Viver num Mundo Imprevisível, de Frédéric Lenoir, foi recentemente publicado pela Quetzal, com tradução de Sandra Silva. Frédéric Lenoir é o autor de O Milagre Espinosa – Uma filosofia para iluminar a nossa vida, bestseller que vendeu mais de 300 mil exemplares em França, e narra a vida e obra de Baruch de Espinosa de um jeito claro e envolvente, revivificando e transpondo para o nosso tempo o pensamento deste pensador, falecido em 1677. Ver artigo
A Ciência do Sistema Imunitário, de Matt Richtel, publicado pela Temas e Debates, é um livro de não-ficção de quase 500 páginas que se lê com o fôlego de uma narrativa. Este livro baseia-se numa aclamada série de artigos sobre imunoterapia do The New York Times e em conversas que o autor manteve com dezenas de cientistas de renome mundial: «O somatório dessa minha viagem de aprendizagem compõe uma série de quadros e de lições, histórias de pessoas e fulcrais momentos científicos «eureca», fazendo com que o presente livro seja mais uma narrativa do que um manual científico.» (p. 23) Ver artigo
Conforme comecei a viver fora (e já lá vão 8 anos) e, por conseguinte, a viajar mais dentro e ao redor dos países onde tenho vivido, há um autor que se tem tornado um guia, dos sítios por onde andei e dos locais aonde alimento a esperança de ir. Enquanto vivi no Botsuana fiz-me acompanhar do Viagem por África, quando viajei por Angola e Namíbia, percorri simultaneamente as páginas de O último comboio para a Zona Verde, quando vivia na Beira, e era impossível pensar em viajar por uns tempos, após a passagem do ciclone Idai, embarquei n’O Grande Bazar Ferroviário, e agora, numa ilha fechada há mais de um ano, e a fazer quase 3 meses de confinamento, sem praticamente sair de casa se não uma vez de duas em duas semanas para me abastecer de comida, era altura de voltar a mudar de ares. Na Planície das Serpentes – Uma Viagem pelo México, de Paul Theroux, autor publicado pela Quetzal, era a fuga possível. Ver artigo
Maya Angelou tinha 17 anos quando, de uma relação totalmente acidental e infeliz, quase como uma curiosidade que lhe cumpria esclarecer, nasceu o seu único filho. Esse rapaz viria a revelar-se uma dádiva numa vida que não foi sempre feliz. Mas neste pequeno livro Maya Angelou escreve-nos, na primeira pessoa, sobretudo de dádivas e lições que a vida lhe deu. Estes 28 pequenos textos, onde confluem também alguns poemas, são ensinamentos, sob a forma de pequenas histórias de vida, que a autora deseja transmitir à filha que nunca teve, escrevendo para as suas muitas filhas: «Dei à luz uma criança, um rapaz, mas tenho milhares de filhas. Sois brancas e negras, judias e muçulmanas, asiáticas, hispânicas, ameríndias e esquimós. Sois gordas e magras e bonitas e feias, homossexuais e heterossexuais, instruídas e iletradas, e estou a falar para todas vós. É isto que tenho para vos oferecer.» Ver artigo
Os Seis Segredos da Inteligência: o que a sua educação não conseguiu ensinar-lhe, de Craig Adams, agora publicado pela Temas e Debates, é um livro fundamental para qualquer pensador ou pedagogo. O autor parte da premissa controversa de que, quando se fala dos nossos tempos como a era da pós-verdade, o problema assenta sobretudo numa educação moderna que não nos ensina a pensar por nós próprios. Por conseguinte, a inteligência, ou a falta dela, isto é, a forma como pensamos, é o resultado daquilo que nos foi incutido, e tem como reflexo a aceitação passiva da desinformação, das fake news, dos debates polémicos e vazios nas redes sociais, em que são debitados argumentos tão ocos quanto veementes, das mentiras descaradas de um político nas suas declarações, ou das estatísticas apresentadas de forma tendenciosa (nestes últimos dois casos, o autor apresenta e desmonta exemplos concretos). Ver artigo
«Enquanto Factfulness é sobre as razões pelas quais as pessoas consideram o desenvolvimento à escala global tão difícil de entender, este livro é sobre mim e sobre como cheguei a esse conhecimento.
Por outras palavras, esta é uma memória. Ao contrário de Factfulness, é muito escassa em números. Em vez disso, conto histórias sobre ter conhecido pessoas que me abriram os olhos e me fizeram recuar e pensar duas vezes.» (p. 10)
Como Aprendi a Compreender o Mundo, publicado pela Temas E Debates, é o livro de memórias de Hans Rosling, que se tornou mundialmente conhecido como o génio sueco da estatística, mas cuja história de vida é totalmente distinta. Quando em 2016 se confirma o diagnóstico de cancro do pâncreas escrever este livro, com a colaboração da jornalista sueca Fanny Härgestam, torna-se uma prioridade. O autor faleceu em 2017.
Hans Rosling começa por contar a história da sua família e de como as mudanças ao longo das últimas gerações o ajudaram a perspectivar a evolução num mundo mais vasto, ao testemunhar como a vida dos seus avôs e pais, que eram pobres, mudou, conforme a Suécia, um estado social em expansão, melhorou as suas condições económicas e de saúde. Por conseguinte, nos anos 60 na Suécia, era comum crescer numa casa simples e o pai ser operário numa fábrica, mas «ser o primeiro da família a ir para a universidade era raro e especial» (p. 39). Hans estava ainda no primeiro ano de medicina quando conhece Eduardo Mondlane, um professor assistente moçambicano em Nova Iorque que deixou a carreira académica para passar a liderar a FRELIMO, a Frente de Libertação de Moçambique. No fim desse encontro, Mondlane faz Hans prometer que irá trabalhar em Moçambique como médico, dois anos depois Mondlane é assassinado, mas Hans cumprirá a sua promessa. Um dos aspectos mais curiosos desta memória do autor é a relação que estabelece com o Moçambique pós-independência (ele e a mulher aprenderam português ainda antes da viagem, como parte dos preparativos). Apesar de este livro cruzar várias experiências ao longo da vida do autor, com passagem por diversos locais como Cuba ou o combate na linha da frente à epidemia de ébola na África Ocidental, é claro como a sua experiência e aprendizagem em Moçambique será determinante, apesar de durar 2 anos apenas, e constituir praticamente metade destas memórias, até na forma como o autor revela uma imensa humildade e humor perante os desafios que enfrentou.
Hans Rosling foi médico, investigador e professor de Saúde Internacional. Foi conselheiro da Organização Mundial de Saúde e da UNICEF e cofundador dos Médicos sem Fronteiras na Suécia e da Gapminder Foundation. Fez parte da lista da Times das cem pessoas mais influentes do mundo e as suas conferências TED foram vistas mais de 35 milhões de vezes. Hans morreu em 2017, tendo dedicado os seus últimos anos à escrita de Factfulness, publicado pela Temas e Debates em 2019.
Por outras palavras, esta é uma memória. Ao contrário de Factfulness, é muito escassa em números. Em vez disso, conto histórias sobre ter conhecido pessoas que me abriram os olhos e me fizeram recuar e pensar duas vezes.» (p. 10)
Como Aprendi a Compreender o Mundo, publicado pela Temas E Debates, é o livro de memórias de Hans Rosling, que se tornou mundialmente conhecido como o génio sueco da estatística, mas cuja história de vida é totalmente distinta. Quando em 2016 se confirma o diagnóstico de cancro do pâncreas escrever este livro, com a colaboração da jornalista sueca Fanny Härgestam, torna-se uma prioridade. O autor faleceu em 2017.
Hans Rosling começa por contar a história da sua família e de como as mudanças ao longo das últimas gerações o ajudaram a perspectivar a evolução num mundo mais vasto, ao testemunhar como a vida dos seus avôs e pais, que eram pobres, mudou, conforme a Suécia, um estado social em expansão, melhorou as suas condições económicas e de saúde. Por conseguinte, nos anos 60 na Suécia, era comum crescer numa casa simples e o pai ser operário numa fábrica, mas «ser o primeiro da família a ir para a universidade era raro e especial» (p. 39). Hans estava ainda no primeiro ano de medicina quando conhece Eduardo Mondlane, um professor assistente moçambicano em Nova Iorque que deixou a carreira académica para passar a liderar a FRELIMO, a Frente de Libertação de Moçambique. No fim desse encontro, Mondlane faz Hans prometer que irá trabalhar em Moçambique como médico, dois anos depois Mondlane é assassinado, mas Hans cumprirá a sua promessa. Um dos aspectos mais curiosos desta memória do autor é a relação que estabelece com o Moçambique pós-independência (ele e a mulher aprenderam português ainda antes da viagem, como parte dos preparativos). Apesar de este livro cruzar várias experiências ao longo da vida do autor, com passagem por diversos locais como Cuba ou o combate na linha da frente à epidemia de ébola na África Ocidental, é claro como a sua experiência e aprendizagem em Moçambique será determinante, apesar de durar 2 anos apenas, e constituir praticamente metade destas memórias, até na forma como o autor revela uma imensa humildade e humor perante os desafios que enfrentou.
Hans Rosling foi médico, investigador e professor de Saúde Internacional. Foi conselheiro da Organização Mundial de Saúde e da UNICEF e cofundador dos Médicos sem Fronteiras na Suécia e da Gapminder Foundation. Fez parte da lista da Times das cem pessoas mais influentes do mundo e as suas conferências TED foram vistas mais de 35 milhões de vezes. Hans morreu em 2017, tendo dedicado os seus últimos anos à escrita de Factfulness, publicado pela Temas e Debates em 2019.
Num período em que o mundo vive novo confinamento, com uma vaga ainda mais avassaladora de casos, e em que eu, pessoalmente, estou fechado numa casa estranha a cumprir a quarentena requerida àqueles chegam de viagem, com quase nenhum contacto com o mundo exterior (a não ser o virtual), este livro não podia ter chegado em melhor altura. Imagine: Relatos de um tempo estranho, atípico e extraordinário, publicado pela Arranha-céus (editora chancela da abysmo), é um livro feito por pessoas que nasce da partilha de testemunhos online entre amigos e clientes da Mercer Portugal sobre como foi vivida a pandemia, o que mudou e moldou a nossa vida, assim como a nossa forma de trabalhar. Esta ideia nasceu de um momento de partilha durante as noites de confinamento instituído em março de 2020 em que a Mercer “juntou” por Zoom amigos e conhecidos, em grupos de 5 a 7 pessoas para, em tom informal e descontraído, falarem sobre si e as suas experiências. Estas conversas decorreram às «5 para as 10 da noite» com o requisito obrigatório de se fazerem acompanhar por um copo de vinho e culminam neste livro que reúne 28 testemunhos de profissionais das áreas de Recursos Humanos, Marketing e Direcção de empresas, isto é, «Pessoas de Pessoas» (p. 41) das mais diversas áreas, como a hotelaria, seguradoras, banca, ensino, etc.
De março a agosto viveu-se a Guerra do Medo, como escreve Diogo Alarcão (CEO da Mercer Portugal), inclusive Medo do Futuro, pois «esta guerra que nos surpreendeu em 2020 tem esta capacidade de destruir parte das nossas certezas sobre o amanhã» (p. 16).
Um testemunho com base em 6 meses de pandemia e confinamento, sem ser técnico pois é sobretudo baseado na vivência pessoal permite desvelar como o mundo (as empresas, as pessoas) aprendem a reinventar-se para poder prosseguir. Ana Guimarães, dá-nos alguns exemplos disso mesmo, de como a empresa procurou proteger os seus, alterando a dinâmica do trabalho em equipa (mais “emocional”, mais conciso) e oferecendo-lhes soluções viáveis num tempo em que as certezas ruíram e o mundo deixou de ser redondo. Mas o importante é compreender que a vida é sobretudo mudança, e «mudar não é um drama», ou não deveria ser, mesmo quando temos de aprender a tentar ver o sorriso das pessoas nos olhos, pois nestes «tempos de máscara (…) anulando o sorriso, onde fica uma das maiores expressões humanas?», pergunta-nos Ricardo Aguiar (p. 37).
«Esta partilha é escrita a pensar nos netos» (p. 31), como afirma Teresa Nascimento, e também apresenta caminhos possíveis num tempo em que casa e escritório se tornaram uma «mistura agridoce» (p. 26), nas palavras de Paula Carneiro, ao mesmo tempo que muitos de nós, obrigados a parar, aprenderam a valorizar o tempo, sempre escasso porque muitas vezes não sabíamos como efectivamente o viver. E o tempo revela-se agora tanto mais rentável quanto mais criativos e imaginativos nos (re)criamos.
Numa história que ainda não acabou, espera-se um impacto brutal a nível económico, humano, social, com este vírus «anti-humano» ou «antitoque» (p. 38) que se propaga à mesma velocidade com que conduzíamos os nossos segundos de vida, mas sobrevivem algumas certezas, como a de que a nossa união permite vislumbrar um horizonte. As últimas páginas do livro mostram-nos, em números e imagens, o que mudou no mundo e no país, além de conter citações pertinentes de algumas personalidades.
Fechamos com as palavras do prefácio de Diogo Alarcão: «acredito que muitos leitores se irão rever nestas partilhas e já que estamos a voltar ao confinamento também aprender com elas. Este livro servirá também para avaliarmos se o que pensávamos e defendíamos em 2020 vai acontecer de facto: os modelos híbridos ficaram para durar? As empresas tornaram-se mais humanas? A comunicação foi elemento chave para o processo de transformação organizacional? Os investimentos na saúde e bem-estar tiveram um incremento significativo?»
De março a agosto viveu-se a Guerra do Medo, como escreve Diogo Alarcão (CEO da Mercer Portugal), inclusive Medo do Futuro, pois «esta guerra que nos surpreendeu em 2020 tem esta capacidade de destruir parte das nossas certezas sobre o amanhã» (p. 16).
Um testemunho com base em 6 meses de pandemia e confinamento, sem ser técnico pois é sobretudo baseado na vivência pessoal permite desvelar como o mundo (as empresas, as pessoas) aprendem a reinventar-se para poder prosseguir. Ana Guimarães, dá-nos alguns exemplos disso mesmo, de como a empresa procurou proteger os seus, alterando a dinâmica do trabalho em equipa (mais “emocional”, mais conciso) e oferecendo-lhes soluções viáveis num tempo em que as certezas ruíram e o mundo deixou de ser redondo. Mas o importante é compreender que a vida é sobretudo mudança, e «mudar não é um drama», ou não deveria ser, mesmo quando temos de aprender a tentar ver o sorriso das pessoas nos olhos, pois nestes «tempos de máscara (…) anulando o sorriso, onde fica uma das maiores expressões humanas?», pergunta-nos Ricardo Aguiar (p. 37).
«Esta partilha é escrita a pensar nos netos» (p. 31), como afirma Teresa Nascimento, e também apresenta caminhos possíveis num tempo em que casa e escritório se tornaram uma «mistura agridoce» (p. 26), nas palavras de Paula Carneiro, ao mesmo tempo que muitos de nós, obrigados a parar, aprenderam a valorizar o tempo, sempre escasso porque muitas vezes não sabíamos como efectivamente o viver. E o tempo revela-se agora tanto mais rentável quanto mais criativos e imaginativos nos (re)criamos.
Numa história que ainda não acabou, espera-se um impacto brutal a nível económico, humano, social, com este vírus «anti-humano» ou «antitoque» (p. 38) que se propaga à mesma velocidade com que conduzíamos os nossos segundos de vida, mas sobrevivem algumas certezas, como a de que a nossa união permite vislumbrar um horizonte. As últimas páginas do livro mostram-nos, em números e imagens, o que mudou no mundo e no país, além de conter citações pertinentes de algumas personalidades.
Fechamos com as palavras do prefácio de Diogo Alarcão: «acredito que muitos leitores se irão rever nestas partilhas e já que estamos a voltar ao confinamento também aprender com elas. Este livro servirá também para avaliarmos se o que pensávamos e defendíamos em 2020 vai acontecer de facto: os modelos híbridos ficaram para durar? As empresas tornaram-se mais humanas? A comunicação foi elemento chave para o processo de transformação organizacional? Os investimentos na saúde e bem-estar tiveram um incremento significativo?»
As Mulheres da Minha Alma, de Isabel Allende, publicado simultaneamente pela Porto Editora e pelo Círculo de Leitores em Novembro de 2020, com o subtítulo Sobre o amor impaciente, a vida longa e as bruxas boas, é o mais recente livro de Isabel Allende, pouco menos de um ano depois do seu retorno à ficção histórica em Longa pétala de mar, poderoso romance ao nível dos melhores livros da autora. Isabel Allende tem agora quase 80 anos, mais de 20 livros publicados, cerca de 70 milhões de exemplares vendidos um pouco por todo o mundo e é a autora de língua espanhola mais lida.
Este não é o primeiro livro de não-ficção da autora, mas é certamente dos mais complexos, construído num palimpsesto. Apesar de começar com um tom memorialista, num registo autobiográfico da infância à idade madura, converte-se depois num manifesto feminista, onde não faltam números, estatísticas, citações, situações experienciadas em primeira mão e dados preocupantes que revivificam a jornalista que Isabel Allende era antes de se dedicar à escrita por inteiro. Allende criou aliás uma Fundação destinada ao empoderamento das mulheres e meninas de alto risco com as receitas provenientes do livro Paula, uma memória e uma carta de celebração da vida da sua filha – não lhe podemos chamar despedida pois para Allende a sua filha Paula, tal como outros espíritos amigos, nunca partiu completamente.
Este livro, escrito para as suas leitoras, é também uma declaração de amor para essas mulheres extraordinárias que compuseram a sua vida – Paula, a agente literária Carmen Balcells, a mãe Panchita – e que nós já conhecemos tão bem como as suas personagens de papel, como a omnipresente Eliza Sommers (heroína de Filha da Fortuna), além de outras mulheres cuja vida tem sido dedicada a tornar o mundo um lar para todas as mulheres, e ainda escritoras companheiras de percurso que Allende vai evocando e citando, como Margaret Atwood ou Virginia Woolf. Mas além do feminismo este é também um livro sobre envelhecer com graciosidade e sobre o amor, mesmo em tempos de pandemia.
Este não é o primeiro livro de não-ficção da autora, mas é certamente dos mais complexos, construído num palimpsesto. Apesar de começar com um tom memorialista, num registo autobiográfico da infância à idade madura, converte-se depois num manifesto feminista, onde não faltam números, estatísticas, citações, situações experienciadas em primeira mão e dados preocupantes que revivificam a jornalista que Isabel Allende era antes de se dedicar à escrita por inteiro. Allende criou aliás uma Fundação destinada ao empoderamento das mulheres e meninas de alto risco com as receitas provenientes do livro Paula, uma memória e uma carta de celebração da vida da sua filha – não lhe podemos chamar despedida pois para Allende a sua filha Paula, tal como outros espíritos amigos, nunca partiu completamente.
Este livro, escrito para as suas leitoras, é também uma declaração de amor para essas mulheres extraordinárias que compuseram a sua vida – Paula, a agente literária Carmen Balcells, a mãe Panchita – e que nós já conhecemos tão bem como as suas personagens de papel, como a omnipresente Eliza Sommers (heroína de Filha da Fortuna), além de outras mulheres cuja vida tem sido dedicada a tornar o mundo um lar para todas as mulheres, e ainda escritoras companheiras de percurso que Allende vai evocando e citando, como Margaret Atwood ou Virginia Woolf. Mas além do feminismo este é também um livro sobre envelhecer com graciosidade e sobre o amor, mesmo em tempos de pandemia.
P – Iniciar este livro é como ler uma memória, mas apesar de ter sido escrito por uma mulher sobre as suas mulheres e para as suas leitoras mulheres (que interpela constantemente), páginas depois de evocar a sua mãe percebemos que há uma figura masculina que é quem mais se destaca, a do seu avô.
R – Alguns homens têm sido muito importantes na minha vida, em particular o meu avô, o meu padrasto e o meu filho Nicolás. Eu vivi com o meu avô até aos 10 anos; ele foi um pai-substituto para mim pois o meu pai biológico abandonou a família. Os seus ensinamentos, o seu exemplo, o seu código moral rígido e as suas histórias extraordinárias formaram o meu carácter desde cedo. A sua voz vive constantemente na minha mente. Creio que me tornei feminista em parte como desafio à autoridade patriarcal do meu avô.
P – Foi aliás para esse avô que escreveu A Casa dos Espíritos, romance que começou como uma carta de despedida quando soube que ele estava doente. Como conseguimos relacionar o avô que tantas vezes recorda, com carinho e admiração, com a figura autoritária e por vezes cruel de Esteban Trueba (que Jeremy Irons interpretou tão bem)?
R – Esteban Trueba representa uma elite conservadora e quase feudal de proprietários chilenos durante a primeira metade do século XX. Chamavam-se a si mesmos de “aristocracia castellano-vasca”, a aristocracia castelhana e basca. O meu avô tinha alguns dos traços de Esteban, em parte porque pertenceu à mesma alta classe social, mas não era um violador nem um assassino. O meu avô foi um homem digno, honesto, e com altos princípios. Tenho a certeza de que não se teria reconhecido no carácter de Esteban Trueba.
P – Neste livro refere-se sempre apenas de raspão à questão do exílio, quando se viu obrigada a sair do Chile, devido ao golpe militar.
R – Não era pertinente para o livro e já o contei em outras memórias, como Paula ou O Meu País Inventado.
P – A sua avó Isabel é uma memória frágil de quem herdou a sua espiritualidade e sensibilidade. A personagem Clara é inspirada na sua avó. Chegou a conhecê-la bem?
R – Não conheci bem a minha avó porque ela morreu quando eu era pequena. Lembro-me dela vagamente e suponho que terei inventado o resto com base naquilo que ouvi contar. Ela era uma espécie de lenda. Há muitas histórias e anedotas sobre ela e as suas faculdades paranormais. Eu cresci com uma avó mítica.
P – Por falar em Clara e Esteban Trueba, quando o filme foi rodado em Portugal chegou a acompanhar as filmagens? Como se sentiu ao ver o seu livro transformado num filme que, inclusivamente, corta uma das gerações, pois de Clara passa para Alba, esquecendo Blanca…
R – Não visitei as filmagens em Portugal. Passei uma semana com a equipa da filmagem num estúdio em Copenhaga. Gostei muito do filme e não me importei quanto às mudanças inevitáveis que o realizador teve de fazer.
P – Entre todas as personagens que chegam a pulular entre livros, como Nívea e Severo Del Valle, ou mesmo Clara que ressurge em Longa pétala de mar, a que aqui se destaca é Eliza Sommers, a jovem que partiu por amor para o cenário da febre do ouro e se fez passar por homem.
R – Para mim Eliza Sommers representa as primeiras feministas que tiveram de deixar a segurança (e prisão) das suas casas e tomar de assalto o mundo dos homens. Eliza foi à procura do amor e conquistou algo igualmente precioso: a liberdade.
P – Quase poderíamos pensar que a Isabel é uma céptica no amor… Eliza, como várias heroínas suas, não é a jovem donzela que se deixa arrebatar pois nos seus livros o amor nunca é cor-de-rosa mas sim uma espécie de via para a emancipação… Eliza, aliás, termina o livro sem o homem que perseguia e descobre o amor onde menos esperava…
R – O amor tem sido importante na minha vida. Sou abençoada; nunca vivi sem amor. É também importante na minha escrita, mas, tal como diz, o amor nunca é perfeito, porque não é perfeito na vida real. Desejava poder escrever romances com um final feliz!
P – Ainda sobre o amor… os seus últimos romances parecem pulsar com a pujança dos primeiros, como O amante japonês ou Longa pétala de mar.
R – A idade não alterou a sede por amor na minha vida ou o entusiasmo de escrever sobre o amor nos meus livros. E porque é que haveria de alterar? Sei que o amor e a paixão são possíveis em qualquer idade, por isso nos meus últimos três romances tenho amantes mais velhos.
P – Apesar de viver a maior parte da sua vida na Califórnia, ainda hoje escreve em espanhol. No livro, pode ler-se que «A linguagem é muito importante, pois costuma determinar a forma como pensamos.» (p. 68) Pode explicar-nos porque é que ainda hoje continua a escrever em espanhol? É também a língua em que pensa? A língua em que sente melhor?
R – Eu vivi em inglês durante 32 anos, mas ainda sonho, conto, rezo, cozinho, faço amor e escrevo apenas em espanhol. Claro que preciso de ter um dicionário de Espanhol na minha secretária porque esqueço-me com frequência de palavras em espanhol que só me ocorrem em inglês. E vice-versa…
P – Neste livro não só cria um manifesto feminista como um libelo do envelhecimento, mas sobretudo contesta o politicamente correcto e defende o binário pois separa muito bem a forma de sentir e de pensar da mulher da do homem…
R – Não sou contra os géneros fluídos, muito pelo contrário, defendo o direito de cada indivíduo definir o seu género. Não é preciso mantermo-nos apenas entre um género ou outro. Contudo, ao falar da nossa civilização, é necessário usar os termos masculino ou feminino para definir valores e atitudes. O patriarcado é o sistema prevalecente para a opressão política, económica, cultural e religiosa; durante milhares de anos tem assegurado o domínio e os privilégios do género masculino. O feminismo é uma revolta contra a autoridade masculina. Pretende substituir o patriarcado com um sistema em que a gestão mundial seja partilhada equitativamente entre homens e mulheres, em números e condições, e que os valores masculinos e femininos tenham o mesmo peso na sociedade. Esses valores são diferentes.
P – Além do empoderamento feminino, a sua Fundação também se centrou no apoio aos refugiados desde 2016, principalmente na fronteira entre os E.U.A. e o México.
R – Sim. Há uma crise humanitária na fronteira entre os E.U.A. e o México em que se reuniram milhares de pessoas que procuram asilo e migrantes que fugiram às condições terríveis na América Central. Entre eles, os mais vulneráveis são mulheres e crianças. A minha fundação tenta ajudá-los.
P – Num livro que apela à mudança de consciência, escreve as últimas páginas em março de 2020 em pleno confinamento justamente quando o mundo quase parou. O que acrescentaria quanto ao que se tem vivido desde então?
R – Espero que o mundo tenha aprendido uma lição difícil. O vírus tem-nos ensinado de que somos uma família humana; o que acontece a uma pessoa numa cidade na China acontece a todos nós e a única forma de vencer este inimigo invisível é através de um esforço colectivo global. Todos vivemos neste planeta frágil. Temos um destino comum. Espero que depois da pandemia sejamos capazes de imaginar e criar uma normalidade melhor, uma realidade mais inclusiva, sustentável, razoável, empática.
P – Por fim, os vários poemas citados e em destaque neste livro obedecem a critérios afectivos?
R – Os poemas ilustram alguns dos temas do texto. Por exemplo, quando eu explico porque é que o feminismo é Ruidoso, o poema «Arde» de Miguel Gane, que inicia por «Não, caladinha não ficas mais bonita», pareceu-me apropriado.
Andei literalmente a namorar este livro uns anos, até que nestas festas houve finalmente oportunidade de o agarrar – e com a sorte de estar disponível em duas bibliotecas municipais (Faro e Loulé).
A Sexta Extinção, de Elizabeth Kolbert, publicado pela Elsinore em 2014, é uma leitura recomendada por Yuval Noah Harari, Al Gore, Bill Gates e Barack Obama, entre outras personalidades mundiais. Venceu o Prémio Pulitzer, foi finalista do National Book Critics Award, e é considerado um dos livros de divulgação científica mais relevantes dos últimos anos.
Em registo de reportagem, a autora dá-nos conta das suas andanças pelo mundo, combinando resultados de uma extensa investigação no terreno com a apresentação do trabalho de geólogos, botânicos e biólogos marinhos. Este documento inédito é sobretudo um apelo urgente que apresenta como nos encaminhamos inexoravelmente para uma sexta extinção:
«Estima-se que um terço de todos os corais de recifes, um terço de todos os moluscos de água doce, um terço dos tubarões e raias, um quarto de todos os mamíferos, um quinto de todos os répteis e um sexto de todas as aves estejam a caminhar para o extermínio. As perdas ocorrem por todo o lado: no Pacífico Sul e no Atlântico Norte; no Ártico e no Sahel, nos lagos e nas ilhas, no topo das montanhas e nos vales.» (p. 31)
Nesta era que se pode designar como a do Antropocénico, e entre muitos outros aspectos aqui registados, um dos aspectos mais curiosos e preocupantes é, a meu ver, a forma como o ser humano iniciou um processo de remistura da flora e da fauna, que acelerou com a migração humana nas últimas décadas, e provoca que em algumas partes do mundo as espécies não-nativas suplantem as nativas – muitas vezes, extinguindo-as. Calcula-se, por exemplo, que em 24 horas cerca de 10 mil espécies diferentes sejam transportadas pelo mundo nas águas do lastro dos barcos (p. 249). Isto tem implicações inclusivamente nos organismos patogénicos e nos seus novos hospedeiros (veja-se como o coronavírus rapidamente se espalhou por todo o glope, com a nova estirpe originada no Japão já presente em lugares como a Amazónia).
Nos últimos 500 milhões de anos, a Terra passou por cinco extinções em massa, nas quais a diversidade da vida no planeta se reduziu drástica e subitamente. Atualmente, e pela primeira vez na História, decorre um processo de extinção em massa provocado por uma única espécie, o Homem, e é também o Homem, ou alguns deles que aqui ganham voz, que ainda está a tentar combater o tempo.
A Sexta Extinção, de Elizabeth Kolbert, publicado pela Elsinore em 2014, é uma leitura recomendada por Yuval Noah Harari, Al Gore, Bill Gates e Barack Obama, entre outras personalidades mundiais. Venceu o Prémio Pulitzer, foi finalista do National Book Critics Award, e é considerado um dos livros de divulgação científica mais relevantes dos últimos anos.
Em registo de reportagem, a autora dá-nos conta das suas andanças pelo mundo, combinando resultados de uma extensa investigação no terreno com a apresentação do trabalho de geólogos, botânicos e biólogos marinhos. Este documento inédito é sobretudo um apelo urgente que apresenta como nos encaminhamos inexoravelmente para uma sexta extinção:
«Estima-se que um terço de todos os corais de recifes, um terço de todos os moluscos de água doce, um terço dos tubarões e raias, um quarto de todos os mamíferos, um quinto de todos os répteis e um sexto de todas as aves estejam a caminhar para o extermínio. As perdas ocorrem por todo o lado: no Pacífico Sul e no Atlântico Norte; no Ártico e no Sahel, nos lagos e nas ilhas, no topo das montanhas e nos vales.» (p. 31)
Nesta era que se pode designar como a do Antropocénico, e entre muitos outros aspectos aqui registados, um dos aspectos mais curiosos e preocupantes é, a meu ver, a forma como o ser humano iniciou um processo de remistura da flora e da fauna, que acelerou com a migração humana nas últimas décadas, e provoca que em algumas partes do mundo as espécies não-nativas suplantem as nativas – muitas vezes, extinguindo-as. Calcula-se, por exemplo, que em 24 horas cerca de 10 mil espécies diferentes sejam transportadas pelo mundo nas águas do lastro dos barcos (p. 249). Isto tem implicações inclusivamente nos organismos patogénicos e nos seus novos hospedeiros (veja-se como o coronavírus rapidamente se espalhou por todo o glope, com a nova estirpe originada no Japão já presente em lugares como a Amazónia).
Nos últimos 500 milhões de anos, a Terra passou por cinco extinções em massa, nas quais a diversidade da vida no planeta se reduziu drástica e subitamente. Atualmente, e pela primeira vez na História, decorre um processo de extinção em massa provocado por uma única espécie, o Homem, e é também o Homem, ou alguns deles que aqui ganham voz, que ainda está a tentar combater o tempo.
Ensaio sobre o dia conseguido – Um Sonho de Dia de Inverno, de Peter Handke, publicado pela Relógio d’Água, é o livro perfeito para começar o ano – a ler.
Ao jeito de um diálogo platónico, quase numa estrutura de pergunta-resposta, pergunta essa que funciona na verdade como um refrão, Peter Handke tenta escrever um ensaio, à maneira de uma conversa entre um eu e um tu que são afinal o reverso dele mesmo.
«Quem viveu já um dia conseguido? À partida, a maioria não hesitará talvez em afirmá-lo. Será, pois, necessário continuar a perguntar. Queres dizer “conseguido” ou apenas “belo”? É de um dia “conseguido” que falas, ou de um — igualmente raro, é verdade — “despreocupado”? É para ti um dia que decorreu sem problemas já um dia conseguido? Vês alguma diferença entre um dia feliz e o conseguido?» (p. 10)
Entre o dia, o instante e a eternidade da vida, Peter Handke discorre sobre a (im)possibilidade de se cumprir, de se completar (para usar uma palavra das narrativas antigas) um dia que seja perfeito. E para isso, apesar de se chamar ao presente texto um ensaio, conforme o título aponta, Handke devaneia entre as epístolas de S. Paulo e as narrativas ao jeito de Ulisses (de Joyce), num dia cheio de perigos (como as aventuras vividas por Odisseu no seu regresso a casa), incorrendo na narrativa – pois à reflexão do pensador são altercados pedaços de prosa, muitas vezes poética, em que na verdade se narra mais do que se reflecte, como quem procura recriar esse dia conseguido, num «ensaio de uma crónica» (p. 41).
Será correcto confundir um dia conseguido com um dia perfeito? Quererei eu, na «luta com o anjo do dia», «com o cometimento do dia conseguido, tornar-me semelhante a um deus?» (p. 25)
Um dia aliás muito próximo do Outono ou do Inverno da vida – conforme o subtítulo deixa perceber: Um Sonho de Dia de Inverno. Talvez porque a ideia de um dia conseguido não passe afinal de um sonho.
«Será que, por uma vez, deveria ter permanecido em casa o dia inteiro, sem fazer nada além de morar? A consecução do dia pelo simples morar? Morar: estar sentado, ler, erguer os olhos, resplandecer em inutilidade. Que fizeste hoje? Ouvi. Que ouviste tu? Oh, a casa. Ah, sob a tenda do livro. E porque sais agora de casa, se com o livro tinhas encontrado o teu lugar? Para seguir o lido, ao ar livre.» (p. 47-48)
Ao jeito de um diálogo platónico, quase numa estrutura de pergunta-resposta, pergunta essa que funciona na verdade como um refrão, Peter Handke tenta escrever um ensaio, à maneira de uma conversa entre um eu e um tu que são afinal o reverso dele mesmo.
«Quem viveu já um dia conseguido? À partida, a maioria não hesitará talvez em afirmá-lo. Será, pois, necessário continuar a perguntar. Queres dizer “conseguido” ou apenas “belo”? É de um dia “conseguido” que falas, ou de um — igualmente raro, é verdade — “despreocupado”? É para ti um dia que decorreu sem problemas já um dia conseguido? Vês alguma diferença entre um dia feliz e o conseguido?» (p. 10)
Entre o dia, o instante e a eternidade da vida, Peter Handke discorre sobre a (im)possibilidade de se cumprir, de se completar (para usar uma palavra das narrativas antigas) um dia que seja perfeito. E para isso, apesar de se chamar ao presente texto um ensaio, conforme o título aponta, Handke devaneia entre as epístolas de S. Paulo e as narrativas ao jeito de Ulisses (de Joyce), num dia cheio de perigos (como as aventuras vividas por Odisseu no seu regresso a casa), incorrendo na narrativa – pois à reflexão do pensador são altercados pedaços de prosa, muitas vezes poética, em que na verdade se narra mais do que se reflecte, como quem procura recriar esse dia conseguido, num «ensaio de uma crónica» (p. 41).
Será correcto confundir um dia conseguido com um dia perfeito? Quererei eu, na «luta com o anjo do dia», «com o cometimento do dia conseguido, tornar-me semelhante a um deus?» (p. 25)
Um dia aliás muito próximo do Outono ou do Inverno da vida – conforme o subtítulo deixa perceber: Um Sonho de Dia de Inverno. Talvez porque a ideia de um dia conseguido não passe afinal de um sonho.
«Será que, por uma vez, deveria ter permanecido em casa o dia inteiro, sem fazer nada além de morar? A consecução do dia pelo simples morar? Morar: estar sentado, ler, erguer os olhos, resplandecer em inutilidade. Que fizeste hoje? Ouvi. Que ouviste tu? Oh, a casa. Ah, sob a tenda do livro. E porque sais agora de casa, se com o livro tinhas encontrado o teu lugar? Para seguir o lido, ao ar livre.» (p. 47-48)
Peter Handke nasceu em 1942, em Griffen, na Áustria. Frequentou a Faculdade de Direito da Universidade de Graz, que abandonou em 1963, após o êxito da sua primeira obra, Os Moscardos. Tornou-se rapidamente um dos autores de língua alemã mais conhecidos e traduzidos, embora muitas vezes envolto em polémica, em particular quando em 2019 recebeu o Prémio Nobel da Literatura «por um trabalho influente que, com criatividade linguística, explorou a periferia e especificidade da experiência humana». Escreveu romances, ensaios, poesia, obras de teatro, guiões cinematográficos de filmes de Wim Wenders como As Asas do Desejo. Dele li o guião (publicado pela Difel em 1976) e vi o filme A Mulher Canhota.
Da Relógio d’Água estão traduzidos (e à minha espera na estante) A Angústia do Guarda-Redes antes do Penalty e O Chinês da Dor, assim como o recentíssimo A Ladra de Fruta (publicado em 2019, cuja leitura seguir-se-á em breve).
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