O Nosso Irmão, de Clara Dupont-Monod, foi publicado pela Editorial Presença. Com tradução de Maria de Fátima Carmo, este romance que pode passar despercebido é extremamente tocante e venceu diversos prémios como o Femina, Goncourt Des Lycéens e Landerneau.
Esta é a história de uma família. Um casal, com um filho e uma filha. A quem nasce um terceiro filho. Era até uma criança muito bonita. Mas aos três meses percebe-se que a criança não palra. Depois constatam que os seus grandes olhos negros não se fixam a nada. A cabeça também não se segura, e os membros são desprovidos de força. Rapidamente, o irmão mais velho, com dez anos, que é extremamente parecido com o irmão mais novo, deixa-se fascinar por ele, encarando-o como um símbolo de pureza, e toma-o a seu cargo nos mínimos cuidados.
São as pedras avermelhadas do pátio da casa da família que narram a história desta família desde o nascimento da criança deficiente. A narrativa é tripartida, primeiro centrada na relação do irmão mais velho, depois na relação mais atribulada da irmã do meio e, por fim, no último. O último é o irmão que nasce já depois da morte do menino, que morreu aos dez anos (justamente a idade que tinha o irmão mais velho quando ele nasceu), ciente de que “nascera com a sombra de um defunto” (p. 111): “Ele sentia-se «menos», fizesse o que fizesse, embora tivesse sido o menino, na verdade, o diminuído. O último pensava aquilo sem azedume porque sentia uma benevolência real, uma curiosidade, pelo menino desaparecido.” (p. 113)
Um belo romance, com uma linguagem a um tempo tão contida e sóbria quanto lírica, sobre as relações humanas, a fraternidade, os afectos involuntariamente desiguais, e as carências emocionais que podem ser mais devastadoras que as físicas.
Clara Dupont-Monod nasceu em Paris, em 1973. Estudou Literatura Moderna na Sorbonne. Paralelamente, desenvolveu uma paixão pelo jornalismo, começando por escrever na Cosmopolitan e, mais tarde, tornando-se editora-chefe de Marianne.
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