
Napoleão, o camaleão é um álbum infanto-juvenil com texto de Filipa Fonseca Silva e ilustrações de Marta Calado, publicado pela Porto Editora.
Filipa Fonseca Silva estreia-se na literatura infantojuvenil com este livro precioso, que será particularmente querido aos leitores do Algarve, independentemente da idade. Ainda há dias, quando li o livro com a minha sobrinha, de 7 anos, e no fim perguntei se ela gostava de camaleões, a resposta, que me deixou siderado e profundamente triste, foi: “Não sei. Nunca vi nenhum…”
«O Napoleão é um camaleão muito curioso. E teimoso! A mãe pediu-lhe que não saísse das árvores, porque no chão há monstros e muitos outros perigos. Mas Napoleão não lhe deu ouvidos. E agora? O que irá acontecer?»
O nome Napoleão, que rima com camaleão, lança o mote deste conto. O texto, curto, em rima, de fácil leitura e interpretação (uma criança no segundo ano já o consegue ler sozinha sem dificuldade), é acompanhado pelas ilustrações de Marta Calado, em cores ora quentes e vibrantes, ora suaves, entre a frescura da vegetação e os “caminhos dourados” de praias e areias por onde este nosso herói, de um verdinho alface, deambula.
Além do texto rimado, são constantes os avisos sugestionáveis relativos aos monstros (outros que não as pegas-rabudas, o seu maior predador) até que, como não podia deixar de ser, percebemos qual a verdadeira identidade dos afamados e temidos monstros – há os mais pequenos, e há os monstros grandes. Mas, afinal, talvez não haja verdadeiramente motivo para temer os monstros.
De forma subtil, sem ter de explicar tudo, este álbum ilustrado permite sensibilizar os leitores mais pequenos e os graúdos para a preservação da Natureza e do bem-estar animal. O camaleão, afinal, que era em tempos um animal tão comum de se avistar na areia e nos pinheiros, está declarado como uma espécie em vias de extinção.
O emblemático camaleão “algarvio” (camaleão-comum, Chamaeleon chamaleon), é um réptil solitário, originário do Norte de África, possivelmente introduzido pelo Homem em Portugal há mais de 500 anos. É mais comum encontrá-lo “por aí” em atividade entre meados de julho e de setembro. Há zonas no Algarve onde ainda pode de facto deparar-se com alguns. Se tal acontecer pode encaminhar a situação para o RIAS – Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens, ou o Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente da GNR (SEPNA) através do número SOS Ambiente, ou os Vigilantes da Natureza da área protegida mais próxima. No entanto, se encontrar o animal naquele que é o seu habitat, uma zona verde ou uma praia, então não deve, de todo, capturá-lo. Ele está em casa e é aí que deve ficar. Só no caso de se deparar com um camaleão saudável num local inapropriado para esta espécie, como por exemplo em plena cidade ou a atravessar uma estrada, pode tentar pegar nele com um pequeno pau, nunca com as mãos, e reportar.
Filipa Fonseca Silva nasceu no Barreiro em 1979. Licenciada em Comunicação Social e Cultural pela Universidade Católica em 2002, preferiu a publicidade ao jornalismo, tendo trabalhado como criativa publicitária até 2017. Em 2011, iniciou a sua carreira literária com Os 30 — Nada é Como Sonhámos, cuja versão inglesa fez com que se tornasse na única autora portuguesa a atingir o Top 100 da Amazon. Desde então, publicou mais quatro romances, dois livros de humor e inúmeras crónicas, contos e ensaios. Um desses livros, O Elevador, além de ter sido finalista do Livro do Ano Bertrand, foi adaptado a filme em 2024. Em março de 2023, fundou o Clube das Mulheres Escritoras, uma plataforma de apoio mútuo entre autoras, que tem como objetivo promover e celebrar a Literatura Portuguesa escrita por mulheres. Vive em Lisboa com o marido e os dois filhos.
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