Alimentação, Natureza e Paisagem: Plantas Silvestres Alimentares, Aromáticas e Medicinais, coordenado por Maria Manuel Valagão, foi publicado pelas Edições Tinta-da-china. Este belíssimo álbum de grande formato, com texto de Maria Manuel Valagão, Maria Elvira Ferreira e José António Passarinho, ilustrado pelas fotografias de Vasco Célio, de certa forma integra um catálogo, formado pelas obras Algarve Mediterrânico. Tradição, Produtos e Cozinhas (2015) e Vidas e Vozes do Mar e do Peixe (2018).
Numa luxuosa edição, de grande dimensão, assumindo-se em simultâneo, à semelhança dos volumes anteriores, como um documento etnológico, com artigos breves, de leitura acessível, um hino ao resgate da cultura local, um álbum de fotografias e uma espécie de postal do Algarve, através das pessoas, das plantas, dos jardins comestíveis, das mezinhas, das comidas, do património oral. É também um libelo contra a perda da identidade que adveio das consequências da generalização da agricultura industrial, e da subsequente transformação da paisagem.
A primeira parte do livro reúne três capítulos da coordenadora da obra, que versam sobre o papel da alimentação na sua relação com a natureza, atentando em modelos de produção agrícola que regenerem a capacidade do solo e a biodiversidade; no segundo texto, passa-se em revista o papel das plantas na alimentação mas também nos processos de cura, quer na ciência erudita quer na sabedoria popular; no terceiro capítulo, interliga-se paisagem com gastronomia, quer na forma como os nossos pratos podem ser enriquecidos visualmente, quer como os alimentos nos podem religar à terra e ao mar, o que por sua vez nos deve remeter para práticas ecológicas mais coerentes.
Este livro pretende ainda servir de guia para uma redescoberta do papel das plantas silvestres alimentares, aromáticas e medicinais quer na identidade alimentar quer na conservação da biodiversidade, ainda que estas quase se ocultem na paisagem, ao lado de outras espécies de maior porte, mais vistosas, e que moldam os campos. A segunda parte do livro estrutura-se justamente em fichas de caracterização de 80 plantas.
Na terceira e última parte do livro, há 3 capítulos sobre o modo de produzir estas plantas e de as consumir, desde como cultivar um jardim comestível até a uma série de receitas, que, como já acontecia nos outros volumes, assentam em património oral.
Maria Manuel Valagão é licenciada em Farmácia pela Faculdade de Farmácia de Lisboa e doutorada em Ciências do Ambiente pela Universidade Nova de Lisboa (UNL). Foi investigadora em sociologia da alimentação e ambiente (Instituto Nacional de Investigação Agrária), consultora da Divisão de Políticas de Alimentação e Nutrição da FAO/ONU, perita no Comité Scientifique des Appellations d’Origine, Indications Geographiques et Attestations de Specifité Alimentaire da CE, Bruxelas, e professora convidada no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). Actualmente é investigadora do Instituto de Estudos de Literatura e Tradição – Patrimónios, Artes e Culturas da UNL. Autora e co-autora de diversas publicações, nomeadamente os livros Algarve Mediterrânico: Tradição, Produtos e Cozinhas (2015), em co-autoria com Vasco Célio e Bertílio Gomes (Prix de la Litterature Gastronomique e laureado em duas categorias nos Gourmand Awards), e Vidas e Vozes do Mar e do Peixe (2018), em co-autoria com Nídia Braz e Vasco Célio (primeiro lugar na sua categoria dos Gourmand Awards).
Maria Elvira Ferreira é licenciada em Agronomia e doutorada em Engenharia Agronómica pelo Instituto Superior de Agronomia, Universidade de Lisboa. É Investigadora do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, em Oeiras. Tem dedicado a sua actividade ao estudo das tecnologias de produção de culturas hortícolas, através de projectos de investigação, desenvolvimento experimental, demonstração e inovação na área das culturas hortícolas e das plantas aromáticas e medicinais. É autora de artigos científicos, bem como de divulgação e de livros sobre culturas hortícolas. De 2009 a 2014, foi presidente da direcção da Associação Portuguesa de Horticultura.
José António Passarinho tem tido contacto, desde a juventude, com as plantas hortícolas e condimentares e da flora de uso medicinal, mantendo um espaço hortofrutícola onde se dedica a experimentar e a aprender com a natureza. É fascinado pela flora espontânea e cultivada. Enquanto engenheiro agrónomo e investigador, trabalhou com plantas nos domínios da fisiologia vegetal, da bioquímica e da fitoquímica. Tem publicado trabalhos sobre plantas da flora portuguesa e sobre plantas silvestres comestíveis. Doutorado em Engenharia Agronómica pelo Instituto Superior de Agronomia, Universidade Técnica de Lisboa.
Vasco Célio é fotógrafo, e está baseado no Algarve. Desenvolve a sua actividade em quatro continentes. Com formação muito ecléctica na área da fotografia, tem frequentado formações de diversas organizações. Participou em vários projectos como o MobileHome ou Projecto Troika. É sócio fundador do estúdio F32, posteriormente Stills. No campo da gastronomia destaca-se a sua obra como fotógrafo oficial do International Gourmet Festival, do restaurante Vila Joya, no Algarve, onde acompanha autênticas maratonas culinárias, com a participação dos mais reputados chefs de nível internacional, registando os gestos e rituais criativos de aromas e sabores até à apresentação dos pratos. Destaca-se também a sua participação no Portugal dos Sabores e em projectos de empresas e instituições. Em paralelo, desenvolve trabalho como autor, em projectos expositivos ou editoriais no campo das artes visuais.
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