Uma família desligada, de Amélie Javaux e Annick Masson, foi o primeiro álbum publicado pela Fábula a assinalar o novo ano literário. Com tradução de Susana Cardoso Ferreira, este livro destina-se a todos os animais de estimação e respectivas famílias.
Esta é a história do Biscoito, o cão mais feliz do mundo. Pelo menos até ao dia em que a avó fez uma visita à sua casa e, inconscientemente, ofereceu a cada um dos netos um presente envenenado. Numa família onde tudo vem a triplicar, os três netos, o Chico, o Baltasar, e a Amélia, receberam, respectivamente, um smartphone, uma consola e um tablet. Nesse dia tudo mudou, acabam-se os passeios, os abraços e os petiscos, e as crianças esquecem-se que é preciso levar o Biscoito à rua, pois passam o dia enfronhados nos ecrãs, sem dar atenção ao se passa lá em casa – estranhamente mergulhada em silêncio. Vendo-os a todos completamente hipnotizados, e desligados da realidade, este cocker-spaniel tem de fazer valer a sua esperteza e congemina um plano para que lhe voltem a ligar alguma…
Um livro com ilustrações amorosas que lida, num tom leve, sem fundamentalismos ou lições de moral, com um tema sério – o excesso de utilização de ecrãs – e nos relembra, de forma bem-humorada, da importância de nos (re)ligarmos aos outros e de dedicar tempo, afecto e atenção a quem está fisicamente connosco.
Podemos ler, algures, que os peixes que em criança colocávamos num aquário têm uma curta memória, cuja atenção dura 8 segundos. Depois disso, o seu “cérebro” reinicia e a repetição transforma-se em novidade. No caso do homem, a sua capacidade de atenção resume-se a 9 segundos… Estima-se que 30 minutos é o tempo máximo adequado de exposição às redes sociais, e à Internet em geral, para qualquer jovem ou adulto, sem que a nossa saúde mental fique comprometida. No entanto, há estudos que estimam que um jovem passe cerca de 5 horas e meia ligado a algum dispositivo digital, e mais de 8 horas frente a um ecrã de computador…
Amélie Javaux é uma autora belga. Trabalha como psicóloga em Liège, onde acompanha crianças e adolescentes. Depois de um primeiro álbum que toca, com sensibilidade, no tema do fim da vida, a autora continua a abordar com rigor e um olhar construtivo grandes questões da nossa sociedade, como o lugar dos ecrãs na vida familiar.
Annick Masson nasceu em 1969 perto de Liège. Depois de estudar ilustração no Saint Luke Institute of Arts em Liège, trabalhou em animação num estúdio de desenhos animados e depois como designer para uma editora. Ilustrou o seu primeiro livro para crianças em 2006. Os seus livros estão publicados em várias línguas.
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