Utopia para Realistas, de Rutger Bregman, um êxito internacional, foi agora reeditado pela 11×17 (Grupo Bertrand Círculo), numa edição de bolso (também mais económica), depois de ter estado esgotado durante algum tempo. No final do ano passado, saiu Humanidade – Uma História de Esperança, livro do ano do Guardian, bestseller do New York Times e do Sunday Times.

Rutger Bregman, considerado um dos jovens pensadores mais promissores da atualidade, expõe numa prosa cativante, com humor controverso, uma proposta sobre a evolução da humanidade com base em três tópicos basilares: o rendimento básico incondicional, a livre circulação de pessoas e uma semana de trabalho de 15 horas: «Os estudos sugerem que quem tira partido dos seus dotes criativos só consegue ser produtivo em média seis horas por dia.» Contudo, o normal continua a ser as pessoas quererem ficar até mais tarde no trabalho, para mostrar empenho, mesmo que não se evidenciem resultados.

Não é em vão que o autor invoca, aqui e ali, citações da obra de autores de ficção científica como Isaac Asimov, pois as ideias aqui defendidas, que parecem utopias e realidades inalcançáveis, são expostas com base em factos, em diversos estudos referidos e histórias de sucesso. Aliás, a edição holandesa de Utopia para Realistas foi financiada por um projeto de crowd-funding, tornou-se um bestselller e desencadeou um movimento nacional de apoio ao rendimento básico incondicional que fez manchetes um pouco por toda a Europa e pôs o tema na ordem do dia um pouco por toda a Europa.

«O PIB, além de ser cego a uma série de coisas boas, também beneficia de todo o tipo de sofrimento humano. Engarrafamentos, toxicodependência, adultério? São minas de ouro para estações de serviço, centros de reabilitação e advogados especializados em direito de família. Se eu fosse o PIB, o meu cidadão ideal seria um jogador compulsivo com cancro a viver um longo e conturbado processo de divórcio que vai gerindo com antidepressivos e gasta rios de dinheiro nos saldos. A poluição ambiental chega a ter uma dupla função: uma empresa faz muito dinheiro economizando aqui e ali, ao passo que outra é paga para limpar a porcaria. Em contrapartida, uma árvore milenar só conta quando é derrubada e a madeira vendida.»

Rutger Bregman é um historiador e jornalista holandês, colaborador frequente do coletivo jornalístico The Correspondent. Publicou livros sobre história, filosofia e economia. Foi nomeado duas vezes para o European Press Prize pelo seu trabalho jornalístico para a plataforma/coletivo The Correspondent.

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Paulo Nóbrega Serra
Written by Paulo Nóbrega Serra
Sou doutorado em Literatura com a tese «O realismo mágico na obra de Lídia Jorge, João de Melo e Hélia Correia», defendida em Junho de 2013. Mestre em Literatura Comparada e Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas, autor da obra O Realismo Mágico na Literatura Portuguesa: O Dia dos Prodígios, de Lídia Jorge e O Meu Mundo Não É Deste Reino, de João de Melo, fruto da minha tese de mestrado. Tenho ainda três pequenas biografias publicadas na colecção Chamo-me: Agostinho da Silva, Eugénio de Andrade e D. Dinis. Colaboro com o suplemento Cultura.Sul e com o Postal do Algarve (distribuídos com o Expresso no Algarve e disponíveis online), e tenho publicado vários artigos e capítulos na área dos estudos literários. Trabalhei como professor do ensino público de 2003 a 2013 e ministrei formações. De Agosto de 2014 a Setembro de 2017, fui Docente do Instituto Camões em Gaborone na Universidade do Botsuana e na SADC, sendo o responsável pelo Departamento de Português da Universidade e ministrei cursos livres de língua portuguesa a adultos. Realizei um Mestrado em Ensino do Português e das Línguas Clássicas e uma pós-graduação em Ensino Especial. Vivi entre 2017 e Janeiro de 2020 na cidade da Beira, Moçambique, onde coordenei o Centro Cultural Português, do Camões, dois Centros de Língua Portuguesa, nas Universidades da Beira e de Quelimane. Fui docente na Universidade Pedagógica da Beira, onde leccionava Didáctica do Português a futuros professores. Resido agora em Díli, onde trabalho como Agente de Cooperação e lecciono na UNTL disciplinas como Leitura Orientada e Didáctica da Literatura. Ler é a minha vida e espero continuar a espalhar as chamas desta paixão entre os leitores amigos que por aqui passam.