A Grande Caçada, segundo volume de «A Roda do Tempo», com tradução de Catarina Rocha Lima e Joel Lima, retoma a acção exactamente no ponto em que encerrou o primeiro livro.
Rand al’Thor está agora ciente do fardo que lhe recai sobre os ombros. Embora se continue a sentir completamente incrédulo e os seus sonhos premonitórios continuem a ser prementes, são óbvios os olhares que as pessoas na cidadela de Fal Dara deitam ao jovem, quando por aí passa. Entretanto chega também à cidadela a Sede Amyrlin, a líder das mulheres-feiticeiras conhecidas como Aes Sedai, que, passado pouco tempo, convoca Rand al’Thor. A fuga de Rand a essa convocatória constitui, afinal, uma fuga à tomada de consciência daquilo que parece agora consumado: que é ele o Dragão Renascido. Segundo a profecia, o Dragão renascido pode ser o salvador do mundo. Mas pode igualmente ser o seu destruidor.
Neste universo ficcional em que a magia é exclusivamente dominada por mulheres, há quem não compreenda como deixam em liberdade o único homem capaz de canalizar o Poder; um homem que deve obviamente ser amansado pelas “feiticeiras”, pois continua a ser completamente imprevisível o que o poder pode fazer à mente de um homem – a sua progressão num indivíduo do sexo masculino nunca foi exactamente medida ou estudada. O que parece certo é que este poder, ao longo dos séculos, tem tomado sempre a forma de um mal que destrói a mente e o corpo do seu receptáculo, conduzindo-o gradual e irrevogavelmente à loucura.
As próprias Aes Sedai “não podiam exercer abertamente o seu poder desde a Rutura do Mundo, e muito menos o Poder Único”. No entanto, são peritas em intrigar e manipular os fios do tempo como bonecreiras, servindo-se “dos tronos e das nações como se fossem pedras num tabuleiro de jogo” (p. 165).
«Na Terceira Era, uma Era que ainda há de vir, uma Era há muito passada, o Mundo e o Tempo podem sucumbir, mas Rand, Mat e Perrin estão dispostos a sacrificar a sua própria vida para o evitar.»
O ambiente da saga evoca o medieval, pelo modo de vida descrito, numa realidade próxima da humana (sem anões ou elfos, em que as figuras inumanas são sobretudo as maléficas), onde a magia existe, ainda que vista com temor e desconfiança, circunscrita sobretudo às mulheres. Curiosamente, a magia nos homens pode ser tão poderosa como a das mulheres, mas é mais facilmente descontrolável, resultando em loucura e mortandade. O mal está aliás incorporado numa figura masculina: Ba’alzamon.
Robert Jordan entrelaça nesta saga épica vários universos distintos, dos contos de fadas aos mitos celtas, criando toda uma mitologia que bebe da cultura e filosofia da Europa e da Ásia, e muito especialmente da natureza cíclica do tempo do Budismo e do Hinduísmo, da destruição e renovação ao longo das eras.
Robert Jordan nasceu em 1948 em Charleston, Carolina do Sul. Aos quatro anos aprendeu a ler com a ajuda de um irmão mais velho, e aos cinco anos mergulhou nas aventuras de Mark Twain e de Júlio Verne. Com vinte anos, foi mobilizado para o exército dos Estados Unidos, cumprindo duas comissões no Vietname (de 1968 a 1970). Depois do seu regresso, licenciou-se em Física e, em 1977, iniciou o seu percurso como escritor.
Robert Jordan morreu a 16 de setembro de 2007, após uma corajosa batalha contra uma doença rara.
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