Tenho andado a acumular livros da autora e agora em virtude do seu último livro, Karen, que será oficialmente publicado em Setembro, decidi-me a trazer vários livros comigo. Esta tarde li O Lago. É uma leitura simples, compulsiva, mas intensa. Há um labirinto de citações e referências cinematográficas e artísticas, em geral, que acredito que reflectem directamente os gostos da autora. As fontes que abundam na obra apontam, também, para um carácter metaficcional da própria escrita da autora nesta obra. As personagens têm nomes anglófonos, presumo que por alguma influência romântica e inglesa, e movem-se no mundo do teatro. Actriz, actor, director-autor da peça – formam um triângulo amoroso a que não está alheio também um certo jogo de duplo, pois o próprio actor foi escolhido em virtude de ser parecido ao director da peça, tendo-se entretanto tornado amigos e inclusivamente trocam mulheres entre eles. Aquilo que parece uma história de amor e de felicidade – se bem que Jane alerta-nos várias vezes de que não acredita em contos de fadas e mal consegue acreditar na sorte que está a ter – depressa se torna num daqueles thrillers psicológicos de “terror clássico”, onde numa casa junto a um lago rodeados de neve – o branco, o isolamento, o esquecimento propiciam a perda do eu nessa ilusão que se cria e que se assume – em que se fundem as fronteiras entre o eu e o outro que se procura assumir na peça, entre o criador e o mundo que cria em detrimento da realidade, entre o amado e o ideal da coisa amada. Deixou-me curioso… Ver artigo
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