O Livro dos Prazeres Inúteis, de Dan Kieran & Tom Hodgkinson, foi agora reeditado pela Quetzal, com tradução de Vasco Teles de Menezes. Um livro de bolso que constitui um guia de desaceleração para os dias agitados em que vivemos. «Os Prazeres» vêm listados, sem nenhuma ordem, ao longo de 100 entradas, alguns descritos em breves linhas, outros ao longo de uma a duas páginas.
«A ociosidade forçada é um prazer raro.» (p. 22)
Num inequívoco registo literário, com episódios ocasionais imbuídos de laivos ficcionais, este pequeno livro representa o antídoto perfeito para situações de stress e pessoas desafiantes. Neste tratado da «arte de não fazer nada» (p. 153) não falta, inclusivamente, alguma sátira e boa disposição, como quando se defende o direito ao refúgio da casa de banho como espaço de criação e meditação: «A sanita é o eremitério do homem no reino doméstico.» (p. 51)
Escreve-nos Tom Hodgkinson, na «Introdução», que o objetivo deste livro, além de relembrar pequenos prazeres contidos nos dias, que muitas vezes esquecemos com a labuta e azáfama de correr para lado nenhum, é também ressalvar como «as melhores coisas da vida são de graça» (p. 9). Este libelo a favor da rebelião contra a sociedade do trabalho e do consumo aponta ainda como estes prazeres inúteis, quase sempre inteiramente gratuitos, podem ainda ajudar a ligar-nos à natureza.
Seja na observação de estrelas, nuvens ou folhas cadentes de outono; a deambular pela cidade, optando até por um caminho mais longo; simplesmente a mirar pela janela, a escrever cartas ou a dobrar papel, este livro elenca uma centena de formas diferentes de nos reconectarmos connosco, de fazer uma pausa e deixar os pensamentos correrem, enquanto a nossa mente encontra paz e conforto na quietude de pequenos gestos que, possivelmente, irão exasperar aqueles que nos rodeiam.
Este compêndio é escrito a várias mãos. Dos 13 colaboradores da Idler (uma revista em campanha permanente e exclusiva contra o trabalho e a ética do trabalho), destacam-se o editor Tom Hodgkinson e Dan Kieran, editor-assistente.
Deve ser bem interessante. Deu-me ideia para uma prenda para uma pessoa que faz esta semana anos.
Obrigada e bom domingo.