«Houve um momento fundador em que um Moçambique morreu para dar vida a um outro. Moçambique foi recém-nascido. Naquela noite chuvosa de 25 de Junho de 1975, o futuro chegava finalmente.» (p. 12), escreve a autora na sua nota introdutória deste livro da Guerra & Paz onde faz um sumário do que se passou no país após a independência. Com a missão de «primeiro descobrir para depois contar como tinham sido essas últimas quatro décadas de liberdade», a autora reúne oito entrevistas de diversas personalidades que lhe «pareceram dignas de registo», exemplificativas ou ilustrativas desta nação emergente. Os testemunhos aqui reunidos datados de 2015 e que dão uma perspectiva intimista da transformação do país são os do General Raimundo Pachinuapa, guerrilheiro da FRELIMO, do escritor Mia Couto, Joaquim Chissano, que sucedeu a Samora Machel na Presidência durante 18 anos, Afonso Dhlakama, líder da RENAMO, Lutero Simango, um dos filhos de Uria Simango, Naguib Elias, para muitos o mais importante artista plástico moçambicano, a activista Alice Mabota, e o realizador brasileiro Licínio de Azevedo que documentou Moçambique em mais de 40 documentários.
Tânia Reis Alves nasceu em 1984 em Oeiras e licenciou-se em Jornalismo, profissão que exerce desde 2006. No final da licenciatura foi convidada a colaborar com o Jornal de África, suplemento mensal que antes acompanhava o jornal Público. Colaborou depois com a RTP África, como coordenadora dos programas Latitudes e Rumos, sobre a cultura africana em Portugal, e como jornalista e produtora do Mar de Letras, sobre literatura lusófona. Descobriu o país em 2013, tendo voltado mais duas vezes, a última em 2015, período em que passou algum tempo em Moçambique. Produziu também a série documental Ecos da Independência.
Talvez se justificasse nesta obra uma conclusão ou um testemunho da própria autora que entretecesse os vários depoimentos, bem como uma apreciação da realidade moçambicana.

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Paulo Nóbrega Serra
Written by Paulo Nóbrega Serra
Sou doutorado em Literatura com a tese «O realismo mágico na obra de Lídia Jorge, João de Melo e Hélia Correia», defendida em Junho de 2013. Mestre em Literatura Comparada e Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas, autor da obra O Realismo Mágico na Literatura Portuguesa: O Dia dos Prodígios, de Lídia Jorge e O Meu Mundo Não É Deste Reino, de João de Melo, fruto da minha tese de mestrado. Tenho ainda três pequenas biografias publicadas na colecção Chamo-me: Agostinho da Silva, Eugénio de Andrade e D. Dinis. Colaboro com o suplemento Cultura.Sul e com o Postal do Algarve (distribuídos com o Expresso no Algarve e disponíveis online), e tenho publicado vários artigos e capítulos na área dos estudos literários. Trabalhei como professor do ensino público de 2003 a 2013 e ministrei formações. De Agosto de 2014 a Setembro de 2017, fui Docente do Instituto Camões em Gaborone na Universidade do Botsuana e na SADC, sendo o responsável pelo Departamento de Português da Universidade e ministrei cursos livres de língua portuguesa a adultos. Realizei um Mestrado em Ensino do Português e das Línguas Clássicas e uma pós-graduação em Ensino Especial. Vivi entre 2017 e Janeiro de 2020 na cidade da Beira, Moçambique, onde coordenei o Centro Cultural Português, do Camões, dois Centros de Língua Portuguesa, nas Universidades da Beira e de Quelimane. Fui docente na Universidade Pedagógica da Beira, onde leccionava Didáctica do Português a futuros professores. Resido agora em Díli, onde trabalho como Agente de Cooperação e lecciono na UNTL disciplinas como Leitura Orientada e Didáctica da Literatura. Ler é a minha vida e espero continuar a espalhar as chamas desta paixão entre os leitores amigos que por aqui passam.