Sete breves lições de física, chegado às livrarias em Outubro de 2015, com tradução de Vasco Gato, foi o primeiro livro de Carlo Rovelli publicado em Portugal pela Objectiva. O autor escreve estas lições “para quem não conhece, ou conhece pouco, a ciência moderna” (p. 9). Oferece-nos “um olhar sobre a realidade, um pouco menos velado do que a nossa ofuscada banalidade quotidiana” (p. 17). Este livro surge assim como uma súmula da física, ciência que “abre a janela para vermos longe”, ajudando-nos a desmontar preconceitos que toldam a nossa “imagem intuitiva do mundo”, “parcial, paroquial, desadequada” (p. 48). Até porque nós, “seres conscientes”, vivemos num universo em que o tempo é simultâneo, mas habitamos o presente porque vemos apenas uma imagem esbatida do mundo” (p. 59).

Ao longo de sete breves lições, Carlo Rovelli, físico italiano, guia o leitor, com admirável clareza e poesia (não será por acaso que o próprio tradutor é poeta), numa viagem pela Física moderna. A primeira lição é dedicada à teoria da relatividade de Einstein («a mais bela de todas as teorias»), a segunda à mecânica quântica, que compreende os aspetos mais desconcertantes da física moderna, a terceira é dedicada ao cosmos e à arquitetura do universo, a quarta trata das partículas elementares, a quinta fala-nos da gravidade quântica e algumas das grandes descobertas do século XX, a sexta disserta sobre probabilidade e o calor dos buracos negros (remetendo para outra leitura possível, Buracos Negros: As Palestras Reith da BBC, de Stephen Hawking, publicado pela Bertrand).

A última lição “regressa a nós mesmos e interroga-se sobre como poderemos chegar a pensar-nos no estranho mundo descrito por esta física” (p. 9). Essas quase 10 páginas de “A fechar: nós” são um verdadeiro tratado de beleza poética acerca da finitude da espécie humana e do Homem, das poucas certezas do conhecimento científico, e do quão libertador e fascinante pode ser estar “na margem daquilo que sabemos, em contacto com o oceano do que não sabemos” (p. 72).

“No imenso mar das galáxias e das estrelas, somos um infinitésimo recanto perdido; entre os arabescos infinitos de formas que compõem o real, não somos senão um gatafunho entre muitos.” (p. 63)

Carlo Rovelli é físico teórico e membro do Instituto Universitário de França e da Academia Internacional de Filosofia das Ciências. Com vários livros publicados na área, Rovelli é, atualmente, responsável pelo Departamento de Física Teórica da Universidade de Aix-Marseille. Sete breves lições de Física trouxe-lhe a merecida admiração de curiosos e académicos e tornou-se um inesperado fenómeno de vendas em Itália, com mais de 300 000 exemplares vendidos. Conciliou as duas teorias em que assenta a Física moderna, e é um dos 100 pensadores globais mais influentes, segundo a “Foreign Policy”.

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Paulo Nóbrega Serra
Written by Paulo Nóbrega Serra
Sou doutorado em Literatura com a tese «O realismo mágico na obra de Lídia Jorge, João de Melo e Hélia Correia», defendida em Junho de 2013. Mestre em Literatura Comparada e Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas, autor da obra O Realismo Mágico na Literatura Portuguesa: O Dia dos Prodígios, de Lídia Jorge e O Meu Mundo Não É Deste Reino, de João de Melo, fruto da minha tese de mestrado. Tenho ainda três pequenas biografias publicadas na colecção Chamo-me: Agostinho da Silva, Eugénio de Andrade e D. Dinis. Colaboro com o suplemento Cultura.Sul e com o Postal do Algarve (distribuídos com o Expresso no Algarve e disponíveis online), e tenho publicado vários artigos e capítulos na área dos estudos literários. Trabalhei como professor do ensino público de 2003 a 2013 e ministrei formações. De Agosto de 2014 a Setembro de 2017, fui Docente do Instituto Camões em Gaborone na Universidade do Botsuana e na SADC, sendo o responsável pelo Departamento de Português da Universidade e ministrei cursos livres de língua portuguesa a adultos. Realizei um Mestrado em Ensino do Português e das Línguas Clássicas e uma pós-graduação em Ensino Especial. Vivi entre 2017 e Janeiro de 2020 na cidade da Beira, Moçambique, onde coordenei o Centro Cultural Português, do Camões, dois Centros de Língua Portuguesa, nas Universidades da Beira e de Quelimane. Fui docente na Universidade Pedagógica da Beira, onde leccionava Didáctica do Português a futuros professores. Resido agora em Díli, onde trabalho como Agente de Cooperação e lecciono na UNTL disciplinas como Leitura Orientada e Didáctica da Literatura. Ler é a minha vida e espero continuar a espalhar as chamas desta paixão entre os leitores amigos que por aqui passam.