Biblioteca Pessoal, de Jorge Luis Borges, publicado pela Quetzal, chegou às livrarias no dia 19 de janeiro, com tradução de Cristina Rodriguez e Artur Guerra. Este livro de pequeno formato é mais um volume a integrar a belíssima série de obras reeditadas do autor, em versão de bolso, com novas capas retiradas do tríptico «As Tentações de Santo Antão», do pintor Hieronymus Bosch, exposto no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa.
Borges, bibliotecário durante vários anos, define-se como um «sensível e agradecido leitor».
«Não sei se sou um bom escritor; penso ser um excelente leitor ou, em todo o caso, um sensível e agradecido leitor. Desejo que esta biblioteca seja tão diversa como a não saciada curiosidade que me induziu, e continua a induzir-me, à exploração de tantas linguagens e de tantas literaturas. (…) Esta série de livros heterogéneos é, repito, uma biblioteca de preferências» (pp. 7-8).
Em 1985 pediram-lhe que escolhesse cem livros para a publicação de uma «biblioteca pessoal». Morreu no ano seguinte, antes de poder concluir esse projeto. Biblioteca Pessoal é a compilação dos prólogos dos primeiros setenta e quatro títulos dessa lista de obras que refletia as preocupações e gostos literários de Jorge Luis Borges e que reflete não só a sua vasta erudição como o seu ecletismo.
Nesta sua seleção, podemos encontrar autores já habituais noutras coleções de literatura universal. Alguns deles Borges chegou inclusivamente a conhecer, como Julio Cortázar, que lhe confiou a sua primeira publicação. Mas confluem nestas páginas muitas outras sugestões, dos clássicos aos asiáticos, dos antigos aos contemporâneos. Borges tão depressa sugere a leitura dos Evangelhos Apócrifos como depois nos leva a querer conhecer contos japoneses do século X. A literatura portuguesa faz-se igualmente presente nestas páginas ditadas por Borges, com uma simpática elegia à prosa de Eça de Queirós.
Estes prólogos, sempre concisos, sem ultrapassar duas páginas, e de uma precisão a raiar o lirismo, chegam-nos assim como forma de degustação, a chamar o apetite para a leitura de autores que temos vindo a adiar ou de que ainda nem ouvíramos falar.
Jorge Luis Borges nasceu em Buenos Aires, em 1899. Em 1914 viajou com a família pela Europa, acabando por se instalar em Bruxelas, e posteriormente em Maiorca, Sevilha e Madrid. Regressado a Buenos Aires, em 1921, Borges participou ativamente na vida cultural argentina.
Em 1923, publicou o seu primeiro livro, mas o reconhecimento internacional só chegou em 1961.
Escreveu ficção, poesia, crítica e ensaio.
Foi professor de literatura e dirigiu a Biblioteca Nacional de Buenos Aires entre 1955 e 1973. Morreu em Genebra, em junho de 1986.
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