O Homem sentimental, de Javier Marías, foi agora reeditado pela Alfaguara. Há muito desaparecido das livrarias, este é um dos romances mais elogiados de Javier Marías que regressa agora numa nova edição, com tradução de Salvato Teles de Menezes.
Esta é a história de León de Nápoles, com uma das mais tristes e solitárias profissões que existem, além da de caixeiro-viajante. León é um cantor lírico que está de visita a Madrid onde interpreta Cássio, no Otello de Verdi. Na viagem de comboio entre Veneza e Madrid, vê, pela primeira vez, três desconhecidos que, saberá depois, são Natalia Manur, o marido, um abastado banqueiro, e Dato, que tem a função de acompanhante de Natalia, e que León acaba por conhecer no bar do hotel onde está hospedado. Assim inicia uma estranha tríade amorosa e um desfile de personagens peculiares que, como tantas vezes acontece nas obras do autor, se movem entre as sombras.
Narrado na primeira pessoa, numa prosa vertiginosa, em frases que se distendem a perder o leitor, esta é uma história escrita de rajada, numa manhã, quatro anos depois dos eventos ocorridos, como quem sai finalmente de um limbo, sem, contudo, que o protagonista torne claro para o leitor o que é efectivamente real e o que é onírico: “Agora que vos conto este sonho e história” (p. 46).
Este livro de Javier Marías, que inclui dois breves epílogos, um deles assinado pelo próprio, é o quinto romance do autor (publicado em 1987) e inaugura a fase mais intimista da sua obra.
Javier Marías nasceu em Madrid em 1951 e morreu em setembro de 2022, deixando uma obra extraordinária e sendo considerado um dos mais destacados escritores espanhóis dos últimos 50 anos. A sua obra encontra-se publicada em 46 idiomas e 59 países, com cerca de 10 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo. Escreveu 16 romances, vários livros de contos e de ensaio, a maioria dos quais publicados em Portugal pela Alfaguara. O Homem sentimental curiosamente cruza personagens, ainda que de forma ligeira, com outras duas grandes obras do autor: Tomás Nevinson e Berta Isla (Prémio da Crítica).
Entre a sua obra podemos destacar: Assim começa o mal, Os enamoramentos (Prémio Giuseppe Tomasi di Lampedusa; Prémio Qué Leer), Coração tão branco (Prémio da Crítica; Prix l’Oeil et la Lettre; IMPAC Dublin Literary Award), Amanhã na batalha pensa em mim (Prémio Fastenrath; Prémio Rómulo Gallegos; Prix Fémina Étranger), Todas as almas, a trilogia O teu rosto amanhã, Os domínios do lobo, e o volume de contos Não mais amores.
Pelo conjunto da sua obra, recebeu vários prémios e distinções: Prémio Nelly Sachs (Dortmund, 1997); Prémio Comunidad de Madrid (1998); Prémio Grinzane Cavour (Turim, 2000); Prémio Alberto Moravia (Roma, 2000); Prémio Alessio (Turim, 2008), Prémio José Donoso (Chile, 2008); The America Award (2010) Prémio Nonino (Udine, 2011); Prémio Literário Europeu (2011); Prémio Formentor (2013); Prémio Boattari Lattes Grinzane (2015); Premio Liber (2017).
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