Sobre o Céu, de Richard Powers, com tradução de Nuno Quintas, é o segundo livro deste aclamado autor a ser publicado pela Editorial Presença. Romancista amplamente premiado, venceu o Pulitzer com este romance(The Overstory, no original).
Um jovem aspirante a artista herda cem anos de retratos fotográficos, todos do mesmo castanheiro, a grande e condenada árvore americana, e compromete-se a manter uma espécie de promessa nunca proferida. Uma universitária eletrocuta-se num acidente doméstico, morre e regressa à vida com a capacidade de ver criaturas de luz que lhe transmitem mensagens. Uma cientista que mal ouve e fala mal faz a revolucionária descoberta científica de que as árvores comunicam entre si, mas rapidamente se torna motivo de chacota e cai no esquecimento… Um piloto da Força Aérea é abatido em pleno voo, na Guerra do Vietname, e é salvo ao ver a sua queda amortecida por uma figueira. Enquanto isso um adolescente, precoce génio informático, se vê numa cadeira de rodas ao ser empurrado por uma árvore. O único elo que parece unir quase todos estes desconhecidos é um fascínio pelo mundo das árvores. As ligações entre as várias personagens surgem muito gradualmente, pois este é um romance de grande fôlego, com um ritmo compassado.
O livro reparte-se em três partes: Raiz, Tronco e Copa. O primeiro terço do livro (cerca de 150 páginas) introduz demoradamente, em capítulos autónomos, os nove estranhos, por vezes a partir das gerações anteriores com a história dos seus antepassados, outras vezes em instantâneos breves próximos do seu presente. Na segunda parte, as suas vidas começam a entrelaçar-se, alternadamente, conforme se torna claro o seu propósito: o de se unirem quando uma catástrofe natural está prestes a acontecer. Da mesma forma que as árvores comunicam entre si de modo a evitar ameaças.
A prosa deste autor é absolutamente hipnótica: ora com frases curtas e incisivas, ora com arroubos de lirismo, não obstante a profusa linguagem científica eivada de termos técnicos, numa teia narrativa que se ramifica sem pressa. Uma narrativa que é sobretudo uma elegia às árvores, seres mais antigos do que nós, que suportam a vida na Terra, e que nos hão-de sobreviver, mesmo que as tentemos aniquilar.
Richard Powers, romancista amplamente premiado, é considerado um dos maiores nomes do romance contemporâneo americano. Em Portugal, a obra do autor é publicada pela Editorial Presença. Além de ter vencido o Pulitzer com este romance, o livro que publicou logo depois, Assombro – mas que nos chegou primeiro, com a chancela da Editorial Presença – foi nomeado para vários prémios, como o Booker Prize e o National Book Award.
Em Portugal, foram ainda publicados pela Casa das Letras O eco da memória, vencedor do National Book Award e finalista do Pulitzer, romance sobre neurologia e distúrbios cerebrais, e Generosidade, que tem como base o tema da investigação genética.
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