Sob a Estrela do Outono é uma obra inédita, em português, do escritor norueguês Knut Hamsun (1859-1952). Célebre romance do autor laureado com o Prémio Nobel de Literatura em 1920, marca uma nova fase na sua escrita, como o próprio reconheceu. A sua obra está publicada pela Cavalo de Ferro, sendo que foi agora também reeditado Os Frutos da Terra (1917), romance de imenso sucesso numa Europa pós-guerra e que terá valido ao autor a atribuição do Nobel.

Sob a Estrela do Outono chega com tradução de João Reis. Narrado na primeira pessoa, num tempo presente, que confere aos acontecimentos um registo próximo, linear e imediato, este romance toma como protagonista Knut Pedersen, personagem à qual Hamsun empresta o seu próprio nome. Knut pouco revela sobre si, mas gradualmente percebemos que parece estar a fugir de algo, ou a tentar despir a sua anterior existência, fruto de sofrimento.

“Está tudo mal neste mundo, a vida é feita de preocupações e futilidades.” (p. 87)

Refugia-se agora no campo em busca da verdadeira vida, determinado a conquistar serenidade e paz interior. As suas roupas elegantes, que acaba por ceder a outrem, e a sua cultura, denunciam-no como um homem que não pertence ao povo, embora seja no trabalho braçal que ele procura refúgio e ganha-pão para uma vida feita de pequenos nadas. Knut ciranda até altas horas da noite entre cemitérios, pois o deambular ajudam-no a pensar, enquanto que de dia vagueia de quinta em quinta onde executa as tarefas que forem necessárias. Desempenha assim o ofício de pedreiro ou lenhador, mas a sua mente inquieta também dará asas a uma veia de inventor.

Publicada em 1906, é unanimemente considerada uma das obras fundamentais de Knut Hamsun. Depois da atribuição do Nobel, a carreira literária de Knut Hamsun prolongou-se por mais trinta anos. A sua obra completa, reunida em 15 volumes, foi publicada em 1954, dois anos após a sua morte. O autor terminou os seus dias na mais completa pobreza pois à glória literária sucedeu-se, no final da sua vida, o repúdio dos seus contemporâneos, devido à simpatia do autor pelo regime nazi e ao seu apoio público ao governo fantoche formado após a ocupação da Noruega.

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Paulo Nóbrega Serra
Written by Paulo Nóbrega Serra
Sou doutorado em Literatura com a tese «O realismo mágico na obra de Lídia Jorge, João de Melo e Hélia Correia», defendida em Junho de 2013. Mestre em Literatura Comparada e Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas, autor da obra O Realismo Mágico na Literatura Portuguesa: O Dia dos Prodígios, de Lídia Jorge e O Meu Mundo Não É Deste Reino, de João de Melo, fruto da minha tese de mestrado. Tenho ainda três pequenas biografias publicadas na colecção Chamo-me: Agostinho da Silva, Eugénio de Andrade e D. Dinis. Colaboro com o suplemento Cultura.Sul e com o Postal do Algarve (distribuídos com o Expresso no Algarve e disponíveis online), e tenho publicado vários artigos e capítulos na área dos estudos literários. Trabalhei como professor do ensino público de 2003 a 2013 e ministrei formações. De Agosto de 2014 a Setembro de 2017, fui Docente do Instituto Camões em Gaborone na Universidade do Botsuana e na SADC, sendo o responsável pelo Departamento de Português da Universidade e ministrei cursos livres de língua portuguesa a adultos. Realizei um Mestrado em Ensino do Português e das Línguas Clássicas e uma pós-graduação em Ensino Especial. Vivi entre 2017 e Janeiro de 2020 na cidade da Beira, Moçambique, onde coordenei o Centro Cultural Português, do Camões, dois Centros de Língua Portuguesa, nas Universidades da Beira e de Quelimane. Fui docente na Universidade Pedagógica da Beira, onde leccionava Didáctica do Português a futuros professores. Resido agora em Díli, onde trabalho como Agente de Cooperação e lecciono na UNTL disciplinas como Leitura Orientada e Didáctica da Literatura. Ler é a minha vida e espero continuar a espalhar as chamas desta paixão entre os leitores amigos que por aqui passam.