Humanidade – Uma História de Esperança, de Rutger Bregman, publicado pela Bertrand Editora, defende a ideia, controversa (se pensarmos naquilo que os meios de comunicação nos mostram, e no que os livros de história têm evidenciado), de que a Humanidade, quando confrontada com algumas das maiores tragédias, como o Blitz em Londres na Segunda Guerra ou o Furacão Katrina em Nova Orleães, não entra em choque nem em histeria. Os exemplos estoicistas de humor britânico durante a destruição provocada pelas bombas alemãs são reveladores disso mesmo.
Neste livro, o historiador e jornalista Rutger Bregman procura demonstrar como, face a uma tragédia ou em momentos de crise, ao contrário do que se assume, as pessoas não se revelam egoístas nem desregradas, numa fuga de “salve-se quem puder”, mas sim solidárias e corajosas, capazes até de ceder o lugar ao próximo, deixando-o passar à frente, enquanto descem o World Trade Center em chamas…
«Há um mito persistente de que os seres humanos, pela sua própria natureza, são egoístas, agressivos e depressa entram em pânico. É aquilo a que o biólogo holandês Frans de Waal gosta de chamar teoria do verniz: a civilização não passa de uma fina camada que estala à menor provocação. Ora, a verdade é o oposto. Numa crise – quando caem bombas ou sobem as águas durante uma inundação –, nós, humanos, tornamo-nos na melhor versão de nós mesmos.» (p. 25)
O autor nega a «retórica fatalista da ruína» (p. 162), desmontando inclusivamente mitos que se instituíram, como uma eventual chacina na ilha de Páscoa que resultou no extermínio da população que, na verdade, nunca aconteceu. Dando ainda conta de algumas experiências macabras (incluindo reality TV shows) que procuravam justamente revelar o pior da natureza humana, e que inevitavelmente falhavam, Rutger Bregman mostra que, num momento em que enfrentamos «uma crise ecológica a uma escala existencial» (p. 140), não há verdadeiramente razão para sermos derrotistas, comprovando-o com a evocação de vários momentos da História em que fomos capazes de fazer o nosso melhor, revelando cooperação e altruísmo. Um dos episódios-chave do livro é quando durante a I Guerra Mundial os soldados de linhas inimigas celebram o Natal.
«Os humanos simplesmente não estão programados para fazer guerra.» (p. 412)
Humanidade foi livro do ano do Guardian, bestseller do New York Times e do Sunday Times. O anterior livro do autor, Utopia para Realistas, foi igualmente um êxito internacional.
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