Qual pode ser o desfecho quando o filho da presidente dos Estados Unidos da América se apaixona pelo príncipe de Inglaterra?
A premissa é um bocadinho ingénua ou mesmo silly, mas a verdade é que se revelou um êxito. A própria cena inicial do filme parece assim parece prometer, com um desastre em torno de um bolo de casamento obsceno…
Vermelho, Branco e Sangue Azul (Red, White & Royal Blue), publicado pela Editorial Presença, é a estreia no romance de Casey McQuiston, com um livro que rapidamente se tornou um sucesso de vendas e foi agora adaptado a telefilme pela Amazon.
Esta é a história de dois jovens adultos, Alex Claremont-Diaz, o novo menino bonito dos media: lindo, carismático, um estudante de direito que gradualmente se revela na verdade detentor de uma forte personalidade, mas também de uma inteligência apurada (e velada). Henry, o príncipe mais adorado do mundo, é o irmão mais novo do herdeiro ao trono de Inglaterra, e o oposto de Alex com quem é constantemente comparado pelo público: branco, louro, aparentemente arrogante (na ótica de Alex).
Vi o filme com um misto de incredulidade, pois achei que ia ser uma comédia teen inconsequente, que tenta preencher alguns dos requisitos da actualidade, mas a verdade é que dei por mim deliciado, arrepiado, de coração quebrado em algumas cenas (para ser sincero, foram derramadas lágrimas). Há cenas absolutamente fantásticas, de uma grande beleza. E curiosamente sem qualquer grafismo, rapidamente se torna claro que o envolvimento de ambos é bastante físico, logo de início… Uma das piadas mais bem conseguidas é quando Henry tenta reconfortar Alex, dizendo que pode confiar na sua liderança, dada a sua experiência como aluno de colégios internos. (outra das piadas de que gostei particularmente, mas nada sexual, e por motivos óbvios, é a referência à princesa que andava a salvar elefantes no Botsuana).
Não imagino qual a orientação sexual dos actores, mas a verdade é que têm uma grande química – já vi histórias de amor heterossexuais sem metade da chama que há entre estes dois. E sim, tenho um preferido, até pela forma como faz uma grande e contida interpretação. Nicholas Galitzine não só representa magistralmente um jovem torturado entre os seus desejos e o seu dever para com o povo, como um britânico habituado e educado a reprimir os seus sentimentos em toda e qualquer circunstância. Uma Thurman interpreta a POTUS, entre a graça e a contenção calculista. O filme é realizado por Matthew López que tem um dedo numa série que adoro: The Newsroom.
Vale a pena ver o filme nem que seja para descobrir quem é que, mesmo no fim, interpreta o rei de Inglaterra, avô de Henry, de forma tão divertida quanto ambígua. É uma daquelas entradas em cena que rouba o protagonismo de todos os outros… um pouco como Judi Dench em A Paixão de Shakespeare.
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