Não, hoje não li o Harry Potter pela vigésima vez mas assinalam-se 20 anos que nasceu (para o mundo) esse rapaz com a cicatriz de um raio na testa e destinado a acabar com o mal personificado na figura de Voldemort ou Salazar para os amigos (inspirado justamente no nome do nosso ditador). Considerando que há crianças que não gostam de ler, embora sejam viciadas em jogos de computador, lembro-me bem de como depois de muito insistir o meu irmão lá pegou no primeiro livro da saga e a verdade é que desde então não parou. Leu todos os 7 livros 3 vezes. E depois nunca mais leu outro livro. Eu tinha cerca de 20 anos, estava já na universidade, a braços com leituras bem mais pesadas e obrigatórias quando um amigo (Vasco) me passou para a mão Harry Potter e a Pedra Filosofal, naquele formato mais pequeno e com capa infantil da fabulosa colecção Via Láctea da Editorial Presença (que também inclui o Ciclo Terramar de Ursula K. Le Guin ou As crónicas de Nárnia. E também Engenhos Mortíferos, agora a ser adaptado ao grande ecrã pelo Peter Jackson de O Senhor dos Anéis). Sempre com uma certa suspeição comecei a ler e a partir do momento em que fico a conhecer o rapaz que dorme por baixo de um vão de escadas e descobre depois que é um feiticeiro fui para sempre absorvido para dentro daquele mundo encantado. Sobre a escrita ou técnica da autora devo dizer que gostei sobretudo da forma como se iam deixando pontas soltas aqui e ali para depois serem retomadas, e como muitas vezes conseguia uma interessante reviravolta no final dos livros, além da forma como bebe da mitologia. Faz-me sempre confusão aquela viagem ao passado em Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban mas a verdade é que quem não leu, quem nunca pensou em dar a ler, tem mesmo de mergulhar e dar a conhecer esta saga que marcou muito mais do que uma só geração pois os pais (e os irmãos mais velhos) também não ficaram indiferentes a estes livros.
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