Palavras Sublinhadas -
Home
Literatura Portuguesa
Literatura Lusófona
Literatura Estrangeira
Crítica
Espiritualidade
  • Home
  • Literatura Portuguesa
  • Literatura Lusófona
  • Literatura Estrangeira
  • Crítica
  • Espiritualidade
Palavras Sublinhadas -
Literatura Estrangeira

Nunca me deixes, de Kazuo Ishiguro

Nunca me deixes, do autor Kazuo Ishiguro, Prémio Nobel de Literatura em 2017, cuja obra está publicada pela Gradiva, é considerado um dos melhores livros do autor mas corre o risco de ser tomado como um livro enganosamente simples.
Apesar de numa página introdutória, o autor situar a acção em «Inglaterra, finais da década de 90», este romance tem sido considerado como uma distopia, próxima da ficção científica.
A história está dividida em três partes: a infância de Kathy, Ruth e Tommy em Hailsham, um colégio interno na província inglesa, isolado do mundo; a adolescência ou início da idade adulta, na Herdade, aquilo que resta de uma quinta falida, com uma casa rural, e em redor palheiros, arrecadações e estábulos; a idade adulta, em que Kathy deixa a Herdade para trabalhar no mundo exterior como cuidadora.
Sem querer desvendar muito da intriga, pois o livro só ganha no mistério que vamos desvendando gradualmente e sempre de forma subtil, Nunca me deixes pode ser lido como uma alegoria sobre a vida e o amor.
Hailsham, como cenário idílico, relembra outros colégios internos sobre os quais lemos noutras obras de autores ingleses, como se toda a primeira parte do livro simbolizasse o decorrer do século XX. Os jovens aprendem como numa escola, lêem e debatem filosofia, mas é a arte e a criatividade que desempenha o principal papel. O único momento em que esta rotina parece ganhar vida é quando se dão as Vendas, em que os jovens reúnem todas as fichas que conseguiram juntar para trocar por objectos que, vistas bem as coisas, são perfeitamente inúteis mas que guardam como relíquias e que parecem dar cor à sua vida. Uma crítica a uma sociedade consumista que se foi impondo no decorrer do século XX? Uma reflexão sobre a importância da arte da beleza, nem que seja nalgum objecto estético que criamos ou adquirimos com desvelo?
Quando chegam à Herdade, Kathy (a narradora do livro, num registo discursivo na primeira pessoa que reforça a nossa afinidade com a personagem) reflecte acerca da tese que deve fazer, uma vez que saiu de Hailsham e está em fase transitória para ingressar no mundo exterior, contudo nunca faz a tese que aliás não é propriamente considerada um imperativo. Ao sair da Herdade, uma vez que o confronto entre Kathy e Ruth é inevitável, dispersam-se definitivamente as amizades criadas desde a infância e Kathy, agora com 30 anos, conhece o mundo do qual viveu protegida (ou melhor dizendo escondida), e enquanto aguarda que se cumpra o único propósito pelo qual nasceu (ou foi criada), como dadora, desempenha exemplarmente as funções de curadora, auxiliando outros dadores. Em suma, conhece uma vida feita de abnegação, trabalho, sofrimento e solidão, quando cresceu sempre rodeada de colegas e professores. Fica, no final, um travo melancólico de um amor, e de uma amizade, que quase se perdia em absoluto por causa do ciúme e da inveja.
O livro foi adaptado ao cinema em 2010 (o filme passou há dias na Fox Life), pelo realizador Mark Romanek, com interpretação de Carey Mulligan, Andrew Garfield e Keira Knightley. Ver artigo

Fevereiro 13, 2018by Paulo Nóbrega Serra
FacebookTwitterPinterestGoogle +Stumbleupon

Subscrição

Artigos recentes

  • A Devastação do Silêncio, de João Reis (Elsinore)
  • Instantâneos, de Claudio Magris (Quetzal)
  • Os Memoráveis, de Lídia Jorge integra Colecção Essencial Livros RTP
  • 1640, de Deana Barroqueiro (casa das letras)
  • Na praia de Chesil, de Ian McEwan (Gradiva)

Categorias

  • Crítica
  • Espiritualidade
  • Literatura Estrangeira
  • Literatura Lusófona
  • Literatura Portuguesa
  • Não ficção
  • Sem categoria

Arquivo

  • Abril 2018
  • Março 2018
  • Fevereiro 2018
  • Janeiro 2018
  • Dezembro 2017
  • Novembro 2017
  • Outubro 2017
  • Setembro 2017
  • Agosto 2017
  • Julho 2017
  • Junho 2017
  • Maio 2017
  • Abril 2017
  • Março 2017
  • Fevereiro 2017
  • Janeiro 2017
  • Dezembro 2016
  • Novembro 2016
  • Outubro 2016

Etiquetas

Agustina Bessa-Luís Alfaguara A Lição de Anatomia Ana Teresa Pereira ASA Carlos Ruiz Zafón casa das Letras Choriro Colm Tóibín Daphne Du Maurier David Machado Dom Quixote Editorial Presença Elsinore Gabriel García Márquez Gradiva Guerra & Paz Haruki Murakami Hélia Correia Ian McEwan Isabel Allende Joanne Harris John Williams José Eduardo Agualusa João de Melo Juliet Marillier Kate Atkinson Kazuo Ishiguro Leya Lídia Jorge Margaret Atwood Meg Wolitzer Michael Cunningham Nuno Júdice Patrícia Reis Planeta Por este mundo acima Porto Editora Quetzal Relógio d'Água Rui Cardoso Martins Salman Rushdie Temas e Debates Umberto Eco Ungulani Ba Ka Khosa

 

© 2015 copyright PREMIUMCODING // All rights reserved // Privacy Policy
Brixton was made with love by Premiumcoding