Punições, de Franz Kafka, publicado pela Cavalo de Ferro, reúne três textos célebres de Franz Kafka: «A sentença», «Na colónia penal» e «A metamorfose».
Este volume reúne pela primeira vez três clássicos da literatura universal com uma nova tradução de Paulo Osório de Castro, numa edição que faz justiça ao projecto unitário desenhado por Franz Kafka. Escritos, respectivamente, em 1913, 1915 e 1919, representam textos célebres unidos por temáticas afins: o desespero do homem moderno levado às últimas consequências ou a sua solitária condenação a uma existência absurda.
Dos três textos, eivados de desconcerto e por vezes com insólitos desfechos, destaca-se, quer pela extensão quer por ser sobejamente conhecida, a novela «A Metamorfose» – que também se pode encontrar numa edição de bolso recente, da nova colecção portuguesa de clássicos da Penguin. O primeiro texto, e o mais breve, «A sentença», narra a história de um pai que julga e condena o filho à morte.
O terceiro texto, «Na colónia penal», é o relato de um viajante de outro país que testemunha o uso de uma elaborada máquina de tortura na execução de sentenças. Uma narrativa prolífica em alusões subtis e símbolos que antecipa profeticamente os campos de concentração e os regimes totalitários (aqui já no seu estertor), onde se imagina um aparelho de morte, num sistema judicial em que não é preciso provar a culpa do condenado, numa ilha árida e ardente (o sol inflama e distorce tudo), demarcada da Europa, e que se pode associar ao continente africano.
A leitura deste texto pode remeter-nos, inclusive, para um ensaio publicado no ano passado: K como Kolónia — Kafka e a descolonização do imaginário, de Marie-José Mondzain, com a chancela da Orfeu Negro e tradução de Luís Lima. A filósofa e autora encarava os textos de um autor branco judeu, que nunca pisou solo africano, à luz da descolonização, procurando evidenciar como Kafka deitou singular atenção à condição do negro.
Franz Kafka nasceu em Praga, capital do antigo império Austro-Húngaro, em 1883. Formado em Direito, empregou-se numa companhia de seguros, trabalho que afirmava detestar, mas que lhe permitia subsistir e dedicar-se à escrita. Em vida, publicou apenas sete livros, nomeadamente A Metamorfose, em 1915. Em 1917 é-lhe diagnosticada tuberculose, doença de que viria a morrer em 1924.
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