O Terrorista Elegante e Outras Histórias, de Mia Couto e José Eduardo Agualusa, publicado pela Quetzal, é um livro escrito a quatro mãos por dois dos grandes nomes da literatura em língua portuguesa. Constituído por 3 três peças de teatro, aqui convertidas em novelas ou pequenas histórias, a jogar com a poesia da linguagem. Ver artigo
A Sociedade dos Sonhadores Involuntários, de José Eduardo Agualusa, foi publicado em maio de 2017 pela Quetzal
Numa sátira política que é, ao mesmo tempo, uma homenagem, inspirado pela prisão dos 17 jovens angolanos, onde se destacava Luaty Beirão, que a 20 de Junho de 2015 foram presos em Luanda, quando se reuniam para discutir um livro de filosofia política, intitulado Da ditadura à democracia de Gene Sharp. Os jovens foram acusados, na vida real, de preparar um golpe de Estado e foram presos. Escrito na altura em que começaram a surgir as primeiras manifestações em Angola pró-democracia, Agualusa escreve este romance como arma crítica.
O autor usa a sua relação pessoal com os sonhos e a situação política angolana para criar uma fábula dos nossos tempos (no livro há elementos próximos do fantástico, como o homem que consegue entrar nos sonhos das pessoas). O sonho aqui não é fuga ao real nem é libertação dos nossos desejos inconscientes, mas sim uma utopia, um desejo, uma aspiração a uma sociedade melhor.
José Eduardo Agualusa recupera uma personagem sua, do seu livro Teoria Geral do Esquecimento, Daniel Benchimol, um jornalista que investiga desaparecimentos, José Eduardo Agualusa explora o papel dos sonhos na vida das pessoas, através de várias personagens: Hossi Kaley é um antigo guerrilheiro da Unita que continua assombrado pelos traumas da guerra; Moira Fernandez, artista plástica que usa os seus sonhos como principal matéria-prima (e que Daniel já conhecia dos seus sonhos); Hélio de Castro, neurocientista que desenvolveu uma técnica capaz de filmar sonhos.
A Sociedade dos Sonhadores Involuntários é uma homenagem a todos os que lutam pelo cumprimento do processo democrático angolano. É também uma crítica à geração que lutou pela independência do país mas depois se resignou, desistindo de concretizar o seu sonho de democracia e liberdade plena. Por outro lado, o livro presta tributo àqueles que, não tendo vivido o conflito armado, não desistem de lutar, questionando o status quo, neste caso a geração mais jovem, como a filha do narrador.
Um livro poderoso, com uma crítica feroz e ousada à democracia reinante em Angola. Daí que a palavra sonho tenha uma forte carga valorativa neste livro, em que as personagens sonham recorrentemente e há personagens capazes de entrar no sonhos de outros.
Numa sátira política que é, ao mesmo tempo, uma homenagem, inspirado pela prisão dos 17 jovens angolanos, onde se destacava Luaty Beirão, que a 20 de Junho de 2015 foram presos em Luanda, quando se reuniam para discutir um livro de filosofia política, intitulado Da ditadura à democracia de Gene Sharp. Os jovens foram acusados, na vida real, de preparar um golpe de Estado e foram presos. Escrito na altura em que começaram a surgir as primeiras manifestações em Angola pró-democracia, Agualusa escreve este romance como arma crítica.
O autor usa a sua relação pessoal com os sonhos e a situação política angolana para criar uma fábula dos nossos tempos (no livro há elementos próximos do fantástico, como o homem que consegue entrar nos sonhos das pessoas). O sonho aqui não é fuga ao real nem é libertação dos nossos desejos inconscientes, mas sim uma utopia, um desejo, uma aspiração a uma sociedade melhor.
José Eduardo Agualusa recupera uma personagem sua, do seu livro Teoria Geral do Esquecimento, Daniel Benchimol, um jornalista que investiga desaparecimentos, José Eduardo Agualusa explora o papel dos sonhos na vida das pessoas, através de várias personagens: Hossi Kaley é um antigo guerrilheiro da Unita que continua assombrado pelos traumas da guerra; Moira Fernandez, artista plástica que usa os seus sonhos como principal matéria-prima (e que Daniel já conhecia dos seus sonhos); Hélio de Castro, neurocientista que desenvolveu uma técnica capaz de filmar sonhos.
A Sociedade dos Sonhadores Involuntários é uma homenagem a todos os que lutam pelo cumprimento do processo democrático angolano. É também uma crítica à geração que lutou pela independência do país mas depois se resignou, desistindo de concretizar o seu sonho de democracia e liberdade plena. Por outro lado, o livro presta tributo àqueles que, não tendo vivido o conflito armado, não desistem de lutar, questionando o status quo, neste caso a geração mais jovem, como a filha do narrador.
Um livro poderoso, com uma crítica feroz e ousada à democracia reinante em Angola. Daí que a palavra sonho tenha uma forte carga valorativa neste livro, em que as personagens sonham recorrentemente e há personagens capazes de entrar no sonhos de outros.
Sinopse:
O jornalista angolano Daniel Benchimol sonha com pessoas que não conhece. Moira Fernandes, artista plástica moçambicana, radicada na Cidade do Cabo, encena e fotografa os próprios sonhos. Hélio de Castro, neurocientista brasileiro, filma-os. Hossi Kaley, hoteleiro, antigo guerrilheiro, com um passado obscuro e violento, tem com os sonhos uma relação ainda mais estranha e misteriosa. Os sonhos juntam estas quatro personagens num país dominado por um regime totalitário à beira da completa desagregação.
A Sociedade dos Sonhadores Involuntários é uma fábula política, satírica e divertida, que desafia e questiona a natureza da realidade, ao mesmo tempo que defende a reabilitação do sonho enquanto instrumento da consciência e da transformação.
José Eduardo Agualusa nasceu na cidade do Huambo, em Angola, a 13 de dezembro de 1960. Estudou Agronomia e Silvicultura. Viveu em Lisboa, Luanda, Rio de Janeiro e Berlim. É romancista, contista, cronista e autor de literatura infantil.
Os seus romances têm sido distinguidos com os mais prestigiados prémios nacionais e estrangeiros, como o Grande Prémio de Literatura RTP (atribuído a Nação Crioula, 1998) e o Independent Foreign Fiction Prize (para O Vendedor de Passados, 2004). Mais recentemente, o romance Teoria Geral do Esquecimento foi finalista do Man Booker Internacional e do International Dublin Literary Award (antigo IMPAC Dublin Award). Também os seus contos e livros infantis foram merecedores de prémios, como o Grande Prémio de Conto da APE e o Grande Prémio de Literatura para Crianças da Fundação Calouste Gulbenkian.
Os Vivos e os Outros é o novo romance do autor angolano José Eduardo Agualusa que pode, e deve, ser lido no seguimento do anterior A Sociedade dos Sonhadores Involuntários, publicado em maio de 2017 também pela Quetzal. Três anos depois o autor regressa uma segunda vez a uma personagem sua, o Daniel Benchimol de Teoria Geral do Esquecimento, jornalista que investiga desaparecimentos, e que foi também o protagonista do romance A Sociedade dos Sonhadores Involuntários, onde o autor explora o papel dos sonhos na vida das pessoas. Entre estes dois romances, Os Vivos e os Outros e A Sociedade dos Sonhadores Involuntários, há pontos em comum ainda que não imediatamente reconhecíveis.
Em Os Vivos e os Outros abandona-se o tom satírico e a questão política, e há uma divertida – mas nada leviana – exploração da literatura e do seu papel na vida dos leitores e na vida dos escritores, dos temas (por vezes saturados) que hoje são caros à crítica e à moderação de tertúlias literárias, a mesa dos escritores negros, etc.
Há ainda, claramente, como que uma elegia a diversos autores, ora mencionados, ora indirectamente evocados: «Camões, Alberto de Lacerda, Rui Knopfli, Luís Carlos Patraquim, Nelson Saúte» (p. 88)
A própria escritora Cornelia lembra a autora nigeriana Chimamanda (p. 88)
Tal como no romance anterior, mas de forma ainda mais complexa, esta narrativa encaixa diversas histórias, a começar pelo facto de o próprio livro ter tido origem num conto do autor, «O construtor de castelos» publicado em 2012 e que terá continuado a crescer dentro do autor – esta explicação surge numa nota do autor no final do livro, se bem que um leitor atento estranhará as várias páginas que essa história efectivamente ocupa dentro do romance. E com as várias histórias entram no romance várias personagens, a começar por Moira Fernandez, artista plástica que usava (no romance anterior) os seus sonhos como principal matéria-prima, e que Daniel já conhecia em sonhos.
Este romance é também um memorial da ilha de Moçambique, da sua história e riqueza cultural, e dos ilhéus que lá vivem e que acolheram o autor – Agualusa vive há alguns na ilha. Penso que se não fosse assim também não teria feito uma crítica tão feroz à política angolana no seu anterior romance.
Em Os Vivos e os Outros abandona-se o tom satírico e a questão política, e há uma divertida – mas nada leviana – exploração da literatura e do seu papel na vida dos leitores e na vida dos escritores, dos temas (por vezes saturados) que hoje são caros à crítica e à moderação de tertúlias literárias, a mesa dos escritores negros, etc.
Há ainda, claramente, como que uma elegia a diversos autores, ora mencionados, ora indirectamente evocados: «Camões, Alberto de Lacerda, Rui Knopfli, Luís Carlos Patraquim, Nelson Saúte» (p. 88)
A própria escritora Cornelia lembra a autora nigeriana Chimamanda (p. 88)
Tal como no romance anterior, mas de forma ainda mais complexa, esta narrativa encaixa diversas histórias, a começar pelo facto de o próprio livro ter tido origem num conto do autor, «O construtor de castelos» publicado em 2012 e que terá continuado a crescer dentro do autor – esta explicação surge numa nota do autor no final do livro, se bem que um leitor atento estranhará as várias páginas que essa história efectivamente ocupa dentro do romance. E com as várias histórias entram no romance várias personagens, a começar por Moira Fernandez, artista plástica que usava (no romance anterior) os seus sonhos como principal matéria-prima, e que Daniel já conhecia em sonhos.
Este romance é também um memorial da ilha de Moçambique, da sua história e riqueza cultural, e dos ilhéus que lá vivem e que acolheram o autor – Agualusa vive há alguns na ilha. Penso que se não fosse assim também não teria feito uma crítica tão feroz à política angolana no seu anterior romance.
Nomeado para o International Man Booker Prize 2016 e agora vencedor do International Dublin Literary Award recordo que quando comecei a ler as primeiras páginas deste livro de José Eduardo Agualusa, publicado pela Dom Quixote, de repente fiquei agarrado. Ludovica sofre de agorafobia e vive fechada no seu mundo de sobrevivência, o que de alguma forma espelha a realidade do que se passou durante o caos pós independência em Angola e reflecte a luta de cada um para sobreviver. Contudo, apesar de isolada no seu apartamento, chegam-lhe ecos do que se passa em Angola e vai conhecer alguém de forma inesperada…
«Acordei e estava sozinha. Se, dormindo, sonhamos dormir, podemos, despertos, acordar dentro de uma realidade mais lúcida?»
Como nos anuncia a Quetzal:
«José Eduardo Agualusa acaba de vencer o International DUBLIN Literary Award, anunciado hoje na capital irlandesa. O prémio distingue o escritor angolano e o seu romance Teoria Geral do Esquecimento – numa edição particularmente forte, em que a shortlist final incluía obras de Mia Couto, Orhan Pamuk, Viet Thanh Nguyen e Anne Enright.
O International DUBLIN Literary Award tem o valor de 100 mil euros, sendo o maior do género para uma obra de ficção publicada em Inglês. Desde 1996 já distinguiu autores como Orhan Pamuk, Javier Marías, Michel Houellebecq, Colm Tóibin, Colum McCann, Jim Crace ou David Maalouf e Herta Müller. Ao longo das suas 21 edições, esta é a nona vez que o vencedor é um livro traduzido, e a primeira que elege um livro originalmente escrito em português.»
Narrado por uma osga, sujeita agora a essa “condição” mas que ainda relembra a sua vida anterior – pelo que parece haver um exercício de metempsicose qualquer ou simples reencarnação – o livro centra-se na personagem de Félix, um vendedor de passados albino, alguém que traça genealogias e toda uma história falsa, em suma, para justificar a ambição do sangue novo que grassa em Angola em que toda uma classe parece ter emergido após a guerra e quer ver as suas origens dignificadas ou mitificadas de alguma forma. Até que Félix aceita um trabalho diferente do normal, em que um indivíduo quer todo um passado inventado, o que só pode mostrar que ou não tem história ou tem história demais e quer fugir do que não consegue deixar para trás. No fim interligam-se várias histórias com um volteface surpreendente e que revela a história de um país que ainda tem muitas cicatrizes por lamber. Dos livros que li de Agualusa fica-me sempre a sensação, no entanto, que há algo forçado na forma como tenta encaixar as peças do puzzle, ao querer interligar histórias distintas. A preparar-me para ver o filme a seguir.
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