Karma Instantâneo, de David Michie, publicado pela Pergaminho, faz parte de uma nova tendência de romancear livros que versam temas de desenvolvimento pessoal.

“E se um dia acordássemos e descobríssemos que cada ato de generosidade era seguido de uma prosperidade imensa? E que o roubo e a traição resultavam em decadência para quem os comete? Em poucos minutos, os efeitos do karma seriam sentidos por todos. Em poucas horas, o mundo inteiro estaria a tentar compreender esta nova ordem.”

O livro passa-se num mesmo dia, alternando a história de várias personagens, cada uma tocada à sua maneira; umas vivenciam situações extremamente negativas, e outras situações positivas e completamente inesperadas. Mas à medida que o dia passa, e cada situação parece desencadear novas situações começa a ficar claro para um leitor desprevenido – que não tenha lido ainda a sinopse na contracapa do livro – que aquilo que está a acontecer é, afinal, algo de extraordinário. Algo que pode ser visto como um pequeno milagre ou, por outro lado, uma pequena tragédia, em que cada uma das acções destas personagens gera resultados imediatos em cadeia. Tudo depende das acções que cada um escolhe praticar num dado momento.

É usual dizer que cada um tem o que merece e que as acções ficam com quem as pratica. Neste livro, o autor vai mais longe – isto nas suas palavras – mas talvez não demasiadamente longe, segundo opinião de alguns, ao imaginar que cada acção gera reacção imediata.

Apresentado justamente como romance, na capa, o próprio autor esclarece, numa nota, que esta é mais ou menos uma obra de ficção. Na verdade, não obstante a forma livre como imagina os cenários e contextos, o autor procura ser fiel aos “ensinamentos tradicionais budistas tibetanos sobre o karma”, descrevendo aspectos gerais do karma, os factores que lhe conferem poder, as causas específicas de certos efeitos, e conceitos como a natureza dependente da realidade.

Em suma, o autor procura relembrar-nos que as nossas acções têm consequências e que estamos todos ligados. Por isso, muitas vezes quando perguntamos o “porquê de cada um de nós experimentar a realidade da maneira que experimenta”, a resposta pode estar aí: nos nossos pequenos gestos do dia-a-dia para com o outro e para connosco mesmos.

David Michie é autor de vários bestsellers internacionais sobre budismo (livros de ficção, ensaios), publicados em mais de 40 países. É conferencista, coach e instrutor de meditação.