«Aos domingos à tarde, quando o céu está azul e a brisa agita suavemente as árvores, a menina senta-se no chão do seu quarto e dobra folhas de papel. Faz aviões. (…)
O destino que a menina lhes atribui é o de ficarem caídos no passeio até que alguém passe e repare neles.» (p. 7)
A menina alimenta uma ideia. Imagina que o avião possa ser sempre atirado, pelas várias pessoas que o encontrem, para que nesses voos sucessivos possa percorrer o mundo…
Aviões de Papel, de Paulo Kellerman, publicado pela Editora Minimalista, é um livro diferente. Nele vibra um objecto volátil, delicado, «coisa de outro mundo, de outro tempo» (p. 76), que voa entre os vários breves capítulos da narrativa, interligando histórias díspares e personagens desencontradas que, nesse precioso instante, conseguem suspender-se no tempo, ao encontrar num avião de papel caído aos seus pés uma ligação ao mundo, um passaporte para a felicidade.
«Pessoas sempre apressadas, como se estivessem a fugir ao tempo; ou a persegui-lo, para o tentar capturar e guardar dentro dos seus relógios.» (p. 7)
Da professora ao pai que é homem do lixo, do médico suicida ao avô que ensina um menino que não é o seu neto como lançar um aviãozinho de papel, esta galeria de personagens que abundam em interrogações e perplexidades até que, ao deparar-se com um avião de papel caído na rua, se libertam por momentos, descobrindo-se capazes de manter o espanto perante a vida e de se reencontrarem num gesto simples da sua infância: o de libertar aviões de papel como quem bate asas. E ao observar o voo que o avião descreve, permitem-se libertar, ainda que seja apenas nesses breves instantes que o leitor testemunha, do seu questionamento constante, das suas mágoas e sonhos frustrados, e gozar o efémero momento em que, ao segurar um avião de papel que uma menina um dia criou e onde rabiscou uma frase, reencontram a sua infância perdida, na pureza e simplicidade de quem não pretende saber nada. Ver artigo
Pesquisar:
Subscrição
Artigos recentes
Categorias
Arquivo
- Março 2021
- Fevereiro 2021
- Janeiro 2021
- Dezembro 2020
- Novembro 2020
- Outubro 2020
- Setembro 2020
- Agosto 2020
- Julho 2020
- Junho 2020
- Maio 2020
- Abril 2020
- Março 2020
- Fevereiro 2020
- Janeiro 2020
- Dezembro 2019
- Novembro 2019
- Outubro 2019
- Setembro 2019
- Agosto 2019
- Julho 2019
- Junho 2019
- Maio 2019
- Abril 2019
- Março 2019
- Fevereiro 2019
- Janeiro 2019
- Dezembro 2018
- Novembro 2018
- Outubro 2018
- Setembro 2018
- Agosto 2018
- Julho 2018
- Junho 2018
- Maio 2018
- Abril 2018
- Março 2018
- Fevereiro 2018
- Janeiro 2018
- Dezembro 2017
- Novembro 2017
- Outubro 2017
- Setembro 2017
- Agosto 2017
- Julho 2017
- Junho 2017
- Maio 2017
- Abril 2017
- Março 2017
- Fevereiro 2017
- Janeiro 2017
- Dezembro 2016
- Novembro 2016
- Outubro 2016
Etiquetas
Alfaguara
Ana Teresa Pereira
Antígona
ASA
Bertrand Editora
Caminho
casa das Letras
Companhia das Letras
Círculo de Leitores
David Machado
Dom Quixote
Editorial Presença
Edições ASA
Edições Tinta-da-china
Elsinore
Gradiva
Haruki Murakami
Hélia Correia
Ian McEwan
Isabel Allende
Joanne Harris
John Williams
José Eduardo Agualusa
João de Melo
Juliet Marillier
Kate Atkinson
Kazuo Ishiguro
Leya
Livros do Brasil
Lídia Jorge
Margaret Atwood
Meg Wolitzer
Nuno Júdice
Objectiva
Patrícia Reis
Pergaminho
Planeta
Porto Editora
Quetzal
Relógio d'Água
Salman Rushdie
Série
Temas e Debates
Teorema
Thomas Mann