Nas suas mãos, de Leïla Slimani e Clément Oubrerie, não representa uma estreia da autora na BD, mas é a sua primeira novela gráfica publicada em Portugal, com selo da Iguana. Este livro de banda desenhada é, na verdade, uma biografia sobre a primeira mulher a praticar cirurgia estética no mundo. A tradução é de Tânia Ganho. Ver artigo
O país dos outros, de Leïla Slimani, publicado recentemente, com tradução de Tânia Ganho, é a terceira obra da autora que nos chega com o selo da Alfaguara, depois de Canção doce (Prémio Goncourt) ou No Jardim do Ogre. É também uma obra muito diversa das anteriores, em que a autora se reinventa, de modo a contar uma saga familiar assombrosa, e verdadeira, inspirada na história da sua avó. Esta primeira parte, intitulada «A guerra, a guerra, a guerra», inicia aparentemente uma trilogia que tem o processo de independência de Marrocos como ambiente de fundo. Ver artigo
Publicado recentemente pela Alfaguara, depois de Canção doce, publicado entre nós em 2017, este é o romance de estreia da autora, que obteve um imediato reconhecimento. Leïla Slimani nasceu em Marrocos em 1981 e aos 17 anos foi para Paris estudar Ciências Políticas, tendo trabalhado como jornalista antes de se dedicar à escrita.
É um romance perturbador, pela frontalidade da linguagem e pelo tema, mas com ressonâncias de clássicos como Madame Bovary ou Anna Karenina. Contudo o adultério é agora contado por uma mulher e o que em Flaubert era tédio burguês, aqui torna-se puro e manifesto desejo, aliás mais do que desejo, uma fome de sexo. Tão voraz como esse fogo que arde na protagonista, é a nossa própria leitura e a nossa própria ânsia de saber um desfecho que por experiência, e segundo a tradição literária, resulta mal.
Poder-se-ia ler esta obra como um libelo feminista de aceitação e glorificação do corpo e do prazer, não fosse Adèle estar num conflito entre si e o seu corpo: «o que excitava a alma era precisamente ser traída pelo corpo que agia contra a sua vontade, e, ao mesmo tempo, assistir a tal traição.» (pág. 104) Ainda que não pareça haver muito espaço para a culpa: « Adèle não retira nem glória nem vergonha das suas conquistas.» (pág. 105)
Uma obra citada em epígrafe, e referida a certa altura na obra, é A Insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera, em que o protagonista coleccionava esgares de prazer em rostos de mulher, numa demanda insaciável por mais e mais mulheres.
Não se sabe se há redenção ou cura da ninfomania da personagem, mas é claro como em toda a narrativa a narradora se exime de emitir juízos de valor sobre o comportamento desta mulher, perseguida pela imagem que guarda de Paris quando tinha 10 anos, onde se confrontou com dezenas de prostitutas: «aquele sentimento mágico de ver claramente o vil e o obsceno, a perversão burguesa e a miséria humana.» (pág. 56)
É um romance perturbador, pela frontalidade da linguagem e pelo tema, mas com ressonâncias de clássicos como Madame Bovary ou Anna Karenina. Contudo o adultério é agora contado por uma mulher e o que em Flaubert era tédio burguês, aqui torna-se puro e manifesto desejo, aliás mais do que desejo, uma fome de sexo. Tão voraz como esse fogo que arde na protagonista, é a nossa própria leitura e a nossa própria ânsia de saber um desfecho que por experiência, e segundo a tradição literária, resulta mal.
Poder-se-ia ler esta obra como um libelo feminista de aceitação e glorificação do corpo e do prazer, não fosse Adèle estar num conflito entre si e o seu corpo: «o que excitava a alma era precisamente ser traída pelo corpo que agia contra a sua vontade, e, ao mesmo tempo, assistir a tal traição.» (pág. 104) Ainda que não pareça haver muito espaço para a culpa: « Adèle não retira nem glória nem vergonha das suas conquistas.» (pág. 105)
Uma obra citada em epígrafe, e referida a certa altura na obra, é A Insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera, em que o protagonista coleccionava esgares de prazer em rostos de mulher, numa demanda insaciável por mais e mais mulheres.
Não se sabe se há redenção ou cura da ninfomania da personagem, mas é claro como em toda a narrativa a narradora se exime de emitir juízos de valor sobre o comportamento desta mulher, perseguida pela imagem que guarda de Paris quando tinha 10 anos, onde se confrontou com dezenas de prostitutas: «aquele sentimento mágico de ver claramente o vil e o obsceno, a perversão burguesa e a miséria humana.» (pág. 56)
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