º ano.
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