Fui lendo espaçadamente este livro constituído por quatro contos da autora, o que acredito, me permitiu, desfrutar melhor da sua escrita. Sobre a escritora já se tem falado do seu universo criativo muito próprio, para o qual contribui a intertextualidade, com alusões explícitas a filmes, citações de frases soltas retiradas de livros ou filmes, certas imagens e temas, e a sensação de andarmos num fino fio entre a realidade sempre atentamente descrita e o fantástico – uma dimensão fantástica perturbante, intrigante, neogótica. A escrita é fluída e leva-nos em frases rápidas, cadenciadas, numa narrativa que começa de modo calmo mas vai acelerando a respiração à medida que o mistério se adensa. Apesar da narrativa ser perspectivada a partir da terceira pessoa, pela voz do narrador, há uma identificação muito próxima das personagens, e vamos testemunhando dos seus estados de alma. Os nomes das personagens são quase sempre estrangeiros, e parecem homenagear certas escritoras queridas à autora – como a Iris do último conto do livro e que dá título ao mesmo. O processo criativo e a arte estão também quase sempre presentes, nomeadamente, uma vez mais, no último conto, em que a personagem é também escritora.
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