O Plantador de Abóboras, de Luís Cardoso Ver artigo
Estilicídio, de Cynan Jones, publicado em Janeiro pela Elsinore, é um livro de belíssima prosa, uma visão inquietante de um futuro não muito distante, que parece vertido a conta-gotas. «Nunca antes ouvi tal palavra. Estilicídio. Queda de água gota a gota.» (p. 66)
São 12 pequenas histórias, com frases concisas, em parágrafos espaçados, quase esparsos, no branco da página, como gotas que vão pingando delicadamente a compor fragmentos de um mosaico. Sem se deter em pormenores, mas desenhando um cenário bastante plausível.
Um livro que foi pensado sobretudo para ser lido na Radio 4 da BBC, pensadas pelo autor como «um conjunto de narrativas interligadas que se reunissem num fundo comum à medida que as histórias fossem vertidas para o papel» (p. 167), para leituras de 15 minutos num programa radiofónico de domingo à tarde.
O tráfego aéreo praticamente desapareceu. O sol aparece pouco. As libélulas são uma das muitas espécies em extinção. O peixe tornou-se algo raro numa rede de pesca. São cultivados jardins verticais ou nos telhados e canteiros de legumes nos terraços. As zonas costeiras estão a ser submergidas pelo avanço da água enquanto os icebergues se soltam da calota de gelo. Paradoxalmente, a Água é um bem escasso, agora conduzida para as cidades em comboios que transportam 45 milhões de litros de água a uma velocidade de 320 quilómetros por hora. Pescam-se icebergues gigantes com arpões como se fossem baleias para serem rebocados até ao centro de cidades mais pequenas para abastecimento de água doce. Famílias desalojadas para o início da construção da Doca de Gelo, cujos canais de escoamento, de estilicídio, se destinam a servir de veículo ao gelo derretido. São pendurados sacos no meio das árvores e arbustos que permitem recolher a água que as plantas respiram; água que pode ser suficiente para fazer um café.
Estilicídio rima ainda com a palavra suicídio – como é o caso da morte próxima da espécie humana, num livro que poderia ser apelidado de uma distopia, não fosse o facto de se tratar de uma «poderosa e urgente visão do futuro» (The Guardian).
São 12 pequenas histórias, com frases concisas, em parágrafos espaçados, quase esparsos, no branco da página, como gotas que vão pingando delicadamente a compor fragmentos de um mosaico. Sem se deter em pormenores, mas desenhando um cenário bastante plausível.
Um livro que foi pensado sobretudo para ser lido na Radio 4 da BBC, pensadas pelo autor como «um conjunto de narrativas interligadas que se reunissem num fundo comum à medida que as histórias fossem vertidas para o papel» (p. 167), para leituras de 15 minutos num programa radiofónico de domingo à tarde.
O tráfego aéreo praticamente desapareceu. O sol aparece pouco. As libélulas são uma das muitas espécies em extinção. O peixe tornou-se algo raro numa rede de pesca. São cultivados jardins verticais ou nos telhados e canteiros de legumes nos terraços. As zonas costeiras estão a ser submergidas pelo avanço da água enquanto os icebergues se soltam da calota de gelo. Paradoxalmente, a Água é um bem escasso, agora conduzida para as cidades em comboios que transportam 45 milhões de litros de água a uma velocidade de 320 quilómetros por hora. Pescam-se icebergues gigantes com arpões como se fossem baleias para serem rebocados até ao centro de cidades mais pequenas para abastecimento de água doce. Famílias desalojadas para o início da construção da Doca de Gelo, cujos canais de escoamento, de estilicídio, se destinam a servir de veículo ao gelo derretido. São pendurados sacos no meio das árvores e arbustos que permitem recolher a água que as plantas respiram; água que pode ser suficiente para fazer um café.
Estilicídio rima ainda com a palavra suicídio – como é o caso da morte próxima da espécie humana, num livro que poderia ser apelidado de uma distopia, não fosse o facto de se tratar de uma «poderosa e urgente visão do futuro» (The Guardian).
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