Uma Brancura Luminosa é o mais recente livro do autor norueguês Jon Fosse, Prémio Nobel de Literatura 2023, publicado pela Cavalo de Ferro, com tradução de Liliete Martins. Uma novela, de cerca de 50 páginas, que constitui uma excelente introdução à prosa deste autor nobelizado, por ser uma narrativa ainda mais breve que as primeiras que nos chegaram, como Trilogia ou Manhã e Noite.

Uma Brancura Luminosa foi considerado livro do ano de 2023 pelo Financial Times e New Yorker. Foi publicado, no original, após o monumental Septologia, sete volumes que têm sido editados faseadamente pela chancela portuguesa. Para que não haja dúvidas, Uma Brancura Luminosa é um volume independente, publicado agora entre nós, e que pode ser lido neste compasso de espera entre o segundo e o terceiro livro do Septologia.

Um homem conduz sem destino. Ao acaso, vira à direita e à esquerda. Por fim, chega ao final da estrada na orla da floresta e o seu carro fica atolado. Pouco depois começa a escurecer e a nevar.

A prosa de Jon Fosse, como sempre, é sublime e inquietante, lírica e metafísica. Os motivos, símbolos e temas estão lá todos.

Uma história que, como as outras, se forma em torno de dicotomias, entre a escuridão e a luminosidade, entre o significado e o vazio, entre o sentido e o nada, entre o terreno e o divino, entre um eu e um ele, ou eles.

“Quando escuto o nada, eu ouço, se é que é possível ouvir o nada, (…) eu ouço o nada, não qualquer coisa, em todo o caso não a voz de Deus, o que quer que ela possa ser.” (p. 40)

Jon Fosse é um dos mais importantes e celebrados autores vivos. Nasceu em 1959, na Noruega, e vive actualmente numa residência honorária situada nas propriedades do Palácio Real de Oslo, bem como em Hainburg, Áustria, e em Frekhaug, Noruega. Escritor e dramaturgo, estreou-se em 1983, tendo recebido vários prémios ao longo da sua carreira, entre os quais o Prémio Internacional Ibsen, o Prémio Europeu de Literatura e o Prémio de Literatura do Conselho Nórdico. A sua extensa obra, traduzida em mais de quarenta línguas, inclui romance, teatro, poesia, livros para crianças e ensaio.

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Paulo Nóbrega Serra
Written by Paulo Nóbrega Serra
Sou doutorado em Literatura com a tese «O realismo mágico na obra de Lídia Jorge, João de Melo e Hélia Correia», defendida em Junho de 2013. Mestre em Literatura Comparada e Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas, autor da obra O Realismo Mágico na Literatura Portuguesa: O Dia dos Prodígios, de Lídia Jorge e O Meu Mundo Não É Deste Reino, de João de Melo, fruto da minha tese de mestrado. Tenho ainda três pequenas biografias publicadas na colecção Chamo-me: Agostinho da Silva, Eugénio de Andrade e D. Dinis. Colaboro com o suplemento Cultura.Sul e com o Postal do Algarve (distribuídos com o Expresso no Algarve e disponíveis online), e tenho publicado vários artigos e capítulos na área dos estudos literários. Trabalhei como professor do ensino público de 2003 a 2013 e ministrei formações. De Agosto de 2014 a Setembro de 2017, fui Docente do Instituto Camões em Gaborone na Universidade do Botsuana e na SADC, sendo o responsável pelo Departamento de Português da Universidade e ministrei cursos livres de língua portuguesa a adultos. Realizei um Mestrado em Ensino do Português e das Línguas Clássicas e uma pós-graduação em Ensino Especial. Vivi entre 2017 e Janeiro de 2020 na cidade da Beira, Moçambique, onde coordenei o Centro Cultural Português, do Camões, dois Centros de Língua Portuguesa, nas Universidades da Beira e de Quelimane. Fui docente na Universidade Pedagógica da Beira, onde leccionava Didáctica do Português a futuros professores. Resido agora em Díli, onde trabalho como Agente de Cooperação e lecciono na UNTL disciplinas como Leitura Orientada e Didáctica da Literatura. Ler é a minha vida e espero continuar a espalhar as chamas desta paixão entre os leitores amigos que por aqui passam.